O céu por outros sentidos: caminhos para uma mediação acessível e inclusiva
O museu, como espaço de educação não formal, se apresenta como um lugar de experiência e diálogo, promovendo o acesso ao conhecimento científico por meio da interdisciplinaridade.
Ao iniciar minha jornada como mediadora em museus e centros de ciências, a insegurança tornou-se minha companheira. Embora eu soubesse o significado de cada equipamento e como eles funcionavam, a hesitação originava-se da maneira como eu deveria tratar o público. Como dialogar com o visitante de maneira compreensível para conduzi-lo à reflexão sobre o tema exposto? A resposta para essa pergunta se mostrou com o tempo, à medida que eu conversava com os colegas e os observava no exercício de suas funções.
A confiança surgiu com a experiência cotidiana, até o momento em que me deparei com o público de pessoas com deficiência visual. Percebi que tinha muito a aprender. Diante disso, busquei conhecimentos sobre o assunto junto a pessoas cegas, com baixa visão e profissionais da área. Ao me aprofundar na complexidade e nos de safios propostos por esse tema, apropriei-me de novos referenciais que até então eram desconhecidos para mim, e, por fim, me reinventei.
Pensei em um guia para apoiar e ampliar a forma de mediação, especialmente para pessoas com deficiência visual. Ele sinaliza a relevância de dialogar sobre a atividade do planetário como instrumento educativo em museus de ciências, valorizando e respeitando as singularidades e interesses de cada público, de forma que todos possam participar equitativamente das atividades.
Esse produto educacional resultou de minha pesquisa no Mestrado Profissional em Ensino de Ciências do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), sob a orientação da Prof.ª Dra. Eline Deccache-Maia. O título da pesquisa é “Acessibilidade e inclusão: Divulgando a ciência em museus por meio do planetário para pessoas com deficiência visual”, onde analisamos a comunicação entre os museus de ciências do Rio de Janeiro e as pessoas com deficiência visual.
O material foi elaborado a partir de diálogos e atividades com mediadores, professores, estudantes de graduação em ciências biológicas e pessoas com deficiência visual. Assim, este trabalho evidencia a relação entre os museus de ciências e o público de pessoas com deficiência visual, articulando a educação formal e não for mal. O guia visa iluminar os mediadores e professores de ciências, tanto em museus e centros de ciências quanto em sala de aula, abordando a temática Terra e universo.
As atividades propostas são convites para observação, debate, interação e transformação. Considerando as diversas faces da educação, este trabalho busca acompanhar os mediadores e professo res, respeitando as diferenças de interesses entre os públicos e reconhecendo a importância dos espaços científicos culturais para a educação científica.