O crescimento do extremismo religioso no Brasil, principalmente em tempos de pandemia, expôs a importância de se lutar por um estado laico. A esse respeito pensamos ser relevante retomar a relação de classe com o extremismo religioso. Em tal relação, à justificação moral do capitalismo passa a se articular a noção de bem-estar com o progresso material. Ao percebemos a combinação desses fatores simbólicos e materiais, compreendemos a universalização da economia capitalista bem como a total introjeção da ideologia neoliberal como principal instância reguladora e coordenadora das ações sociais do mundo de hoje. Nesse sentido, como consequência mais imediata em um mundo marcado pela violência, despojado de encantamento e valores éticos, há um número crescente de sujeitos a procurar as religiões ou seu substituto, o discurso pseudocientífico que combina crenças místicas com vocabulário emprestado das ciências. Como destacado por Rodrigo Nunes, o negacionismo precisa ser entendido sobre uma dupla chave: a da oferta e a da procura. Se por um lado há uma complexa rede de produção e distribuição de e materiais negacionistas que se utiliza da facilidade de difusão de informações trazida pelos novos meios de comunicação e da internet, por outro lado há uma grande demanda por explicações que de alguma forma reconfortem sujeitos que sentem os efeitos deletérios do capitalismo sem conseguir compreender de onde vem o seu mal-estar e muito menos como se organizar para combatê-lo. Os debates envolvendo a questão religiosa e seu papel na organização social não são recentes. Diversos autores já buscaram compreender este complexo fenômeno que envolve a relação entre religiosidade e sociedade. Sendo assim, o objetivo desse texto é discutir, a partir de uma ampla revisão bibliográfica, a importância da laicidade como forma de enfrentamento a movimentos conservadores no campo educacional, como por exemplo o Escola sem Partido e os argumentos referentes a “ideologia de gênero”. A proposta de valorizar a laicidade como forma de enfrentamento ao negacionismo científico é uma forma de defender a sociedade de argumentos religiosos extremistas que ferem princípios básicos de direitos humanos, como por exemplo a violência contra as mulheres, a população LGBTQIAP+ e pessoas racializadas.
Comissão Organizadora
V CONACIR - 2021
Felipe de Queiroz Souto
Ernani Francisco dos Santos Neto
Rúbia Campos Guimarães Cruz
Giovanna Sarto
Danilo Mendes
André Yuri Gomes Abijaudi
Maria Angélica F. J. Martins
Comissão Científica