O trabalho de campo é uma ferramenta pedagógica e metodológica insubstituível na formação em geociências (ALENTEJANO; ROCHA-LEÃO, 2020). Ele representa o momento em que o conhecimento abstrato, adquirido em sala de aula, ganha vida. Além da dimensão técnica, o campo promove também um certo amadurecimento humano, ao exigir trabalho em equipe e ao proporcionar o encontro com realidades sociais e culturais distintas. Contudo, essa atividade crucial muitas vezes permanece restrita à universidade. Desse modo, este trabalho relata a experiência de criação do projeto de extensão "UFRJ em Campo", coordenado pelas professoras Letícia Parente Ribeiro e Rebeca Steiman. A iniciativa busca compartilhar com um público mais amplo como os trabalhos de campo podem servir como uma ótima forma de divulgação científica ao mostrar a importância, os desafios e as descobertas das atividades, utilizando a fotografia como principal veículo de comunicação e divulgação.
Descrever a concepção e execução de uma exposição fotográfica como ferramenta para divulgar e valorizar o trabalho de campo na formação dos alunos das geociências. A experiência visa compartilhar as vivências de estudantes durante uma expedição acadêmica, humanizando o processo científico e destacando a relevância dessas atividades para a formação crítica e técnica dos futuros profissionais.
O projeto foi desenvolvido no âmbito das atividades de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a partir da experiência da turma da disciplina de Paleogeografia, em 2025, em um trabalho de campo realizado majoritariamente na Bacia do Araripe, localizada na região do Cariri, Ceará. Esta área é mundialmente conhecida por seu registro fóssil do período Cretáceo (NOGUEIRA et al., 2012). O roteiro da viagem foi desenhado para que os estudantes pudessem percorrer as principais formações geológicas da bacia, visitando importantes sítios fossilíferos. Além disso, o campo passou também pelo Memorial de Canudos, em Euclides da Cunha, Bahia, e na Bacia de Sousa, Paraíba. Sendo assim, a experiência das atividades de campo, intensa tanto em aprendizado técnico quanto em vivência coletiva, motivou a criação de um projeto que pudesse comunicar essa riqueza para a comunidade acadêmica e a sociedade em geral.
A principal ação do projeto foi a montagem de uma exposição fotográfica. O processo envolveu a curadoria de imagens capturadas pelos próprios estudantes e professores durante a expedição. As fotografias foram selecionadas para construir uma narrativa visual que vai além do registro de paisagens, retratando também o esforço coletivo, os desafios logísticos, os métodos de análise em campo e os momentos de descoberta. Cada fotografia foi acompanhada de uma legenda que contextualiza a cena, seja do ponto de vista científico ou da perspectiva da vivência, tornando a experiência acadêmica acessível e compreensível para um público não especializado.
O projeto teve início com a aplicação de um formulário via Google Forms para a coleta de fotografias, método que permitiu uma ampla participação de estudantes e docentes. Após a submissão, foi realizada uma curadoria para selecionar as imagens que melhor apresentavam as diversas etapas do trabalho de campo. Como produto principal, espera-se que sejam impressas as 60 fotografias, que foram selecionadas pela curadoria, em formato A3. A ideia inicial é de utilizar uma estética que seja acessível e de baixo custo, com as imagens sendo expostas amarradas em barbantes, ocupando espaços de grande circulação, como o corredor principal e a praça da terra do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, com um banner na entrada do prédio para divulgação. A exposição será contemplada também por mesas-redondas, com o objetivo de realizar debates e troca de experiências sobre a importância do campo na formação discente e também como uma forma de divulgação da ciência.
Sendo assim, espera-se que a exposição de fotografias sobre o campo de Paleogeografia evidencie a importância do trabalho de campo como ferramenta pedagógica na formação docente e na divulgação científica. Portanto, é fundamental promover a ampla divulgação e o entendimento dessa prática, não poupando esforços para garantir a realização das atividades de campo, essenciais para a construção do conhecimento.