DESINFORMAÇÃO E GERAÇÃO AUTOMÁTICA DE CONTEÚDO: A IA COMO FATOR DE RISCO NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

  • Autor
  • CRISTIANE MENEZES FERREIRA
  • Co-autores
  • FRANCISCO GILSON REBOUÇAS PÔRTO JUNIOR
  • Resumo
  • Nos últimos anos, a rápida incorporação da Inteligência Artificial (IA) em campos diversos da ciência e da tecnologia tem promovido avanços significativos, mas também levantado sérias preocupações quanto à sua transparência e ao potencial de uso indevido. Este estudo, por meio de uma revisão bibliográfica, analisa como sistemas baseados em IA, especialmente os modelos de linguagem (LLMs) e deepfakes, têm contribuído para a proliferação de desinformação na divulgação científica, afetando negativamente a credibilidade da ciência e confundindo tanto especialistas quanto o público geral. A metodologia empregada consistiu na análise de publicações indexadas entre 2017 e 2025, com foco em artigos que tratam da interseção entre IA e desinformação. O levantamento de evidências buscou identificar os mecanismos pelos quais ferramentas automatizadas contribuem para a veiculação de informações enganosas na esfera científica. Os resultados indicam que, embora a IA seja um instrumento potente para acelerar a produção de conhecimento, ela também oferece riscos consideráveis. LLMs são capazes de gerar textos com dados imprecisos ou fictícios, enquanto deepfakes científicos produzem imagens e vídeos manipulados com aparência realista, contribuindo para a disseminação de conteúdos fraudulentos. Nas redes sociais, esse tipo de material alcança ampla circulação, muitas vezes impulsionado por bots, e obtém níveis de engajamento comparáveis aos de publicações científicas autênticas. Outro fator agravante é o papel dos algoritmos de recomendação na criação de “câmaras de eco” e “bolhas de filtro”, que amplificam discursos negacionistas e bloqueiam fontes confiáveis. Isso gera um ambiente de incerteza informacional que alimenta o ceticismo do público em relação à ciência. A exposição contínua a informações contraditórias sobrecarrega os profissionais da divulgação científica, que precisam, além de comunicar, combater a desinformação e ensinar o público a identificar suas formas mais sofisticadas. Apesar desses desafios, o estudo destaca que a IA também pode ser utilizada de forma estratégica no combate à desinformação, especialmente em mecanismos de detecção de deepfakes e verificação de fatos. No entanto, essas ferramentas enfrentam limitações importantes, como vieses algorítmicos e vulnerabilidade a dados desatualizados, o que compromete sua eficácia frente ao ritmo acelerado da produção de conteúdos falsos. Diante desse cenário, o artigo conclui que é urgente estabelecer diretrizes claras para o uso responsável da IA, ampliar a educação midiática e científica da população, além de exigir mais transparência das plataformas digitais. A divulgação científica, fortalecida por essas medidas, deve ser um canal estratégico para assegurar o acesso a informações confiáveis em um mundo cada vez mais saturado por conteúdos manipulados.

  • Palavras-chave
  • Inteligência Artificial. Desinformação. Divulgação Científica.
  • Modalidade
  • Pôster
  • Área Temática
  • Divulgação científica
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