A pecuária leiteira é a quarta principal atividade agropecuária desenvolvida em Santa Catarina, com um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 6,15 bilhões em 2021, o que representa 11% do VBP total do estado. Além de sua relevância econômica, a produção leiteira também possui grande importância social, abrangendo cerca de 25 mil famílias em Santa Catarina, contabilizando-se apenas aquelas que comercializam sua produção com agroindústrias inspecionadas. Contudo, um dos efeitos adversos da crescente produção de leite é o sacrifício de bezerros machos de raças com aptidão leiteira, que se constituem num “subproduto” indesejado desse sistema. A acelerada especialização e tecnificação da atividade acentua ainda mais esse problema. De acordo com os produtores, a criação dos machos resulta em prejuízos e, diante da carência de alternativas viáveis, o sacrifício de animais recém-nascidos torna-se uma prática recorrente no setor. O presente trabalho procura dimensionar o impacto dessa medida sobre a proporção de machos e fêmeas de bovinos nascidos em Santa Catarina. Para isso, utilizou-se como fonte principal de dados os registros de nascimentos no âmbito do Sistema de Gestão da Defesa Agropecuária Catarinense (Sigen). Verificou-se que, do total de nascimentos registrados no Sigen entre 2013 e 2021, 45,2% eram machos e 54,8% fêmeas. Em parte, essa diferença é explicada pelo uso de sêmen sexado, embora essa prática seja pouco expressiva na pecuária catarinense, respondendo por 10% das inseminações e aproximadamente 2% do total de fêmeas nascidas. Estima-se que a diferença de aproximadamente 80 mil cabeças entre fêmeas e machos registrados anualmente deva-se, essencialmente, ao sacrifício de bezerros de raças com aptidão leiteira logo após o nascimento. As análises estatísticas demonstraram a existência de forte correlação entre os índices mais elevados de registro de fêmeas e as variáveis relacionadas à importância da pecuária leiteira nas microrregiões catarinenses, quais sejam: número de estabelecimentos agropecuários que produzem leite; número de estabelecimentos agropecuários que vendem leite; número de vacas ordenhadas; produção anual de leite. Não obstante tais resultados, reconhece-se a possibilidade de que outros fatores afetem essa diferenciação, sendo recomendados estudos adicionais com tal abordagem. Por fim, aponta-se a necessidade de busca de soluções viáveis do ponto de vista ético, social e econômico, de forma a evitar impactos negativos sobre uma das mais importantes atividades desenvolvidas pela agricultura familiar catarinense e que possui grande relevância econômica no cenário rural do estado.
Com satisfação a Comissão Organizadora apresenta ao público os resultados dos debates, dos artigos e resumos apresentados no XV Encontro de Economia Catarinense.
Com o tema geral do Bicentenário da Independência, aproveitando o momento histórico, o XV Encontro de Economia Catarinense se propôs ser um espaço de discussão sobre as transformações socioeconômicas e políticas no âmbito nacional, estadual e regional, no que se refere ao período de independência do Brasil, bem como, de reflexões sobre a atualidade, sobre as descontinuidades ou permanências seculares. Nesta edição a história econômica esteve no centro dos debates. Conforme a leitura de Joseph Schumpeter, a história econômica forma, junto a teoria econômica e a estatística, uma razão da evolução da "análise econômica", ferramenta indispensável para o discernimento da economia.
Tradicionalmente, o encontro busca oportunizar o debate sobre temas relevantes que transpassam os cenários nacional, estadual e regional. As dez áreas temáticas escolhidas para a submissão de trabalhos abriram um leque de assuntos que permitiram, ao passo que extrapolam o tema geral do evento, reunir pesquisadores afins, estimulando e enriquecendo as discussões. Portanto, trata-se de evento que contempla a difusão da produção científica e tecnológica, com substancial adesão das IES catarinenses, mas também de outras instituições envolvidas em pesquisa científica no território estadual.
