O cristianismo primitivo, antes de sua institucionalização, cujo desenvolvimento começou a ocorrer no fim do século I E.C., é caracterizado como um movimento plural e diverso, sem hierarquia e sem unidade doutrinária. As comunidades cristãs estavam unidas pela crença na messianidade de Jesus – que foi injustamente morto, condenado à crucificação, e ressuscitou – e que esses acontecimentos haviam feito irromper o novo éon, a nova aliança de Deus com a humanidade. Apesar disso, havia muitas diferenças entre as crenças que eram compartilhadas pelas comunidades que residiam em diferentes localizações do Império Romano e que surgiram em diferentes momentos do primeiro século. Todas as comunidades cristãs primitivas eram judaicas, já que o próprio cristianismo era uma seita judaica na época, do mesmo modo todas elas estavam influenciadas pelo helenismo, que era a corrente cultural dominante naquele ambiente e naquele período. Entretanto, os diversos grupos cristãos diferenciavam-se, sobretudo, no que diz respeito à permanente adesão ao seguimento de certas tendências judaicas estritas, como a circuncisão, o regime alimentar, a segregação da mulher e a guarda do sábado. Nesse sentido, no Novo Testamento, os textos do apóstolo Paulo e do Apocalipse de João podem ser apresentados como polaridades. Por exemplo, de um lado, o apóstolo dos gentios insiste que os crentes em Cristo de origem pagã não devem se circuncidar e que, ao invés disso, já que os judaizantes estão tão apegados a essa tradição, eles é que deveriam “castrar-se”; de outro, o autor do apocalipse canônico trata as comunidades paulinas da Ásia Menor como “sinagogas de Satanás”. Ataques verbais de um grupo cristão contra outro foram frequentes e estão no cânon neotestamentário, mas a leitura religiosa ignora-os e tenta silenciá-los a ponto de atualmente só serem perceptíveis por meio de uma leitura especializada. Diante disso, propomo-nos a realizar uma análise da ocorrência da violência verbal entre as comunidades primitivas, no caso, delimitamos as cartas paulinas e o Apocalipse.
Comissão Organizadora
V CONACIR - 2021
Felipe de Queiroz Souto
Ernani Francisco dos Santos Neto
Rúbia Campos Guimarães Cruz
Giovanna Sarto
Danilo Mendes
André Yuri Gomes Abijaudi
Maria Angélica F. J. Martins
Comissão Científica