A DECADÊNCIA DO DASEIN NA OBRA SER E TEMPO DE HEIDEGGER

A DECADÊNCIA DO DASEIN NA OBRA SER E TEMPO DE HEIDEGGER

• Autor
• Igor Albuquerque Lucena
• Resumo

• É manifesto que, no tocante a filosofia contemporânea, a questão da existência humana tornou-se gradativamente tema de profundas discussões e análises. Kierkegaard (1813-1855), filósofo dinamarquês, surge como um dos primeiros filósofos – senão o primeiro – a esboçar a complexidade existenciaria na qual toda e qualquer existência permanece. Sua filosofia não só marcou o século XIX como também trouxe reflexos significativos para o desenvolvimento daquilo que, quase um século depois, ficou conhecido como existencialismo. Entre as problematizações existencialistas do XX, encontra-se, pois, o filósofo alemão Martin Heidegger. Ainda que muitos o considerem um existencialista, é fato que a questão central de seu filosofar é a questão do ser. Para Heidegger, a problemática que sempre envolveu a questão do ser, a problemática do sentido do ser, somente encontra sua elucidação mediante uma análise da existência do ente humano no palco mundo. Ancorado a sua fenomenologia hermenêutica cujos enunciados pretendem validade transcendental, Heidegger nos conduz ao íntimo do desenvolvimento daquilo considerado, por ele, ontologia fundamental. Trata-se da analítica existencial do ente humano, do Dasein, da presença. Diante desta, o filósofo de Messkirch nos revela a dimensão dicotômica na qual todo Dasein permanece. De um lado, nos defrontamos com as veredas da impropriedade, inautenticidade, do outro, a trilha da propriedade, da autenticidade. Cada momento ocupa um lugar estratégico, sobretudo, o momento da inautenticidade, responsável pelo desdobramento inicial da questão basilar da obra. É, pois, no conceito ontológico-existencial designado decadência (Verfallen) que a ideia de inautenticidade se encontra expressa em sua plenitude. Na nossa pesquisa, portanto, objetivamos elucidar o conceito de decadência, conceito este responsável pelo diagnóstico daquilo que, por Heidegger, é entendido enquanto existência imprópria, inautêntica. Para isso, abordaremos, enquanto pressuposto fundamental, o caractere existencial de ser-em cuja constituição revela a abertura (Erschlossenheit) de ser-no-mundo em seus respectivos constitutivos – disposição (Befintlichkeit), compreensão (Verständnis) e fala (Rede). Sendo a inautenticidade consequência imediata da “corrupção” de tal abertura, analisaremos, então, a maneira como o ente realiza a mesma no tocante as relações estabelecidas na cotidianidade de seu ser-no-mundo, relacionando, por fim, ao conceito de decadência.

• Palavras-chave
• Heidegger. Ontologia. Inautenticidade. Decadência.
• Área Temática
• GT 01 - As múltiplas faces da subjetividade contemporânea