SENTIMENTO DE COMPAIXÃO: DO FUNDAMENTO DA MORAL SCHOPENHAUERIANA À FIGURA BUDDHISTA DO BODHISATTVA

SENTIMENTO DE COMPAIXÃO: DO FUNDAMENTO DA MORAL SCHOPENHAUERIANA À FIGURA BUDDHISTA DO BODHISATTVA

• Autor
• Bruna Henriques Sousa
• Resumo

• Ao compreender a interpretação de mundo feita pelo filósofo ocidental Arthur Schopenhauer a partir dos conceitos de Vontade [Wille] e Representação [Vorstellung], como sendo este primeiro correspondente à essência ou "em si" de tudo o que existe no mundo, enquanto o segundo corresponde ao mundo como é para o sujeito pensante, aparecendo no tempo e no espaço por meio do princípio de causalidade enquanto elaboração do Princípio de Razão, e considerando também a declarada influência oriental no sistema filosófico schopenhaueriano, pudemos identificar uma aproximação existente entre este e a interpretação de mundo apresentada pela filosofia oriental buddhista. A partir das chamadas Quatro Nobres Verdades (em sânscrito: catvari aryasatyani), Siddhartha Gautama, o primeiro Buddha, apresenta o conhecimento da realidade do mundo, ao qual chega ao atingir a iluminação, ou nirvana, este que fora exposto por ele a partir de quatro proposições, a saber, a Verdade do Sofrimento (s. dukha-satya), a Verdade das Causas ou da Origem (s. samydaya-satya), a Verdade da cessação (s. nirodha-satya), e a Verdade do Caminho (s. marga-satya), as quais expressam uma visão de mundo muito semelhante àquela expressa por Schopenhauer através de seus conceitos de Vontade e Representação, sobretudo no tocante à questão do sofrimento aparecer como a realidade da vida em ambos os pensamentos. Tendo em vista tais observações, o presente texto explorará o que de comum há entre ambos os pensamentos também na questão da moral, partindo de uma explanação sobre aquilo que seria o fundamento da moral schopenhaueriana, a saber, o sentimento de compaixão, buscando entender como ele aparece na filosofia buddhista, especialmente sobre a figura do Bodhisattva da tradição Mahayana, aquele que, estando prestes a despertar e alcançar o nirvana, escolhe espontaneamente permanecer no limiar entre o estado de Buddha e o samsara, até que todos os demais seres viventes presos a esta existência de dor perpétua possam juntos a si também transcenderem, de modo que, a partir desta reflexão, possamos traçar uma aproximação entre ambos os pensamentos no que diz respeito à moral.

• Palavras-chave
• Compaixão. Buddhismo. Bodhisattva. Moral. Schopenhauer.
• Área Temática
• GT 04 - Mística, Existencialismo e Filosofia da Religião