INTRODUÇÃO
A sub-representação feminina nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) ainda é um desafio global, especialmente em países lusófonos. Barreiras sociais, estereótipos de gênero e a falta de modelos de referência contribuem para o afastamento de meninas dessas áreas desde a educação básica. A divulgação científica, nesse contexto, surge como uma estratégia poderosa para despertar vocações, ampliar horizontes e contribuir para a equidade de gênero no meio científico e tecnológico. O projeto Engenheiras do Amanhã nasce nesse cenário como uma iniciativa que alia comunicação científica e formação cidadã para inspirar e preparar jovens meninas para carreiras em engenharia.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar os impactos do projeto Engenheiras do Amanhã na formação de meninas do ensino fundamental e médio, destacando o papel da divulgação científica como ferramenta de transformação social e estímulo à escolha profissional em áreas das Engenheiras e STEM.
A pesquisa utiliza o método qualitativo, com enfoque exploratório e descritivo, para investigar os fatores que influenciam a baixa participação de meninas nas ciências exatas e propor alternativas para reduzir a desigualdade de gênero na engenharia. O estudo foi desenvolvido em escolas públicas de Macaé e região, por meio de ações do projeto Engenheiras do Amanhã, como oficinas, rodas de conversa e entrevistas com alunas, professoras e convidadas. Os dados foram analisados segundo a técnica de análise de conteúdo de Bardin (2011), identificando categorias relacionadas ao interesse das estudantes por STEM, percepções de gênero na ciência e impactos das atividades do projeto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o início das atividades do projeto notou-se um aumento considerável do interesse das alunas participantes por carreiras relacionadas à STEM, principalmente à engenharia. A maioria das alunas desconsiderava a possibilidade de seguir nessas áreas antes de sua participação no projeto, em virtude da falta de modelos e inspirações femininas e da existência de estereótipos de gênero. Os resultados apontam para uma mudança na visão das alunas, que passaram a enxergar a engenharia como uma possibilidade de profissão. Esse efeito confirma os estudos que falam sobre a importância da representatividade feminina no ensino das ciências.
As atribuições realizadas também contribuíram para a desconstrução de estereótipos de gênero, possibilitando um aumento das oportunidades educacionais e profissionais. O conhecimento de profissionais femininas que serviram de inspiração foi essencial para a mudança de percepção das alunas, o que ressalta a importância das iniciativas que unem educação, equidade de gênero e políticas públicas de incentivo à diversidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto Engenheiras do Amanhã provou ser uma iniciativa que leva à mudanças significativas relacionadas à igualdade de gênero nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, através do aumento no interesse e do fortalecimento da figura feminina entre as alunas do ensino fundamental e médio. As atividades desenvolvidas pelo projeto ajudaram a desfazer os estereótipos de gênero, elevando a autoconfiança das participantes e ampliando seus horizontes profissionais.
Demonstrou-se que projetos educativos focados em gênero e representatividade são essenciais na transformação da desigualdade de gênero que existe nas áreas de ciência e engenharia, sendo fundamentais na inclusão, diversidade e justiça na sociedade.
Agradecimento ao apoio pelo financiamento: Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento do projeto e às instituições de ensino participantes pela colaboração e empenho na realização das atividades, em especial às parcerias: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) no Museu Espaçao Memorial Carlos Chagas Filho (EMCCF), e a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Campus Macaé - LENEP/LAMET.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BARDIN, L. (2011). Análise de Conteúdo. São Paulo: Edição 70.
BRITO, L.; MOURA, A. (2020). Meninas nas Ciências: desafios e possibilidades na educação básica. São Paulo: Editora Contexto.
SANTOS, B. S. (2018). A difícil democracia: reinventar as esquerdas. São Paulo: Boitempo.
UNESCO (2021). Cracking the code: Girls’ and women’s education in STEM. Paris: UNESCO Publishing.