Na antiguidade israelense, período em que se deu a escrita da Bíblia Hebraica, havia uma intenção de centralizar o poder político e social em Jerusalém, aqui denominado pan-israelismo, principalmente a partir da construção do templo, coração da vida religiosa. Dessa forma, a religião de Israel não somente legitimou as guerras para conquista da terra, como também atribuiu a responsabilidade pela invasão assíria ao Reino do Norte à suposta idolatria dos separatistas. Para a Obra Histórica Deuteronomista, principal fonte da Bíblia Hebraica que defende o pan-israelismo, a suposta salvação do Norte, entendida como arrependimento e volta à fidelidade para com Iavé, estaria na submissão ao Sul e ao Templo de Jerusalém. Nesse sentido, a presente comunicação tem como proposta apresentar a crítica do livro de Eclesiastes ao projeto unificador sulista em duas vertentes: a crítica à sabedoria tradicional e à monarquia. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, caracteriza-se o projeto pan-israelita da Bíblia Hebraica. Em seguida, apresenta-se o livro de Qohélet como uma nova perspectiva inserida no texto sagrado para se repensar o Divino. Finalmente expõe-se sua crítica à sabedoria tradicional - conhecida como a teologia da retribuição - e à monarquia, que abrem a possibilidade de uma nova análise dos textos canônicos, não mais como legitimadores de um domínio político conservador ou do uso da violência, mas como resultado de um processo histórico e social, cuja consequência é a impossibilidade de leituras fundamentalistas ou conflituosas.
Comissão Organizadora
V CONACIR - 2021
Felipe de Queiroz Souto
Ernani Francisco dos Santos Neto
Rúbia Campos Guimarães Cruz
Giovanna Sarto
Danilo Mendes
André Yuri Gomes Abijaudi
Maria Angélica F. J. Martins
Comissão Científica