A mais grave manifestação de violência contra a mulher se dá nos casos de feminicídio. Esta modalidade delituosa, ainda tão presente na nossa sociedade, se constitui no homicídio de mulheres por questões de gênero. Nesta pesquisa, propomo-nos a analisar, à luz da análise do discurso de linha francesa de vertente foucaultiana, a constituição do sujeito-mulher nos discursos materializados nos interrogatórios de réus acusados de feminicídio. Tendo em vista que a análise é um processo que se inicia pelo próprio estabelecimento do corpus, organizando-se face à natureza do material e a pergunta que o organiza, este será constituído por interrogatórios dos réus “Guilherme de Pádua”, “Pimenta Neves”, “Lindemberg Alves” e “Goleiro Bruno”, acusados em casos famosos de feminicídios que circularam na mídia nacional, considerando o fato de constituírem-se em discurso, a medida em que foram produzidos por um sujeito em um lugar institucional, determinado por regras sócio-históricas que definem e possibilitam que estes sejam enunciados e que se constituíram em acontecimentos discursivos pela grande repercussão midiática que geraram. O interrogatório do acusado é o ato em que o juiz escuta o réu sobre a imputação que lhe é feita. Este é um meio de prova peculiar, pois, apesar de configurar meio de prova, é também ato de defesa, pois não há dúvida de que o réu pode dele valer-se para se defender da acusação, apresentando álibi, dando a sua versão dos fatos, visto que não presta compromisso de dizer a verdade, podendo inclusive calar-se perante o juiz sem que seu silêncio seja interpretado de forma negativa. Assim, o interrogatório tem natureza mista, pois tanto é meio de prova como também meio de defesa.Utilizaremos o método arquegenealógico apresentado por Michel Foucault (2009) em sua obra "A arqueologia do saber", através do qual se tenta compreender a irrupção dos acontecimentos discursivos, investigando as condições histórico-culturais que desencadearam o seu aparecimento e ainda transformando os documentos analisados em monumentos nos quais se inscrevem as múltiplas possibilidades de leitura. Podemos afirmar que nos interrogatórios, o sujeito-mulher é constituído como “agressora”, “oportunista” e “adúltera” a partir do cruzamento de discursos que pertencem à formação discursiva patriarcal, machista, subsidiada por dispositivos de saber-poder oriundos da religião, da lei e da cultura patriarcal. Nestes casos, as estratégias discursivas contribuem para a objetivação que transforma os seres humanos em sujeitos a partir do que Foucault denomina de “práticas divisoras”.
A "I Semana Nacional de Filosofia da UEPB" foi realizada nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2018, no Centro de Educação da Universidade Estadual da Paraíba, Campus I, Campina Grande. Ao mesmo tempo, ocorreu o "I Colóquio Nacional Biopolítica e Filosofia", organizado pelo Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq). O evento foi estruturado de acordo com o seguinte tema: "Diálogos contemporâneos: respeito às singularidades e às diferenças". No decorrer dos três dias de atividades, o evento reuniu professores e alunos da Graduação e de diferentes programas de Pós-graduação em Filosofia e áreas afins para a reflexão e o debate sobre problemas fundamentais do mundo contemporâneo, tais como cidadania, direitos humanos, justiça, sujeito, alteridade e educação. Cabe ressaltar, ainda, que o evento contou com quase duzentos participantes, 68 trabalhos apresentados em forma de comunicação oral (Grupos de Trabalho), além de conferências, minicursos, mesas redondas e momento cultural. Agradecemos a todos e todas pela participação.
Comissão Organizadora
Flávio José de Carvalho (UFCG)
Írio Vieira Coutinho Abreu Gomes (UEPB)
José Arlindo de Aguiar Filho (UEPB)
Gilmara Coutinho Pereira (UEPB)
José Nilton Conserva de Arruda (UEPB)
Julio Cesar Kestering (UEPB)
Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB)
Marianne Sousa Barbosa (UFCG)
Otacílio Gomes da Silva Neto (UEPB)
Ramon Bolivar Cavalcanti Germano (UEPB)
Roberto Pereira Veras (IFAC)
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Valmir Pereira (UEPB)
Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq)
E-mail: biosuepb@gmail.com
Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba (DFil/UEPB)
Rua Baraúnas, 351 - Bairro Universitário - Campina Grande-PB, CEP 58429-500
Fone: +55 (83) 3344-5318
Organizador dos Anais do Evento
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Comissão Organizadora do Evento
Alexandre Franco de Sá (Universidade de Coimbra)
Antonio Carlos de Melo Magalhães (UEPB)
Carla Dayanne Montenegro Honorato de Araujo (UFCG)
Flávio José de Carvalho (UFCG)
José Arlindo de Aguiar Filho (UEPB)
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Apoio
Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba (DFil/UEPB)
Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq)
Alunos do Curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba