Os movimentos missionários da contemporaneidade são um fenômeno complexo, como pode ser visto pelas suas aproximações e embates com o Estado por um lado, e com os movimentos sociais por outro – especialmente o movimento indígena, desde a participação de missionários na colonização do país num primeiro momento ao apoio aos povos nativos em anos recentes por parte de organizações católicas como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Teologia da Libertação. Portanto, a partir de uma pesquisa autoetnográfica, o pesquisador, uma pessoa indígena, não-binária e gay que frequentou escolas missionárias e atuou como tal por uma igreja evangélica, pretende-se analisar as bases do movimento missionário de um modo geral, especialmente a partir de vertentes evangélicas, e os desdobramentos destas em seus discursos e práticas; bem como apresentar outros movimentos que se colocam como alternativos ao missionarismo protestante hegemônico. A autoetnografia – a “escrita de si” – é uma metodologia que critica a suposta neutralidade da ciência ocidental e permite que pessoas de grupos subalternizados “possam falar”, para usar a terminologia de Gayatri Spivak. Assim, a partir das experiências do próprio pesquisador, o movimento missionário evangélico contemporâneo será analisado em suas intersecções com o colonialismo, raça, gênero e sexualidade. Espera-se, portanto, demonstrar que a origem do missionarismo como ferramenta da colonização permanece viva em suas bases teológicas e epistemológicas e se desdobra em discursos e ações colonialistas, racistas, machistas, homofóbicas e transfóbicas.
Comissão Organizadora
V CONACIR - 2021
Felipe de Queiroz Souto
Ernani Francisco dos Santos Neto
Rúbia Campos Guimarães Cruz
Giovanna Sarto
Danilo Mendes
André Yuri Gomes Abijaudi
Maria Angélica F. J. Martins
Comissão Científica