Os métodos histórico-críticos, a despeito da contribuição que deram e ainda dão à pesquisa bíblica, têm suas limitações apontadas já há algumas décadas. Categorias como "intenção do autor" ou "do redator", bem como a expectativa de plena reconstrução do contexto histórico em que o texto foi redigido, vêm sendo questionadas. Contudo, comparar os textos bíblicos com seus contemporâneos, entendê-los em sua própria estrutura e reunir informações históricas plausíveis são ações importantes que podem ser somadas à análise narrativa na busca de uma compreensão mais profunda. A Narratologia, que tem como objeto de estudo a narração, preocupa-se com o ato da comunicação, com os efeitos da disposição do texto e da descrição dos personagens sobre o leitor, enquanto estratégia que o oriente no processo de recepção da mensagem. Mesmo textos historiográficos, as cartas paulinas e os evangelhos contêm elementos de ficcionalidade, a partir do momento em que seus autores escolhem, por exemplo, enfatizar ou reordenar os episódias narrados. Logo, pensar assim não significa tratar as informações do texto como falsas ou inventadas, algo fora do escopo dessa análise, mas pressupô-las como dispostas de uma forma que estruture a decifração de sentido pelo leitor. Afinal, a essência da narrativa é sempre a comunicação de uma experiência humana, com suas escolhas e demandas. Nossa comunicação propõe uma apresentação introdutória do tema, destacando referências bibliográficas importantes e apontando exemplos e campos de aplicação da análise narrativa à pesquisa bíblica.
Comissão Organizadora
V CONACIR - 2021
Felipe de Queiroz Souto
Ernani Francisco dos Santos Neto
Rúbia Campos Guimarães Cruz
Giovanna Sarto
Danilo Mendes
André Yuri Gomes Abijaudi
Maria Angélica F. J. Martins
Comissão Científica