Cristianismo, subjetividade e hermenêutica: uma contradição de Gianni Vattimo?

  • Autor
  • Felipe de Queiroz Souto
  • Resumo
  • O pensamento filosófico de Gianni Vattimo constitui-se por uma retomada da filosofia heideggeriana, mas também do cristianismo enquanto sua religião de pertença e como herança histórica. Ao construir uma filosofia cristã, leva Vattimo assume contradições tanto da perspectiva heideggeriana, quanto da perspectiva da teologia cristã. Nos interessamos aqui a pensar a primeira contradição que se configura pela interpretação de Vattimo acerca da subjetividade, termo que corriqueiramente é apresentada em seus textos como interioridade, devido a retomada do cristianismo em seu pensamento.  Por levar a cabo a leitura de Heidegger acerca da modernidade, Vattimo entende que essa é a época da história do ser na qual o paradigma da objetividade metafísica recebe sua maior força e estabelece seus maiores feitos. No entanto, contrariando aquilo que Heidegger articula em O tempo da imagem do mundo (1998) de que a objetividade se configura como uma circularidade junto à subjetividade, Vattimo coloca a subjetividade como eixo pelo qual a objetividade pode ser desarticulada. Assim, ele põe ênfase na necessidade de afirmação da subjetividade na época pós-moderna à medida em que ela aparece como uma motivação hermenêutica. Vattimo recupera do cristianismo a noção de interioridade e a articula com sua noção de sujeito hermenêutico. Parece que há, deste modo, um problema que compromete todo o pensamento de Vattimo e que pode trazer consequências que desmontam sua própria argumentação, já que a noção de interioridade cristã será importante para o filósofo articular sua hermenêutica e, até mesmo, sua filosofia política pelo princípio da caritas. Na tentativa de apresentar o problema, iremos abordar como a questão da subjetividade se articula com a objetividade partindo daquilo que Heidegger expõe, para então vermos a subjetividade enquanto a interioridade cristã resgatada por Vattimo em Depois da cristandade (2004) e Después de la muerte de Dios (2010). Por fim, nos apoiaremos na articulação que Vattimo faz entre sujeito e o Übermensch de Nietzsche, pela qual é possível encontrarmos uma resposta à questão apresentada, à medida em que ela pode se revelar mais como uma má apresentação, por parte de Vattimo, do conceito de subjetividade em suas obras de filosofia da religião.

     

  • Palavras-chave
  • Subjetividade, cristianismo, hermenêutica, objectivismo.
  • Área Temática
  • GT 9: Hermenêutica da Religião
Voltar
  • GT 1: Conservadorismo e modernidade: Discussões sobre o pensamento conservador, violência e direitos humanos
  • GT 2: Contemporaneidade (pós-modernidade) e espiritualidades
  • GT 3: Cristianismos das origens
  • GT 4: Decolonialidade, religião, direitos humanos e pós-secularismo
  • GT 5: Educação laica
  • GT 6: Ensino Religioso: diversidade e humanização
  • GT 7: Filosofia da Religião
  • GT 8: Gênero, outras interseccionalidades e cidadania na relação entre religião e espaço público na américa latina: desafios e interpelações na busca pela paz
  • GT 10: Interfaces da Religião no Espaço: Festas, Turismo Religioso e Patrimônio Cultural
  • GT 11: O catolicismo entre os direitos humanos e os direitos divinos
  • GT 12: Religião e cuidado: perspectivas protestantes e existenciais
  • GT 13: Religião e Cultura Visual
  • GT 14: Religião e violência
  • GT 15: Religião, arte e materialidades: novos desafios e possibilidades de estudos
  • GT 16: Religião, direitos humanos e violências: interseccionalidade como chave de leitura
  • GT 17: Religião, filosofia e ciência: interfaces e perspectivas
  • GT 18: Religiosidades afro-americanas: crenças, sincretismos, rituais e resistências
  • GT 19: Religiosidades, movimentos sociais e criação de horizontes possiveis
  • GT 20: Tradições e Religiões Asiáticas
  • GT 9: Hermenêutica da Religião
  • GT 1: Conservadorismo e modernidade: Discussões sobre o pensamento conservador, violência e direitos humanos
  • GT 2: Contemporaneidade (pós-modernidade) e espiritualidades
  • GT 3: Cristianismos das origens
  • GT 4: Decolonialidade, religião, direitos humanos e pós-secularismo
  • GT 6: Ensino Religioso: diversidade e humanização
  • GT 7: Filosofia da Religião
  • GT 8: Gênero, outras interseccionalidades e cidadania na relação entre religião e espaço público na américa latina: desafios e interpelações na busca pela paz
  • GT 9: Hermenêutica da Religião
  • GT 10: Entre Religião e o Espaço Público: Festas, Turismo Religioso e Patrimônio Cultural
  • GT 11: O catolicismo entre os direitos humanos e os direitos divinos
  • GT 13: Religião e Cultura Visual
  • GT 14: Religião e violência
  • GT 15: Religião, arte e materialidades: novos desafios e possibilidades de estudos
  • GT 18: Religiosidades afro-americanas: crenças, sincretismos, rituais e resistências
  • GT 19: Religiosidades, movimentos sociais e criação de horizontes possiveis
  • GT 20: Tradições e Religiões Asiáticas
  • GT 1: Conservadorismo e modernidade: Discussões sobre o pensamento conservador, violência e direitos humanos

Comissão Organizadora

V CONACIR - 2021
Felipe de Queiroz Souto
Ernani Francisco dos Santos Neto
Rúbia Campos Guimarães Cruz
Giovanna Sarto
Danilo Mendes
André Yuri Gomes Abijaudi
Maria Angélica F. J. Martins

Comissão Científica