Este estudo tem como objetivo investigar de que maneira o ordenamento jurídico brasileiro da Primeira República lidou com a excepcionalidade política, tendo como exemplo a Reforma Constitucional de 1926, implementada sob estado de sítio no governo de Artur Bernardes. Originalmente concebido na Constituição de 1891 como um estado de exceção em face de sérias ameaças à segurança e à ordem pública, o estado de sítio tornou-se regra no período de Artur Bernardes, em meio às revoltas tenentistas dos anos 1920. Após tensões entre os poderes, a Reforma oficializou limitações aos meios judiciais de proteção dos direitos individuais, como o habeas corpus, e de controle sobre os excessos praticados por outros poderes, restringindo a intervenção jurídica sobre atos realizados durante o estado de sítio.
A questão central é entender como o Direito, em momentos de instabilidade institucional e autoritarismo, funciona como um sistema independente capaz de transformar conflitos externos em formas jurídicas aceitáveis, emitindo um julgamento por meio da separação entre legal e ilegal. Busca-se analisar a Reforma de 1926 sob a perspectiva da teoria dos sistemas sociais de Niklas Luhmann, entendendo o papel da Constituição como um acoplamento estrutural entre os sistemas da política e do direito. A premissa é que, em um cenário de pouca representatividade política e desconfiança no governo — uma situação de baixa legitimidade do poder governamental —, o Direito foi responsável por remodelar práticas repressivas e validá-las perante a sociedade segundo suas próprias regras, em vez de realmente limitar as arbitrariedades governamentais.
Em termos de metodologia, utiliza-se uma abordagem teórico-interpretativa, baseada na análise histórico-institucional da Reforma, examinada à luz da teoria de Luhmann. Avalia-se como conceitos politicamente dúbios, como “ordem pública” e “segurança nacional”, foram redefinidos como bases técnicas para repressões legais.
Coordenadores dos Grupos de Trabalho
GT 01 - Inovações institucionais, democracia e desenvolvimento: interfaces entre sociologia jurídica, política e econômica | Lucas Fucci Amato (USP), Carlos Sávio Gomes Teixeira (UFF), Gustavo Dalpupo de Lara (USP), Paulo Roberto dos Santos Corval (UFF), Tiago Medeiros Araújo (IFBA) |
GT 02 - Sistemas Sociais, Desigualdades e Decisão | Guilherme de Azevedo (Unisinos), Roberto Dutra Torres Junior (UENF), Artur Stamford da Silva (UFPE) |
GT 03 - Patriarcado, Gênero e Direito | Tainah Simões Sales Thiago (FGV-Rio), Ana Cecília Bezerra de Aguiar (Unifor) |
GT 04 - Poder Judiciário, Políticas Públicas e Profissões Jurídicas | Joaquim Leonel de Rezende Alvim (UFF), Andrea Catalina León Amaya (UFF), Alexandre de Oliveira Alcântara (ESMP/CE) |
GT 05 - Interfaces entre o cárcere e os sistemas regulatórios no Brasil | Francisco das Chagas Sampaio Medina (Unifor), Paulo Roberto Meyer Pinheiro (Unifor) |
GT 06 - Ciclo da Vida, Cuidado e Justiça Geracional: infância e velhice no foco da Sociologia Jurídica | Mariana López Matias (Unifor), Márcia Maria Tavares Machado (UFC), Danyelle Nilin Gonçalves (UFC) |
GT 07 - Experiências de prevenção de conflitos urbanos | Cristina Maria Zackseski (UnB), Renata Cristina do Nascimento Antão (UFRJ), Geórgia Oliveira Araújo (URCA/UnB) |
GT 08 - Pós-colonialismo, novas tecnologias, sociedade e direito na América Latina |
João Paulo Allain Teixeira (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco / UNICAP - Universidade Federal de Pernambuco), Thaís Janaína Wenczenovicz (UNOESC - Universidade do Oeste de Santa Catarina), Willaine Araújo Silva (Faculdade Estácio Alagoas) |
GT 09 - Direito e Democracia | Daniel Rocha Chaves (Faculdade Via Sapiens / Faculdade Ibiapaba), Pedro Henrique Goncalves de Oliveira Ribeiro (Universidad de Monterrey), Vitor Galvão Fraga (UnB) |
