As tradições religiosas asiáticas acabam por atrair o interesse e imaginário dos sujeitos “ocidentais”, que buscavam (e ainda buscam) analisar através de chaves de leitura ocidentalizadas as mais diferentes tradições e expressões culturais que ocorrem em países “orientais”.
As relações “diplomáticas” entre tradições religiosas, em especial as missões enviadas pela Igreja Católica, não eram novidade, e no séc. XVII qualquer outra religião que não Cristianismo, Judaísmo e Islamismo eram idolatria. Entretanto, ao se deparar com uma bagagem textual e cultural muito diversa, eram essas missões as responsáveis pela comunicação ao Vaticano, e a partir desse momento um processo de categorização do outro era realizada.
As missões que visitaram o Tibete colocavam a religiosidade budista como idolatria, como as realizadas por Bernard Picart, Francesco Maria da Tours, Domenico da Fano e Giovanni da Fano, todas ocorridas no séc. XVIII. Essas viagens “confirmaram” a visão que Marco Polo teve da religiosidade tibetana, no séc. XIII, de que era idolatria. E com isso foi cunhado o termo “lamaísmo” para designar a expressão religiosa tibetana.
Ao definir o outro como idólatra abre-se a possibilidade para colonizá-lo não apenas através da conquista militarizada, mas especialmente através dos processos de tradução, sob as lentes e agendas europeias.
O objetivo do presente é trazer à discussão como a noção de idolatria serviu de justificativa não apenas para tentar converter budistas em solo tibetano, mas também como base para uma outra forma de dominação: a que ocorreu através dos processos de tradução, principalmente ao traduzir bodhi (Tib. ??????) como iluminação.
Comissão Organizadora
V CONACIR - 2021
Felipe de Queiroz Souto
Ernani Francisco dos Santos Neto
Rúbia Campos Guimarães Cruz
Giovanna Sarto
Danilo Mendes
André Yuri Gomes Abijaudi
Maria Angélica F. J. Martins
Comissão Científica