Após 4 anos do colapso da barragem de Fundão, os Atingidos ainda encontram-se em estado de recuperação de suas formas de vida, já que nenhum reassentamento foi concluído e árduas ainda são as batalhas na justiça para a concretização do processo de indenização. Há muitas famílias que ainda lutam para serem reconhecidas como atingidas (eram 250 em 2018) e, para aquelas que já foram, há uma longa jornada legal sendo trilhada. Ter sua vida marcada pelo rejeito da Samarco gera uma consequência muitas vezes obscurecida pela luta judicial: a expropriação dos sujeitos de sua forma de vida natural. Dizem eles: “vivemos uma vida imposta!” e essa vida lança-os em uma esfera objetiva e sensível alheia aos seus desejos ou mesmo capitais econômico e cultural. Buscando compreender como a Matriz de Danos contribui para a construção de novos modos de vida dos atingidos pela queda da barragem de Fundão, propõe-se essa pesquisa cuja hipótese é que o sentido contido nas medidas indenizatórias estabelece uma nova forma de barbárie (Adorno & Horkheimer, [1944] 1985). A metodologia será baseada nas diretrizes da pesquisa social empírica, com base na Teoria Crítica frankfurtiana, com o uso da constelação de ideias e expressão. Serão analisados documentos oficias sobre o processo de indenização e ações de intervenção com os Atingidos. A escolha pela análise deste processo se dá por acreditar-se que ele representa o ponto máximo da racionalidade instrumental, que a tudo precifica, reduzindo toda a queda da barragem a um equivalente monetário, além de dizer o que é ou não passível de valoração monetária, dando assim, legitimidade a determinadas formas de vida e de sensibilidade, ao mesmo tempo em que deslegitima outras tantas. Há, portanto, nesta pesquisa, uma tarefa moral a ser cumprida.
Comissão Científica
Manolita Correia Lima (ESPM)
Marcelo Rocha e Silva Zorovich (ESPM)
Fabiano Rodrigues (ESPM)
Maria Carolina Conejero (FEI)