LIVRO DIDÁTICO DE CIÊNCIAS E AUSÊNCIA DE PESSOAS NEGRAS CIENTISTAS

  • Autor
  • Marinalva de Oliveira Maximo, - UEM - Maringá-PR
  • Co-autores
  • Teresa Kazuko Teruya - UEM - Maringá - PR
  • Resumo
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    LIVRO DIDÁTICO DE CIÊNCIAS E AUSÊNCIA DE  PESSOAS NEGRAS CIENTISTAS

     

    Marinalva de Oliveira Maximo, UEM-PR (doutoranda email: pg404303@uem.br

    Teresa Kazuko Teruya, UEM-PR (doutora em Educaçao) tkteruya@uem.br

     

    PALAVRAS-CHAVE: Livro didático de Ciências; Estudos Culturais; Relações étnico-raciais.  

    INTRODUÇÃO

    Neste trabalho procuramos as imagens dos corpos negros contemplados no livro didático de Ciências adotado no 8º ano do Ensino Fundamental, a fim de analisar as representações imagéticas das relações étnico-raciais presentes neste livro didático, na perspectiva Estudos Culturais. Embora a Lei 10.639/2003 represente um marco legal de luta pela igualdade racial, sua implementação nos livros didáticos de Ciências ainda é incipiente e inconsistente. A mera inclusão de imagens de pessoas negras não significa uma educação para descolonizar o currículo e a construção de uma educação antirracista.

     

     

    METODOLOGIA

    Investigamos se os conteúdos contemplados no livro didático de Ciências contribuem para a descolonização do currículo e para a promoção da equidade racial. Adotamos uma metodologia qualitativa e análise documental sobre a representação imagética e afrodiaspórica, utilizando uma abordagem semiótica e discursiva proposta por Stuart Hall.

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

     

    Os resultados evidenciam  que o livro didático selecionado para esta análise, não atende à Lei nº 10.639/2003, pois nos conteúdos sobre a história e cultura afro-brasileira predominam ainda a visão eurocêntrica. Na Contemporaneidade o racismo ambiental se institucionaliza no Brasil, com a instalação de empreendimentos poluentes em áreas habitadas por populações negras e indígenas, sem a devida consulta prévia e informada. (Carneiro, 2017; Ribeiro, 2017). As mudanças climáticas ampliaram as desigualdades socioambientais, tornando as comunidades negras e indígenas mais vulneráveis a eventos climáticos extremos e seus impactos. (Silva, 2019). A luta por justiça ambiental se intensificou com a mobilização de comunidades negras e indígenas contra o racismo ambiental e pela construção de um modelo de desenvolvimento mais justo e sustentável. (Nascimento, 2013; Carneiro, 2017; Ribeiro, 2017). No livro didático, percebemos que as pessoas negras são subrepresentadas e estereotipadas. Ao realizar uma análise cultural das imagens no livro didático “Ciências – Araribá” do 8º ano, do estado do Paraná, notamos  a ausência de mulheres e de pessoas negras nas imagens, reforçando a ideia de que a Ciência é um espaço homogêneo e masculino, excluindo outras identidades e experiências.  A invisibilidade de mulheres cientistas contribui para desmotivar meninas e mulheres em ingressar nas carreiras científicas, sobretudo de pessoas negras neste espaço. A capa do livro didático, por exemplo, a  imagem do astronauta em solo lunar remete à ideia da Ciência como conquista masculina. A análise das representações imagéticas no livro didático, sobre as identidades étnico-raciais no processo de ensino e aprendizagem, evidencia um panorama complexo e multifacetado, permeado por padrões, estereótipos e impactos que moldam a formação de crianças e jovens. As imagens frequentemente retratam a branquitude como norma, reforçando a invisibilidade de outros grupos étnicos e, contribuindo para perpetuar a hegemonia cultural eurocêntrica. Essa centralidade da branquitude marginaliza e desvaloriza as identidades e culturas afro-brasileiras, indígenas entre outros grupos minoritários.

     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Consideramos necessário adotar um currículo cultural de descolonização do Ensino de Ciências que exige uma análise cultural, interseccional e antirracista, não uma mera inclusão de imagens dos corpos negros descontextualizados. Ao caracterizar os grupos étnicos com base nos  estereótipos,  associando e representando os corpos  negros, imageticamente, em lugares de inferiorização social. Essas imagens reforçam os preconceitos e as discriminações, impedindo o reconhecimento da riqueza e da complexidade das diferentes identidades étnico-raciais, uma vez que essa estereotipificação limita a compreensão da diversidade cultural. Portanto, a diversificação das imagens de diferentes pessoas e a promoção da reflexão sobre a cultura do outro significa uma ação transformadora no processo de ensino e aprendizagem  de Ciências.

     

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    Carneiro, Sueli. Racismo Estrutural e Saúde da Mulher Negra. São Paulo: Editora Letramento, 2017.

    FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Rio de Janeiro: Fator, 1984.

    FOUCAULT, Michael. A ordem do discurso. Trad. de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, 1999.

    FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1993.

    GONZALEZ, Lélia. O Racismo e o Sexismo na Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2011.

    HALL, Stuart. Cultura e representação. Tradução de Daniel Miranda e Willian Oliveira. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2016.

    RIBEIRO, Djamila. Lugar de Fala. São Paulo: Editora Letramento, 2017.

    SILVA, Edimilson de Morais. Racismo Ambiental: Uma Abordagem Histórica e Conceitual. Revista Brasileira de Direito Ambiental, v. 24, n. 102, p. 133-159, 2019.

    NASCIMENTO, Abdias do. Saúde da População Negra no Brasil: Desigualdades Raciais e o SUS. Rio de Janeiro: Pallas, 2013.

     

  • Palavras-chave
  • Livro didático de Ciências; Estudos Culturais; Relações étnico-raciais.
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  • Área Temática
  • Divulgação científica
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