GT 10 - Sociologia do Direito e Decolonialidade: Saberes, Poderes e Práticas na Desconstrução do Direito Hegemônico | Cassiano dos Santos Dourado de Toledo Ribas (Universidade de São Paulo), Guilherme Roman Borges (Universidade Católica de Brasília), Isabel Penido de Campos Machado (Universidade Católica de Brasília) |
GT 11 - Direitos Humanos e políticas públicas | Gustavo César Machado Cabral (Universidade Federal do Ceará), Beatriz Rego Xavier (Universidade Federal do Ceará), Ana Paula Araújo de Holanda (UNIFOR), David Oliveira (UFC) |
GT 12 - Polarização política, direitos e desafios democráticos no Brasil contemporâneo | Julia Mattei de Oliveira Maciel (Universidade de Fortaleza), Cristiano de Aguiar Portela Moita (FU Berlin - Universidade Livre de Berlim) |
GT 13 - Direito e Literatura: que lições jurídicas aprendemos a partir da ficção? | Marcio Cunha Filho (IDP), Adriana Santos Imbrosio (UFRJ) |
GT 14 - Corpos e Normas: Gênero, sociologia e regulação penal | Ana Clara Montenegro Fonseca (Universidade Federal da Paraíba), Michele Barbosa Agnoleti (Universidade Federal da Paraíba), Amilson Albuquerque Limeira Filho (Universidade Federal da Paraíba) |
GT 15 - Distopia jurisdicional, processo eletrônico e inteligência artificial no contexto de vulnerabilidade e hipossuficiência. Protocolos antidiscriminatórios do CNJ no contexto de raça e gênero. | Clarisse Ines de Oliveira (Universidade Federal Fluminense - UFF), Patricia Garcia dos Santos (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ) |
GT 16 - Federalismo, Desigualdades e Poder no Brasil: abordagens sociopolíticas dos fenômenos federativos | Leonam Liziero (UEPB), Marcelo Labanca Corrêa de Araújo (UNICAP) |
GT 17 - Conflitos sociais, ambientais e do trabalho: pesquisas interdisciplinares |
Cora Hisae Hagino (Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da UFF), Emmanuel Oguri Freitas (Programa de Pós-graduação em Planejamento Territorial da Universidade Estadual de Feira de Santana - PLANTERR/UEFS), Arthur Bastos Rodrigues (UFPB) |
GT 18 - Forma e cultura jurídica no Brasil: a tradução do direito e o direito como tradução de conceitos sociais e históricos | Martonio Mont'Alverne Barreto Lima (Universidade de Fortaleza), Thaís Araújo Dias (Universidade Estadual Vale do Acaraú), Edson Junio Dias de Sousa (Universidade de Brasília) |
GT 19 - Relações Privadas e práticas jurídicas diante das transformações tecnológicas | Álisson José Maia Melo (UNI7), Vinícius de Negreiros Calado (UNICAP), Valter Moura do Carmo (UFT-ESMAT) |
GT 20 - Relações privadas e inteligência artificial | Ramon de Vasconcelos Negócio (UNI7), Fausto Santos de Morais (ATITUS) |
GT 22 - Crítica(s) do direito na democracia | José Rodrigo Rodriguez (Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos), Maurício Pedroso Flores (Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT) |
GT 23 - Elites, Instituições e Agentes do Sistema de Justiça | Dayana Delmiro (IFMA), Juliane Bento (UFRGS), Treicy Giovanella (USP) |
GT 24 - Violências Interseccionais de Gênero no Sistema de Justiça | Priscila Coelho (FGV Direito SP), Patrícia Oliveira Carvalho (Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo - USP), Eduarda Toscani Gindri (Instituto Brasileiro de Ensino Desenvolvimento e Pesquisa - IDP) |
GT 25 - Sociologia do Novo Constitucionalismo Latino-Americano | Gustavo Menon (UCB e USP), Maurício Palma (FGV-SP), Wagner Iglecias (PROLAM-USP) |
GT 26 - Metodologías Alternativas en la Investigación Socio-Jurídica "Desde Abajo" | Jorge Enrique Carvajal Martinez (Universidad Nacional de Colombia), Pablo Gonzalez Delgado (Universidad Nacional de Colombia) |