O presente trabalho propõe-se compreender a noção de “ser-para-a-morte”, tal como é apresentada por Heidegger na obra Ser e tempo (1927). Considerada um marco histórico, de teor decisivo e fruto da filosofia contemporânea, Ser e tempo apresenta o projeto heideggeriano de uma ontologia fundamental que, tendo como alicerce o método fenomenológico e a hermenêutica da facticidade, deveria perguntar pelo modo de ser do ente capaz de colocar a questão ontológica sobre o ser, o Dasein (ser-aí). A obra é dividida em duas partes, que constituem em geral a descrição, análise e estruturação da concepção deDasein e de sua temporalidade finita. Enquanto ser-no-mundo, o compreender do Dasein é o mesmo que encontrar-se aberto em direção a possibilidades, ou seja, como Heidegger indica no § 32 de Ser e tempo, esse ser para possibilidades em compreendendo é um poder-ser que repercute sobre o Dasein as possibilidades enquanto aberturas. E isto, como será discutido, assinala a “fissura” que constitui a finitude doDasein: de um lado, estão as possibilidades ônticas de seu ser-no-mundo e, de outro, a possibilidade ontológica de não-poder-mais-estar-aí. A ontologia fundamental direciona o pensamento sobre a “questão do ser”, a Seinsfrage, pela via da facticidade e da temporalidade do Dasein. É a partir da análise ôntica dos modos de ser da existência, que implica numa desconstrução da metafisica tradicional, que surge a possibilidade da compreensão, no Dasein, do caráter originário da finitude da vida. Este trabalho buscará tratar dessa originariedade da finitude doDasein, e dividir-se-á em três momentos. Num primeiro momento, discutiremos o sentido da retomada explícita da questão do ser, bem como a estrutura formal dessa questão, no horizonte da ontologia fundamental. Em um segundo momento, será realizada umaabordagem da analítica existencial. A designação do ente que de cada vez nós mesmos somos como Dasein, traduz-se numa tendência deste ente para, no modo como é de início e quase sempre, dispersar-se na sua relação cotidiana com as coisas com que lida no mundo. Assim, as relações referenciais se caracterizam por estar sempre em função de algo oualguém e, como se lê em Ser e tempo, ao sujeito desta cotidianidade dispersa chama Heidegger “das Man” (“a gente”). No § 27 da referida obra, a resposta à questão acerca de “quem” é o Dasein é indeterminada, pois o si-mesmo do Dasein cotidiano é a própria gente, que distinguimos do si-mesmo que se capta propriamente. No último momento, se tentará esclarecer a determinação ontológica doDasein como ser-para-a-morte. Segundo Heidegger, é a disposição fundamental da angústia que libera o Daseinpara a liberdade de se assumir e escolher a si mesmo, revelando sua possibilidade mais própria: a morte. Esta análise traz à tona duas determinações essenciais. Por um lado, constituído como facticamente lançado num mundo, constituído pela finitudeprópria desse estar-lançado, o Dasein é, enquanto ser-no-mundo, um ser-para-a-morte. Por outro lado, constituído pela negatividade da finitude do ser-para-a-morte, ele é, no seu ser-fundamento de uma “nulidade” (Nichtgkeit), caracterizado porum ser-culpado fundamental.
A "I Semana Nacional de Filosofia da UEPB" foi realizada nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2018, no Centro de Educação da Universidade Estadual da Paraíba, Campus I, Campina Grande. Ao mesmo tempo, ocorreu o "I Colóquio Nacional Biopolítica e Filosofia", organizado pelo Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq). O evento foi estruturado de acordo com o seguinte tema: "Diálogos contemporâneos: respeito às singularidades e às diferenças". No decorrer dos três dias de atividades, o evento reuniu professores e alunos da Graduação e de diferentes programas de Pós-graduação em Filosofia e áreas afins para a reflexão e o debate sobre problemas fundamentais do mundo contemporâneo, tais como cidadania, direitos humanos, justiça, sujeito, alteridade e educação. Cabe ressaltar, ainda, que o evento contou com quase duzentos participantes, 68 trabalhos apresentados em forma de comunicação oral (Grupos de Trabalho), além de conferências, minicursos, mesas redondas e momento cultural. Agradecemos a todos e todas pela participação.
Comissão Organizadora
Flávio José de Carvalho (UFCG)
Írio Vieira Coutinho Abreu Gomes (UEPB)
José Arlindo de Aguiar Filho (UEPB)
Gilmara Coutinho Pereira (UEPB)
José Nilton Conserva de Arruda (UEPB)
Julio Cesar Kestering (UEPB)
Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB)
Marianne Sousa Barbosa (UFCG)
Otacílio Gomes da Silva Neto (UEPB)
Ramon Bolivar Cavalcanti Germano (UEPB)
Roberto Pereira Veras (IFAC)
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Valmir Pereira (UEPB)
Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq)
E-mail: biosuepb@gmail.com
Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba (DFil/UEPB)
Rua Baraúnas, 351 - Bairro Universitário - Campina Grande-PB, CEP 58429-500
Fone: +55 (83) 3344-5318
Organizador dos Anais do Evento
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Comissão Organizadora do Evento
Alexandre Franco de Sá (Universidade de Coimbra)
Antonio Carlos de Melo Magalhães (UEPB)
Carla Dayanne Montenegro Honorato de Araujo (UFCG)
Flávio José de Carvalho (UFCG)
José Arlindo de Aguiar Filho (UEPB)
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Apoio
Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba (DFil/UEPB)
Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq)
Alunos do Curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba