DEMOCRACIA E DIREITO À INFORMAÇÃO FIDEDIGNA, SE NE QUA NON.
Felipe Xavier Neto, Doutorando no Programa de Pós Graduação em Ciências, Tecnologias e Inclusão - PGCTin – UFF; E-mail: felipexavierneto@gmail.com
Symone Mesquita de Olivera, Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Ciências, Tecnologias e Inclusão - PGCTin – UFF; E-mail: symonemesquita@hotmail.com
Renata Aglai, Presidente do Instituto Teatro Novo. E-mail: renataaglai@gmail.com
Leonardo Giordano, Secretário Municipal das Culturas de Niterói.
E-mail: leonardogiordano@gmail.com
Luiz Antonio Botelho Andrade, Doutor em Imunologia, Departamento de Imunobiologia da UFF, Membro do PGCTIn.E-mail: labauff@yahoo.com.br
PALAVRAS-CHAVE: 3 a 5 palavras-chave -
Democracia; Direito à informação; Desinformação; Negacionismo, Manipulação.
INTRODUÇÃO
Este artigo problematiza uma das questões mais candentes da contemporaneidade, a desinformação profissional, realizada por grupos retrógrados e oportunistas, posto que ela afeta, negativamente, um dos principais pilares da democracia – o direito à informação. A relação de interdependência entre o direito à plena circulação de informações fidedignas e a democracia é tão essencial na sociedade contemporânea que já não se pode mais falar em liberdade e igualdade sem a garantia do referido direito.
A desinformação, enquanto fenômeno mais geral, pode assumir diferentes nuances e, assim, ser classificada em categorias distintas tais como: informação incorreta, desinformação e má-informação. Ainda que os limites entre elas não sejam muito claros, é possível diferenciá-las. Distingue-se a informação incorreta pela presença de vieses cognitivos enquanto a desinformação é caracterizada por conteúdos deliberadamente falsos, tais como as fake news. Ainda que a má-informação possa ter sua base ancorada na realidade, ela é intencionalmente utilizada para causar prejuízos à imagem de outrem ou de grupo. Assim, enquanto os dois primeiros conceitos estão mais associados à manipulação do público para temas gerais, no sentido de manipular opiniões sobre fenômenos e enredos fenomênicos, o conceito de má-informação está mais relacionado aos ataques pessoais, com vistas a minar a credibilidade de pessoas ou de grupos (SANTOS-D’AMORIM & MIRANDA, 2021; SOUZA, D. M. 2024).
A disseminação de desinformação na era digital é amplificada por múltiplos fatores interconectados. Em primeiro lugar, os algoritmos das redes sociais, ao priorizarem o engajamento, amplificam conteúdos sensacionalistas e polarizadores, criando bolhas de informação que isolam os usuários em ecossistemas de realidades alternativas. Essa dinâmica é agravada pela crise de confiança nas instituições e na própria ciência, provocada por campanhas negacionistas e pela complexidade inerente ao discurso científico, considerado denso e hermético para os não iniciados. Ainda que o embate seja desigual, considerando o poderio de grandes grupos econômicos que controlam as plataformas, uma forma de resistir é ampliar o investimento em divulgação científica com vistas à combater a desinformação, o simulacro e todo tipo de manipulação. Silva e colaboradores (2024) vai além ao afirmar que a grande questão da divulgação cientifica não se limita às questões de linguagem, letramento ou difusão mas, sobretudo, “com quem ela se irmana nas lutas que a historia impõe, ou seja, ser capaz de responder a questão, divulgação científica para quem te quero?”. Esta pergunta é tao importante e oportuna que ela se transformou na principal pergunta do III Congresso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para enfrentar a desinformação sistêmica e, com isso, proteger a democracia , são necessárias medidas articuladas como a regulação transparente das plataformas digitais, ações judiciais ágeis, fortalecimento da educação científica e midiática e um forte investimento em divulgação científica. O Labaciências vem trabalhando, há vários anos, com divulgação científica em uma perspectiva inclusiva, priorizando populações em vulnerabilidade social, pessoas com diversidade funcional e a juventude escolar em vários níveis educacionais, incluindo aquelas residentes em territórios negligenciados.
SANTOS-D’AMORIM, K. & MIRANDA, M. F. O. Informação incorreta, desinformação e má informação: Esclarecendo definições e exemplos em tempos de desinfodemia. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, [S.l.], v. 26, p. 01–23, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/76900. Acesso em: 16 fev. 2025.
SILVA, E. P.; ARCANJO, F.G.; ALVES, S.C.A.; DUARTE, M. R. & NICOLA, L.R.M. Divulgação Científica para quem te quero? LavraPalavra, setembro de 2024, acessível em https://lavrapalavra.com/2024/09/29/divulgacao-cientifica-para-quem-te-quero/.
SOUZA, J.; SILVA, M. M.; BRAZA, R. M. M. A era da desinformação e a importância da oferta de educação midiática para pessoas idosas. In: PÔRTO JR, G; ANDRADE, L. A. B.; SOUZA, D. M. (org.) Ensino, Comunicação e Desinformação: vol. 2 – (Des)construindo conceitos. Palmas, TO: Observatório Edições, 2024.