A divulgação científica para o público infantil tem como objetivos auxiliar na construção de um olhar atento e curioso para o mundo, sendo um instrumento útil na consolidação de uma cultura científica na sociedade. A curiosidade natural das crianças as torna mais receptivas à ciência, o que as leva a desenvolver habilidades essenciais de questionamento, reflexão e análise. Quando direcionada às crianças, a popularização da ciência pode estimular e atrair a atenção para temas relevantes. Para tanto é necessário o emprego de linguagem acessível e condizente com a faixa etária, utilizando recursos multissensoriais atrativos, de forma lúdica, interativa e inclusiva. É neste sentido que abordamos o conteúdo referente à Parasitologia e à educação em saúde no projeto Parasitologia Tátil, buscando o contexto da educação inclusiva.
Tendo em vista a importante necessidade de trazer a educação inclusiva ao ensino superior, foi criado o projeto Parasitologia Tátil na Universidade Federal Fluminense, iniciando com a produção de um kit didático tátil para estudo da Parasitologia voltado a pessoas com deficiência visual (MATTOS et al. 2022; MATTOS et al. 2023). Com o andamento do projeto e a compreensão de sua importância, foram criadas diferentes oficinas, voltadas ao compartilhamento de experiências e ao envolvimento de toda a comunidade na pauta da educação inclusiva, proporcionando espaços de troca e construção de novos saberes. Desta forma, o presente resumo tem por objetivo relatar nossas experiências durante a elaboração e aplicação de uma das oficinas do projeto para crianças, de modo divertido e acessível.
O presente relato descreve a criação e aplicação de duas oficinas lúdicas e multissensoriais voltadas ao público infantil (7 a 10 anos), desenvolvidas por professoras e alunos extensionistas do projeto Parasitologia Tátil, em Niterói/RJ, entre junho e julho de 2025. As atividades tiveram duração média de 90 minutos e foram planejadas com ênfase na acessibilidade e na educação inclusiva.
A primeira oficina ocorreu no Instituto Biomédico da UFF e recebeu estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental de uma escola particular de Niterói (N= 48; divididos em 3 grupos). A programação incluiu uma abordagem educativa sobre a história da Parasitologia, as principais parasitoses da região e medidas preventivas. Foram apresentados materiais acessíveis do projeto (modelos táteis, recursos com emprego de legendas em Braille, audiodescrição), permitindo a experimentação multissensorial. Ao final, as crianças confeccionaram esquemas de parasitos usando tintas e texturas diversas.
A segunda oficina aconteceu na Casa da Descoberta/UFF, com crianças inscritas na Colônia de Férias (N= 54; divididos em 3 grupos). Considerando a diversidade do grupo, a atividade foi adaptada para um formato de gincana educativa: os participantes exploraram mini cenários temáticos (representando praça, casa, alimentos, fazenda) em busca de cartões com imagens de parasitos e outros organismos microscópicos. Cada cenário abordava hábitos cotidianos relacionados à transmissão parasitária. Ao término, os participantes criaram representações em relevo do parasito que mais despertou seu interesse, utilizando materiais variados como barbante, cola e papel.
As oficinas apresentaram resultados positivos, com destaque para o engajamento das crianças e a efetiva compreensão dos conteúdos, favorecida pelo uso de recursos lúdicos e multissensoriais. A participação ativa foi evidente tanto nas interações ao longo das atividades quanto na produção dos materiais ao final das oficinas. Na segunda ação, o sucesso na identificação correta dos parasitos durante a gincana indicou apropriação do conhecimento de forma significativa e divertida. Em ambas as oficinas, os participantes demonstraram curiosidade, fizeram perguntas, compartilharam experiências pessoais e conseguiram representar de modo multissensorial os conteúdos trabalhados.
Não foram identificadas dificuldades ou resistência às propostas. Dessa forma, as oficinas demonstraram-se eficientes na divulgação da Parasitologia e na valorização de práticas pedagógicas inclusivas, reforçando o potencial dos recursos acessíveis na mediação do conhecimento científico com o público infantil.
Agradecimento à PROEX-UFF pelo apoio financeiro na forma de bolsa estudantil.