Introdução: Os cuidados com a saúde dos filhos bem como as atividades laborais formais e domésticas, ocasionam sobrecarga de atribuições femininas (UNFPA/Instituto PAPAI, 2007)[1]. Do ponto de vista social, tem sido defendido que os homens podem e devem ser envolvidos integralmente em tudo o que diz respeito à tomada de decisão reprodutiva, desde a escolha de ser pai à participação solidária na gestação, no parto, no cuidado e na educação das crianças. Desde a Conferência do Cairo de 1994, destaca-se a importância de ações para incentivar a construção igualitária entre homens e mulheres, voltadas para a construção de responsabilidades compartilhadas, baseadas no respeito, no estímulo ao envolvimento do homem nas ações de paternidade responsável, saúde sexual e reprodutiva e comprometimento nos cuidados com o lar e com os filhos. O Ministério da Saúde inseriu o eixo “Paternidade e Cuidado” na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem-PNAISH (Brasil,2009)[2]. Em 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde/PNS incluiu, pela primeira vez, informações específicas, sobre o tema cuidado paterno e constatou que apenas 20% dos pais foram incentivados a participar de palestras, rodas de conversas e/ou cursos sobre cuidados com o bebê (IBGE, 2021)[3]. Apesar de haver alguns avanços, ainda existem barreiras, institucionais e a legislação trabalhista ainda é insuficiente para garantir o acesso dos homens ao serviço de saúde (Costa & Taquette, 2017)[4]. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência sobre a realização de ações articuladas através de: ensino, pesquisa, extensão e procedência sobre o tema paternidade e cuidado. Contexto: Em 2017 foi aprovado o projeto de extensão “Pai presente”-projeto vinculado ao curso de Enfermagem de uma universidade no Estado do Rio de Janeiro (RJ)[5]. A partir da inserção do tema no Departamento de Enfermagem Materno-infantil, iniciaram-se os primeiros passos para o incentivo à participação do homem/pai durante a formação acadêmica dos estudantes de enfermagem. O desenvolvimento das atividades do projeto vinculados ao ensino teórico-prático da graduação e a realização de atividades extramuros, oriundas do projeto, trouxe como desdobramento a proposta “Paternidade em formação”, vinculado ao Programa de Incentivo à Docência na Graduação – PRODOCÊNCIA – (Edital nº 35/2021), o qual contribuiu diretamente para a formação de cinco bolsistas de Articulação Acadêmica. Nestes projetos, através das propostas pautadas em ciclos de debates temáticos e multiprofissionais, entre as atividades articuladas, e das discussões sobre o tema, surgiu a pesquisa “Paternidade e cuidado: acolhimento, acesso e inclusão do pai na Rede SUS” – Pesquisa desenvolvida com apoio financeiro (APQ1) da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro-FAPERJ, pelo Programa E_10/2024- Apoio às cientistas mães com vínculo em ICTS do Estado do Rio de Janeiro – 2024 (em andamento). Resultados: Esta experiência que trata do desenvolvimento de propostas articuladas evidencia que a indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão precisa ser planejada, de forma intencional, em médio e longo prazos, considerando-a disponibilidade de recursos (internos e externos), no contexto acadêmico. A referida articulação entre as ações contribuiu para: inserção do tema paternidade e cuidado no ensino de graduação, na pós-graduação lato senso (residência) no stricto sensu (doutorado e pós-doutorado) e teve como ponto de partida levar o tema paternidade e cuidado à sociedade, sobretudo no que se refere à inclusão do homem/pai no serviço de saúde da rede SUS. Considerações finais. A experiência possibilitou que os resultados fossem aplicados de forma prática, de modo que respondesse a proposta inicial. Contemplou a busca por conhecimento científico, retroalimentou o que foi observado através do ensino e da ações extensionistas, de forma empírica, porém, com contribuições e inquietações importantes. Pode-se considerar que, através da tríade, se constroem os saberes, que são conectados, tanto em termos de conteúdos teóricos, quanto de habilidades práticas. E, neste circuito de ações, a extensão foi o elemento central - Atendeu ao valoroso papel de entregar à sociedade a sua contribuição para a garantia dos direitos previstos na Constituição Federal, por meio das ações voltadas para a formação dos estudantes, para a sensibilização e a conscientização dos profissionais, fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade crítica e participativa, capaz de contribuir para a redução dos danos causados pelas diversas expressões de iniquidades sociais do nosso país.
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Referências Bibliográficas
[1] UNFPA e Instituto PAPAI. Homens também cuidam! Diálogos sobre direitos, saúde sexual e reprodutiva, paternidade e relações de cuidado. Recife: 2007.
[2] Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: Princípios e Diretrizes. Brasília, 2009.
[3] Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa- IBGE. Pesquisa nacional de saúde: 2019 : ciclos de vida : Brasil / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. - Rio de Janeiro : IBGE, 2021. 139p
[4] Costa S F; Taquette, SR. A. Atenção à gestante adolescente na rede SUS- o acolhimento do parceiro no pré-natal. Rev enferm UFPE on line. Recife, 11(Supl. 5):2067-74, maio., 2017.
[5]Santana AOM de, Paula CM, Ferreira LPS, Costa LSL, Costa SF da, Peres PLP. Projeto Pai Presente: a experiência extensionista na valorização do cuidado paterno . Glob Acad Nurs [Internet]. 17º de abril de 2022 [citado 30º de julho de 2025];3(1):e220. Disponível em: https://www.globalacademicnursing.com/index.php/globacadnurs/article/view/273
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