O Encontro de Economia Catarinense tem desempenhado a função de espaço para exposição e debate de trabalhos acadêmicos, de interesse a pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação, que são postos em contato direto com seus pares, etapa fundamental do trabalho científico. Especificamente os alunos de graduação são beneficiados pelo ambiente que estimula a arguição, a mestria e favorece sua erudição. Os estudantes de pós-graduação, por sua vez, complementam sua formação e tem oportunidade da fortalecer sua experencia acadêmica. Os pesquisadores aproveitam, sobretudo, do contrato direto com os pares para aprimoramento de seus resultados de pesquisa. As instituições de ensino e pesquisa, as ICTs e os grupos de pesquisa fortalecem suas redes e divulgam suas atividades e produções. Demais atores da sociedade, como empresas e instituições públicas, além dos educadores, tem acesso a uma ampla produção acadêmica, que desvenda os principais mecanismos de funcionamento da economia no Estado.
O XV Encontro de Economia Catarinense: Bicentenário da Independência, ocorreu entre 09 e 10 de junho de 2022, em Rio do Sul (SC), pelos esforços da Associação de Pesquisadores em Economia Catarinense – APEC e do Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí - UNIDAVI, contando com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina – FAPESC.
O evento teve três mesas redondas com discussões sobre os processos socioeconômicos históricos ocorridos após a independência do Brasil e seus impactos nos níveis nacional, estadual e regional. Nossa conferência de abertura foi proferida pelo Prof. Dr. Luiz Fernando Saraiva, da Universidade Federal Fluminense (UFF). A cerimônia de abertura e de registro dos 15 anos de existência da APEC encontram-se disponíveis no canal da Associação na plataforma YouTube (https://youtu.be/VsGtl1eKoxo). O debate sobre o estado de Santa Catarina, nessa efeméride, esteve na conferência com o Prof. Dr. Alcides Goularti Filho (UNESC) e Prof. Dr. Itamar Aguiar (UFSC). As palestras sobre abrangência regional foram proferidas pelo Prof. Dr. Dr. Andrei Stock (UNIDAVI) e pela Prof. Dra. Marcia Fuchter (UNIDAVI). Os artigos e resumos selecionados e apresentados nas diversas sessões temáticas integram o corpo destes anais.
As normas e demais condições para submissão dos trabalhos constam no Regulamento do XV Encontro de Economia Catarinense, disponível no site da APEC (apec.pro.br) e na plataforma do evento (https://doity.com.br/xveec/trabalhos#c).
Realização
Associação de Pesquisadores em Economia Catarinense - APEC
Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí - UNIDAVI
Apoio
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina - FAPESC
Comissão Organizadora
Rossandra Maciel de Bitencourt
Fabio Farias de Moraes
Liara Darabas Ronçani
Tatiane Aparecida Viega Vargas
Daniel Rodrigo Strelow
Anielle Gonçalves de Oliveira
Comissão Científica
Gilberto Sales - ICMBIO)
Eliane Maria Martins – Univille
Maria Luiza Milani – UnC
Almir Cléydison Joaquim da Silva - UFPR
Hellen Alves Sá - UFPR
Max Richard Coelho Verginio - UNESC
Carolina Biz - UNESC
Talita Alves de Messias - UNISINOS
Ana Paula Klaumann - UFRGS
Lilian Adriana Borges - UNIDAVI
Mônica Aparecida Bortolotti - Unicentro
Andrei Stock - UNIDAVI
Hoyêdo Nunes Lins - UFSC
Wallace Pereira - UFPA
Luciana Dias - UNIDAVI
Armando Fornazier - UnB
Mohamed Amal - Furb
Patricia Oliveira e Silva - UFU
Cássia Heloisa Ternus - UNOCHAPECO
Daniel Sampaio - UFES
Associação de Pesquisadores em Economia Catarinense - APEC
apec@apec.pro.br