EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO SUS: AVALIAÇÃO DE UM MODELO TEÓRICO-PRÁTICO PARA CAPACITAÇÃO DE AGENTES MUNICIPAIS EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE

  • Autor
  • Clara M. Baraldo
  • Co-autores
  • Tíncia F. Rossi , Maria Thayane H. Vieira , Anna Clara C. G. Moreira , Claudio Mauricio V. de Souza
  • Resumo
  • INTRODUÇÃO

    De acordo com SINAN, são notificados a cada ano aproximadamente 1.000 acidentes causados por artrópodes peçonhentos no estado do Rio de Janeiro, e 4 mortes decorrentes. Entre os principais agentes etiológicos destacam-se escorpiões (Tityus sp.), aranhas (Latrodectus sp., Loxosceles sp. e Phoneutria sp.), abelhas (Apis mellifera) e lagartas (Lonomia sp.). Com maior incidência nas regiões Serrana, Médio Paraíba e Centro Sul. Esses agravos de saúde ocorrem devido ao contato acidental com as populações humanas, e podem provocar desde quadros clínicos leves até complicações graves que podem evoluir para os óbitos (Souza & Bochner, 2022). Nesse contexto, a capacitação dos profissionais de saúde do SUS atuantes nos municípios do estado é fundamental para o alinhamento às necessidades da população e aprimoramento das políticas de vigilância, prevenção e controle desses agravos (Alcântara et al.; 2025). Esse trabalho tem como objetivo avaliar um modelo teórico prático para capacitação de agentes de saúde responsáveis pela vigilância e controle de acidentes por artrópodes peçonhentos em municípios do Rio de Janeiro.

    METODOLOGIA

    A metodologia foi organizada em três eixos: 1- Planejamento teórico-metodológico de aulas sobre artrópodes peçonhentos; 2- aplicação de oficinas teórico-práticas sobre biologia, vigilância e controle de acidentes por artrópodes peçonhentos; 3- coleta e análise de dados sobre o perfil, experiências e contribuições dos participantes. Na etapa teórica, o planejamento das aulas enfatizou o tratamento dos envenenamentos; a bioecologia dos agentes etiológicos; legislação ambiental; prevenção e controle dos acidentes e a desinformação sobre esses animais. As práticas focaram a identificação dos artrópodes e seu manejo, EPI’s e materiais para coleta, segundo as boas práticas e a legislação em vigor. Para levantamento do perfil, impressões e contribuições dos participantes, utilizamos ferramentas de Inteligência Artificial para elaboração de questionário quanti-qualitativo estruturado por perguntas fechadas e abertas. Esse instrumento foi ajustado e convertido em formulário online e o link para respostas enviado aos participantes via e-mail. Os dados foram consolidados, analisados e expressos em gráficos.

     

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

    O ciclo de capacitações incluídos nessa pesquisa contou com a participação de 12 profissionais de cinco municípios: Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Rio das Flores e Rio de Janeiro. Oito respostas do formulário foram recebidas (75%) e analisadas, com os seguintes resultados: a idade dos participantes variou entre 30 e 53 anos, com a maior concentração na faixa entre 30 e 40 anos (62%), seguido pela faixa etária intermediária de 41 e 50 anos (25%) e 12% com idade de 53 anos. Entre as funções exercidas em seus municípios, quatro (50%) declararam-se como agentes de combate às endemias; dois (25%) como técnico em segurança do trabalho; um (12%) como médica veterinária; um (12%) como visitador sanitário. Cinco (62%) profissionais declararam possuir Ensino Superior completo, sendo dois (40%) na área de Direito; um (20%) de Engenharia Civil; um (20%) de Medicina Veterinária; um (20%) de Tecnologia de Segurança do Trabalho. De todos os participantes, 88% consideraram a organização e logística do evento como excelente e 12% como boa. Quanto ao conteúdo e a relevância dos tópicos abordados no curso, todos os participantes responderam que suas expectativas foram totalmente atendidas, além de avaliarem como relevantes para a melhoria do trabalho em relação à identificação, vigilância, prevenção e controle de acidentes por artrópodes peçonhentos em seus municípios. Em relação aos materiais didáticos utilizados pelos docentes serem úteis e de qualidade, sete (88%) dos participantes responderam que concordam totalmente com a afirmação, e um (12%) participante respondeu que concorda parcialmente, sem indicar quais aspectos devem ser melhorados. Por fim, a avaliação geral do curso de capacitação foi considerada excelente por 88% dos participantes e como boa por 12%.

     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Uma vez que o Rio de Janeiro apresenta aumento acelerado dos acidentes por artrópodes peçonhentos, o aprimoramento das políticas de saúde é fundamental, campo em que são imprescindíveis a educação continuada e qualificação dos profissionais de saúde. O modelo teórico-prático de ensino desenvolvido em parceria pelo Instituto Vital Brazil e SES-RJ promove a integração entre o conhecimento científico e a realidade vivenciada pelos profissionais de saúde nos territórios, com informações qualificadas para prevenção dos riscos à saúde da população. Nossos resultados indicam o impacto positivo desse modelo tanto pela receptividade e participação dos agentes municipais, quanto pela formação de redes de colaboração entre diferentes atores do SUS.

  • Palavras-chave
  • saúde pública, artrópodes peçonhentos, divulgação científica, educação continuada, estado do rio de janeiro.
  • Modalidade
  • Pôster
  • Área Temática
  • Divulgação científica
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