Surgido na década de 70, o conceito de biopolítica decorre do estudo do filósofo francês Michel Foucault acerca da investigação genealógica do poder, que domina e se expande no corpo social por intermédio de mecanismos do biopoder. Nesse sentido, o artigo propõe uma abordagem da constituição do poder no Ocidente, com ênfase na natureza da passagem entre o exercício do poder soberano, o rei em sua posição central (Hobbes), de um lado, e aquilo a que Foucault designara de poder disciplinar do corpo individual (séc. XVIII) e de poder biopolítico da população como espécie (séc. XX), de outro. A análise da multiplicidade dos corpos disciplinados e regulamentados pelo poder que busca gerir a vida, que sujeita o corpo-espécie aos processos normativos, revela que ao longo da história criou-se uma microfísica do poder que atinge de modo capilar a produção do sujeito. Foucault, na obra Em defesa da sociedade, busca abordar o “como do poder” e o significado do “triângulo: poder, direito, verdade”, elementos responsáveis por garantir o mecanismo que legitima e conduz o biopoder, portanto, constituem um sistema que fabrica e mascara toda coerção e dominação empregada nas instituições contemporâneas. As instituições lideram os processos disciplinares que têm em si mesmos discursos próprios fundamentadores da norma, uma extensão da regra natural, uma convenção entre direito e soberania. Em Vigiar e Punir, Foucault apresenta a historicidade da punição, a forma da delinquência, como se constitui um poder de punir e, posteriormente, a aparelhagem das instituições que aprisionam, repreendem e disciplinam os sujeitos banidos. A regulamentação da população, que aparece na virada para o séc. XX, é o cerne de nossa reflexão, pois revelaremos as técnicas do poder que permeiam o controle do corpo humano como espécie e formulam uma maquinaria do poder que restringe os sistemas ideológicos, políticos, econômicos, biológicos, sexuais e de saúde. Os mecanismos infinitesimais são condutores da circulação dessa nova tecnologia do poder sobre o homem-espécie, um poder contínuo, científico, que é o poder de "fazer viver e deixar morrer". Diante disso, ressaltaFoucault, despontamos no interior de uma malha de efeito e transição da sociedade da normalização – de uma biopolítica da população.
A "I Semana Nacional de Filosofia da UEPB" foi realizada nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2018, no Centro de Educação da Universidade Estadual da Paraíba, Campus I, Campina Grande. Ao mesmo tempo, ocorreu o "I Colóquio Nacional Biopolítica e Filosofia", organizado pelo Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq). O evento foi estruturado de acordo com o seguinte tema: "Diálogos contemporâneos: respeito às singularidades e às diferenças". No decorrer dos três dias de atividades, o evento reuniu professores e alunos da Graduação e de diferentes programas de Pós-graduação em Filosofia e áreas afins para a reflexão e o debate sobre problemas fundamentais do mundo contemporâneo, tais como cidadania, direitos humanos, justiça, sujeito, alteridade e educação. Cabe ressaltar, ainda, que o evento contou com quase duzentos participantes, 68 trabalhos apresentados em forma de comunicação oral (Grupos de Trabalho), além de conferências, minicursos, mesas redondas e momento cultural. Agradecemos a todos e todas pela participação.
Comissão Organizadora
Flávio José de Carvalho (UFCG)
Írio Vieira Coutinho Abreu Gomes (UEPB)
José Arlindo de Aguiar Filho (UEPB)
Gilmara Coutinho Pereira (UEPB)
José Nilton Conserva de Arruda (UEPB)
Julio Cesar Kestering (UEPB)
Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB)
Marianne Sousa Barbosa (UFCG)
Otacílio Gomes da Silva Neto (UEPB)
Ramon Bolivar Cavalcanti Germano (UEPB)
Roberto Pereira Veras (IFAC)
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Valmir Pereira (UEPB)
Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq)
E-mail: biosuepb@gmail.com
Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba (DFil/UEPB)
Rua Baraúnas, 351 - Bairro Universitário - Campina Grande-PB, CEP 58429-500
Fone: +55 (83) 3344-5318
Organizador dos Anais do Evento
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Comissão Organizadora do Evento
Alexandre Franco de Sá (Universidade de Coimbra)
Antonio Carlos de Melo Magalhães (UEPB)
Carla Dayanne Montenegro Honorato de Araujo (UFCG)
Flávio José de Carvalho (UFCG)
José Arlindo de Aguiar Filho (UEPB)
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Apoio
Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba (DFil/UEPB)
Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq)
Alunos do Curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba