O pensamento filosófico de Gianni Vattimo constitui-se por uma retomada da filosofia heideggeriana, mas também do cristianismo enquanto sua religião de pertença e como herança histórica. Ao construir uma filosofia cristã, leva Vattimo assume contradições tanto da perspectiva heideggeriana, quanto da perspectiva da teologia cristã. Nos interessamos aqui a pensar a primeira contradição que se configura pela interpretação de Vattimo acerca da subjetividade, termo que corriqueiramente é apresentada em seus textos como interioridade, devido a retomada do cristianismo em seu pensamento. Por levar a cabo a leitura de Heidegger acerca da modernidade, Vattimo entende que essa é a época da história do ser na qual o paradigma da objetividade metafísica recebe sua maior força e estabelece seus maiores feitos. No entanto, contrariando aquilo que Heidegger articula em O tempo da imagem do mundo (1998) de que a objetividade se configura como uma circularidade junto à subjetividade, Vattimo coloca a subjetividade como eixo pelo qual a objetividade pode ser desarticulada. Assim, ele põe ênfase na necessidade de afirmação da subjetividade na época pós-moderna à medida em que ela aparece como uma motivação hermenêutica. Vattimo recupera do cristianismo a noção de interioridade e a articula com sua noção de sujeito hermenêutico. Parece que há, deste modo, um problema que compromete todo o pensamento de Vattimo e que pode trazer consequências que desmontam sua própria argumentação, já que a noção de interioridade cristã será importante para o filósofo articular sua hermenêutica e, até mesmo, sua filosofia política pelo princípio da caritas. Na tentativa de apresentar o problema, iremos abordar como a questão da subjetividade se articula com a objetividade partindo daquilo que Heidegger expõe, para então vermos a subjetividade enquanto a interioridade cristã resgatada por Vattimo em Depois da cristandade (2004) e Después de la muerte de Dios (2010). Por fim, nos apoiaremos na articulação que Vattimo faz entre sujeito e o Übermensch de Nietzsche, pela qual é possível encontrarmos uma resposta à questão apresentada, à medida em que ela pode se revelar mais como uma má apresentação, por parte de Vattimo, do conceito de subjetividade em suas obras de filosofia da religião.
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V CONACIR - 2021
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