As empresas brasileiras enfrentam um ambiente com diversas restrições quanto ao acesso a fontes de financiamento para seus ativos, e isso traz grande peso para as suas decisões de estrutura de capital. A literatura de finanças corporativa apresenta um longo debate sobre a forma como as estratégias para a estrutura de capital impactam a rentabilidade e valor das empresas. Diante das discussões teóricas, vários autores têm realizado testes empíricos pelo mundo na busca de descrever a relação destas variáveis. Dentro destes trabalhos, podem ser encontrados resultados que apontam para uma relação linear (positiva ou negativa), e também resultados que destacam a ocorrência de uma relação não linear, na qual configura a existência de um nível de dívidas ótimo para as empresas, que pelo equilíbrio dos custos e benefícios do endividamento leva a empresa a obter uma maior rentabilidade. Levando em conta as discussões teóricas e empíricas, este trabalho teve o objetivo de verificar a existência do ponto ótimo de endividamento para uma amostra de 324 empresas brasileiras de capital aberto. Foram abordadas informações trimestrais do período entre 2011 e 2019 e aplicado o método de regressão quadrática com dados em painel. Os resultados foram estatisticamente e economicamente significantes, e apontaram uma relação não linear em “U” invertido para a rentabilidade (representada pelo indicador de Retorno Sobre o Patrimônio Líquido) e o endividamento (representado pelo percentual das dívidas totais perante o ativo total), desta maneira, indicado que os gestores podem alcançar uma maior rentabilidade por meio do nível ótimo de endividamento da firma.
Comissão Científica
Manolita Correia Lima (ESPM)
Marcelo Rocha e Silva Zorovich (ESPM)
Fabiano Rodrigues (ESPM)
Maria Carolina Conejero (FEI)