A situação de rua no Brasil, especialmente acentuado no período pós-pandemia de COVID-19, tem evidenciado as profundas desigualdades sociais e as barreiras existentes no acesso a direitos fundamentais, entre eles o direito à saúde. A proposta central é identificar os elementos que configuram o acesso e as barreiras enfrentadas pela população em situação de rua, considerando os arranjos locais construídos por diferentes atores. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, descritiva e participativa, com inspiração em referenciais interdisciplinares. A principal ferramenta utilizada para a produção dos dados é o diário de campo. Nos primeiros resultados, o episódio do diário, revela a ambivalência de certos arranjos institucionais, fora do âmbito da saúde, que, ao mesmo tempo em que se colocam como dispositivos de acesso, operam como barreiras simbólicas, burocráticas e materiais. O estudo aponta, ainda, que há um paradoxo importante no modo como os serviços públicos, que operam não são apenas de forma operacional ou administrativa. Elas também se manifestam de maneira simbólica e cultural, por meio de práticas discriminatórias, estigmas e preconceitos.