O objetivo desse trabalho é investigar filosoficamente o conceito de tolerância em conexão com Jesus Cristo e a igreja primitiva na "Resposta ao Rei da Polônia" de Jean-Jacques Rousseau. Rousseau escreveu ao Rei da Polônia, pois se sentiu incomodado ao receber uma carta desse aristocrata em ocasião da publicação do "Discurso sobre as ciências e as artes”. Uma das acusações feitas é de que Rousseau ao desmerecer a importância das ciências e das artes para a regeneração dos costumes estaria também menosprezando a sabedoria cristã. Por esse motivo, o genebrino demonstra historicamente que foram as ciências e as artes que corromperam a sociedade e, com ela, o cristianismo. Diferentemente do que seus acusadores afirmavam, sua crítica é contra os religiosos que se utilizaram da cultura pagã para defender a fé e, em seguida, atacar opositores quando o cristianismo se tornou uma religião institucionalizada. Uma das metas de Rousseau é a de estabelecer uma diferenciação entre o cristianismo simples do cristianismo erudito. Sendo assim, o cristianismo simples é o verdadeiro evangelho, aquele que Jesus Cristo deixou para seus discípulos, que preferiu os simples e não os sábios para revelar seus ensinamentos. Essa simplicidade foi a força inicial do cristianismo, levando os discípulos a serem perseguidos e mortos, e sendo ridicularizados pelos sábios filósofos. Entretanto, quando esses cristãos quiseram defender a fé, cometeram o erro de utilizar as armas do inimigo contra eles mesmos, já que ao invés de continuarem valorizando a simplicidade do evangelho, resolveram incorporá-lo à filosofia pagã. Quando os primeiros apologistas obtiveram êxito, acabaram encantando-se com a filosofia e abandonaram a “santa ignorância”, nisso, cometeram o erro de abandonar uma vida simples e humilde para fomentar a ambição e o orgulho intelectual. O cristianismo erudito tomou o lugar do cristianismo simples e, assim, dogmas foram criados mais para confundir do que esclarecer. Aliados a isso, a ambição pelo poder e a intolerância nascente no meio dos cristãos sufocaram as verdades do Evangelho, situação que Rousseau lamenta até a sua geração. Para Rousseau, Jesus surge como o símbolo da ignorância divina, e, por isso, não foi se utilizando das ciências ou das artes que ele deixou seus ensinamentos, mas foi através de um coração comovido e pela simplicidade de vida, impactando decisivamente no modo de viver dos primeiros cristãos. Concluiremos esse trabalho, dizendo que na obra “Resposta ao rei da Polônia”, Rousseau defende que o cristianismo surgiu como uma religião que sofria a intolerância desde seu início por parte do Império Romano, pelo modo de agir simples dos cristãos, fazendo com que as autoridades os perseguissem e matassem. Entretanto, quando os cristãos assumem o controle do império, tornam-se intolerantes, não permitindo interpretações contrárias relacionadas à fé, realizando as mesmas práticas antes sofridas. Nesse caso específico, os cristãos foram influenciados pelas ciências e as artes, e como produto disso, afastaram-se do cristianismo primitivo e da sua pureza, esquecendo-se da simplicidade do Evangelho e da vida autêntica de Jesus Cristo e dos apóstolos.
A "I Semana Nacional de Filosofia da UEPB" foi realizada nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2018, no Centro de Educação da Universidade Estadual da Paraíba, Campus I, Campina Grande. Ao mesmo tempo, ocorreu o "I Colóquio Nacional Biopolítica e Filosofia", organizado pelo Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq). O evento foi estruturado de acordo com o seguinte tema: "Diálogos contemporâneos: respeito às singularidades e às diferenças". No decorrer dos três dias de atividades, o evento reuniu professores e alunos da Graduação e de diferentes programas de Pós-graduação em Filosofia e áreas afins para a reflexão e o debate sobre problemas fundamentais do mundo contemporâneo, tais como cidadania, direitos humanos, justiça, sujeito, alteridade e educação. Cabe ressaltar, ainda, que o evento contou com quase duzentos participantes, 68 trabalhos apresentados em forma de comunicação oral (Grupos de Trabalho), além de conferências, minicursos, mesas redondas e momento cultural. Agradecemos a todos e todas pela participação.
Comissão Organizadora
Flávio José de Carvalho (UFCG)
Írio Vieira Coutinho Abreu Gomes (UEPB)
José Arlindo de Aguiar Filho (UEPB)
Gilmara Coutinho Pereira (UEPB)
José Nilton Conserva de Arruda (UEPB)
Julio Cesar Kestering (UEPB)
Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB)
Marianne Sousa Barbosa (UFCG)
Otacílio Gomes da Silva Neto (UEPB)
Ramon Bolivar Cavalcanti Germano (UEPB)
Roberto Pereira Veras (IFAC)
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Valmir Pereira (UEPB)
Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq)
E-mail: biosuepb@gmail.com
Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba (DFil/UEPB)
Rua Baraúnas, 351 - Bairro Universitário - Campina Grande-PB, CEP 58429-500
Fone: +55 (83) 3344-5318
Organizador dos Anais do Evento
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Comissão Organizadora do Evento
Alexandre Franco de Sá (Universidade de Coimbra)
Antonio Carlos de Melo Magalhães (UEPB)
Carla Dayanne Montenegro Honorato de Araujo (UFCG)
Flávio José de Carvalho (UFCG)
José Arlindo de Aguiar Filho (UEPB)
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Apoio
Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba (DFil/UEPB)
Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq)
Alunos do Curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba