A DINAMICIDADE DA BUSCA PELA VERDADE EM NICOLAU DE CUSA

A DINAMICIDADE DA BUSCA PELA VERDADE EM NICOLAU DE CUSA

• Autor
• Klédson Tiago Alves de Souza
• Resumo

• Este artigo visa proporcionar uma discussão a respeito de como a concepção de Nicolau de Cusa acerca da docta ignorantia traspassa por obras tais que permitem um panorama na sua filosofia. Outrossim, é-se possível detectar uma abordagem sobre metafísica do conhecimento em que o autor discute a possibilidade de conhecer Deus enquanto princípio unitrino. Ao discutir a possibilidade do conhecimento de Deus, mostra o autor a incapacidade linguística de se falar de Deus tendo em vista a sua anterioridade em relação às coisas e até mesmo às palavras. Dado essa anterioridade ontológica, o Cardeal – não se sabe se querendo ou não – acaba por trazer à tona as fragilidades da razão com relação a possibilidade de conhecer o princípio primeiro de todas as coisas. Temos, portanto, implicitamente nesse percurso filosófico o problema da relação unidade e multiplicidade, ou então, da relação entre finito e in-finito. Este problema ganha força ao se ter a percepção dos contrários na realidade. Isto é, olhar a realidade e vê-los, mas também ver a unidade que há nesses contrários. Nicolau de Cusa adentra nesse contexto com intuições especulativas e místicas que fundamentam sua doutrina a partir de um certo rigor sistemático, a saber, coincidentia oppositorum como lógica do intelecto e via para o conhecimento de Deus e o entendimento do mundo como explicatio Dei. Ora, Deus é o tesouro inexplicável que a razão não atinge, e o intelecto o vê veladamente por cima de um muro, ao qual o autor denomina de muro do paraíso. Assim, o autor nos apresenta duas lógicas, a saber, a da razão que divide e se sustenta no princípio de não contradição, e uma outra que é a do intelecto em que há a coincidência. Com esse caminho dialético percorrido podemos afirmar ao final que é por não haver proporção entre o finito e o infinito que a mente humana se confrontará com os seus limites, ocasionando, assim, no reconhecimento da “douta ignorância” como saber máximo. Para tanto, algumas obras de Nicolau de Cusa destacamos como principais para esse percurso filosófico: De docta ignorantia (1440), De visione dei (1453) e De non aliud (1462).

• Palavras-chave
• Nicolau de Cusa. Metafísica do conhecimento. Docta ignorantia. Coincidentia oppositorum.
• Área Temática
• GT 04 - Mística, Existencialismo e Filosofia da Religião