INTRODUÇÃO
A desigualdade de gênero na ciência é um desafio persistente, sobretudo nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), em que mulheres seguem sub-representadas. Estereótipos de gênero e a falta de representatividade influenciam consideravelmente as escolhas profissionais de mulheres desde a infância e os mecanismos que favorecem o ingresso, interesse e permanência feminina no meio acadêmico ainda são limitados. Nesse contexto, iniciativas de divulgação científica voltadas ao empoderamento feminino são fundamentais para ampliar o acesso, fortalecer o senso de pertencimento e estimular vocações científicas entre meninas. O projeto Meninas nas Ciências é uma ação extensionista desenvolvida pelo Departamento de Neurobiologia da UFF em parceria com a Fiocruz Bahia que busca enfrentar os desafios impostos pela desigualdade de gênero na ciência. Para isso, além da divulgação científica nas redes sociais, realiza visitas às escolas públicas, promovendo atividades lúdicas e educativas na busca de incentivar meninas a se reconhecerem como futuras cientistas e ocuparem, com protagonismo, os espaços acadêmicos e tecnológicos.
OBJETIVO
Promover o interesse de meninas pela ciência por meio de atividades educativas em escolas, destacando a presença e as contribuições de mulheres cientistas. A ação visa estimular reflexões sobre representatividade e diversidade, abordando marcadores sociais como raça, gênero, sexualidade e deficiência. Com isso, o projeto busca desconstruir estereótipos, fortalecer identidades e ampliar o senso de pertencimento em possíveis trajetórias científicas.
CONTEXTO
O projeto surgiu a partir da constatação de que, embora as mulheres sejam maioria no ensino superior, ainda enfrentam barreiras para inserção e permanência nas áreas científicas. Desde 2020, a equipe desenvolve ações de divulgação científica com foco em gênero, ciência e inclusão, com forte presença nas redes sociais, em escolas e eventos acadêmicos. A proposta se alinha aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de números 4 (educação de qualidade), 5 (igualdade de gênero) e 10 (redução das desigualdades).
DESCRIÇÃO
As atividades do projeto incluem:
– entrevistas com mulheres cientistas, publicadas em vídeo no YouTube e em áudio nas principais plataformas de streaming, valorizando a diversidade;
– produção de conteúdos informativos sobre mulheres nas ciências no Instagram;
– dinâmicas interativas em escolas, como o “painel instagramável”, o jogo “Adivinhe a cientista” e passatempos educativos com a temática de meninas nas ciências.
RESULTADOS
Até o momento, foram publicadas 95 entrevistas em vídeo com mais de 10.700 visualizações, além de mais de 4.500 reproduções no Spotify. O Instagram do projeto soma mais de 3.000 seguidores, majoritariamente mulheres jovens. As atividades em escolas têm gerado engajamento significativo, especialmente com as crianças e adolescentes que se reconhecem nas figuras apresentadas. As ações impactam diretamente na autoestima, senso de pertencimento e interesse pelas ciências.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto Meninas nas Ciências demonstra como a divulgação científica pode ser um instrumento de transformação social e educacional. Ao combater os estereótipos de gênero com estratégias acessíveis e engajadoras, o projeto contribui para a construção de uma ciência mais diversa e inclusiva desde as fases iniciais da formação escolar, entendendo que a promoção da diversidade no meio científico não representa apenas uma questão de justiça social, mas também um fator essencial para uma maior qualidade da produção científica.
Agradecimento ao apoio pelo financiamento: FOEXT UFF, FAPERJ.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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STANISCUASKI, F. et al. Bias against parents in science hits women harder. Humanities & Social Sciences Communications, v. 10, p. 201, 2023.
OLIVEIRA, L.; ROQUE, T. (org.). Mulheres na Ciência: o que mudou e o que ainda precisamos mudar. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2024.