INDIFERENÇA DO SER-AÍ COM O ENTE: INVESTIGAÇÃO SOBRE O NADA EM HEIDEGGER

INDIFERENÇA DO SER-AÍ COM O ENTE: INVESTIGAÇÃO SOBRE O NADA EM HEIDEGGER

• Autor
• Breno Lukas Souza de Araujo
• Resumo

• O presente artigo a ser trabalhado tem como objetivo apresentar a investigação do filósofo Martin Heidegger acerca do nada como conceito, presente em seu texto ''O que é metafísica?'' (1929). Nesta palestra, proferida para cientistas de uma universidade, Heidegger pretende explicar o que é metafísica, deixando claro, no entanto, que a indagação sobre o que é metafísica já implica um problema, a saber: a pergunta abarca a totalidade, ela é a totalidade. Para tanto, toda questão metafísica só pode ser formulada de um tal modo que aquele que interroga, enquanto tal, esteja implicado na questão. A interrogação metafísica, portanto, deve desenvolver-se na totalidade e na situação essencial do ser-aí questionador. Atualmente, a pergunta pelo ser-aí é determinada pela ciência. Na ciência, afirma Heidegger, temos a referência ao mundo, o ser-aí, literalmente, invade o ente, afim de descobrir seu significado e dar para ele a primeira e última palavra. O ser-aí cientifico, então, orientado pelo ente, tem sua referência para o mundo e, para além do mundo, não há nada a ser investigado. É justamente aí, diz Heidegger, que entra a problematica sobre o nada, pois o cientista, com sua intenção sempre para o ente, para tudo aquilo que é, ignora aquilo que não é ou, mais precisamente, o nada. O filósofo então pergunta sobre esse elemento nadificante compreendido e rejeitado pela ciência como fantasmagoria. Na tentativa de entender o nada, o filósofo se dirige para o campo da lógica, mas, no domínio do entendimento, chegamos apenas ao não da negação, entendendo, pois, o nada como o não-ente, ou a negação da totalidade do ente. Conclusão semelhante a que chegou Platão no seu dialogo O Sofista. A lógica, portanto, sendo também ferramenta da ciência, lida com afirmações e negações, se dirige para o ente. Mas Heidegger afirma: o nada é mais originário que a negação do entendimento, sendo até mesmo a condição da negação. O nada, portanto, não pode ser conhecido simplesmente como conceito, mas é necessário uma experiência fundamental que envolva o ser-aí. O filósofo, então, chega num outro campo de investigação, chamado ''disposições afetivas'' e afirma a angústia como a acontecimento fundamental do ser-aí, sendo a estranha indiferença do ser-aí para com o ente e a condição fundamental para a manifestação do nada, pois, apesar de não apreendermos a totalidade do ente, para depois negá-lo, o que nos daria uma pálida ideia do nada, a angústia nos manifesta o ente na totalidade; é a estranha indiferença do ser-aí que não se dirige mais para ente algum. 

• Palavras-chave
• Metafísica. Angústia. Indiferença. Abertura. Ser.
• Área Temática
• GT 04 - Mística, Existencialismo e Filosofia da Religião