A obra de Agostinho de Hipona, em toda a sua dimensão, trabalha temas valiosíssimos para a teologia, desde a patrística, nos primeiros séculos do cristianismo, até os dias atuais, considerando sua influência sobre a filosofia ocidental. Sendo assim, o presente trabalho, em uma tentativa de sondar parte de sua literatura, busca, como objetivo principal, explorar os conceitos de tempo e memória e sua relação, aos quais a obra Confissões reserva alguns livros, bem como compreender as implicações desses conceitos para as ideias de Amor, Vida Feliz e Eternidade.
Iniciando suas ponderações sobre o tempo, Agostinho trata das ideias de criação e criador. O tempo, enquanto criação, submete-se ao criador, e não poderia existir até ser, enfim, criado. Desse modo, o agir de Deus, o criador, não se define pelas mesmas contingências do agir humano: suas obras não podem ser contidas pelo tempo ou pelo espaço.
O tema do tempo se articula à questão da memória quando a tratamos enquanto habilidade da mente humana. A memória, segundo Agostinho, é capaz de duplicar a imagem dos objetos que captam a atenção dos sentidos, de forma que, mesmo não tendo o objeto em mãos, podemos nos lembrar dele. Com o armazenamento de imagens dos objetos e acontecimentos passados, a mente também se mostra capaz de criar ideias e expectativas para o futuro, por meio da recombinação das imagens guardadas.
O estudo desses temas abre espaço para a investigação do conceito de Vida Feliz, bem como da origem da alma humana e a possibilidade de memórias que guardamos desse período, ponderações essas importantes ao debate da filosofia através dos séculos.
Comissão Organizadora
V CONACIR - 2021
Felipe de Queiroz Souto
Ernani Francisco dos Santos Neto
Rúbia Campos Guimarães Cruz
Giovanna Sarto
Danilo Mendes
André Yuri Gomes Abijaudi
Maria Angélica F. J. Martins
Comissão Científica