O presente artigo tem como finalidade a discussão da "banalidade do mal", neste aspecto a capacidade do ser para produção do mal banal: “os assassinos não eram sádicos ou criminosos por natureza; ao contrário, foi feito um esforço sistemático para afastar todos aqueles que sentiam prazer físico com o que faziam.” O diálogo instituído por Hannah Arendt, traz consigo constatações sobre o caso que estava em andamento, em abril de 1961, Adolf Eichmann, oficial da SS, responsável pelo transporte dos judeus até o campo de concentração, que por fim resultaria na morte de milhares. Mais de 100 testemunhas foram ouvidas, cerca de duas mil provas e três mil e quinhentas folhas de protocolos da polícia israelense compunham o caso. Em seu discurso de defesa, Eichmann argumenta sobre o tipo de cadeia de comando que regia o exército alemão, cujo o mesmo era oficial, em suas palavras alega que apenas cumpria ordens e que o mesmo não era responsável pelo ocorrido nos campos de concentração. Hanna Arendt aponta o discurso totalitarista que fora implantado na Alemanha pelo partido nazista, como sistema fundamental do mal banal, ocasionando assim uma irreflexão sobre o ser e sobre o outro. Joseph Goebbels, ministro de Hitler, ministro de propaganda do partido nazista, era responsável por uma propaganda massiva em busca de “poder” e “proteção” da vida alemã, esforço executado pelo partido nazista para que os cidadãos pudessem através de um processo de identificação e proteção da pátria. A propaganda feita por Goebbels, o sentimento de patriotismo exacerbado, os discursos acalorados vindos da parte do Führer; tudo fazia parte de uma composição para que o ser fosse objeto de um discurso de “identificação” e “impessoal”. Trazendo semelhança com as vontades como uma melhoria social, um discurso sobre a soberania da nação entre outras semelhanças com os desejos sociais, era possível tornar essa identificação, com o discurso em ação, um processo se inicia de impessoalidade do ser. Transformar o ser em objeto do discurso, então assim a ação tomada pelo “corpo” é “necessária” para alcançar o objetivo da identificação. Adolf Eichmann, portanto, era produto objetificado do discurso, isso não isenta de culpa, pois o mesmo produziu o mal banal, produto de uma não reflexão. Tanto os oficiais da SS que executavam as ordens vindas da cadeia de comando, quanto as donas de casas, e todos os integrantes e apoiadores do discurso tornavam-se, portanto, o braço que move o machado para exterminar o outro. O ser que apoia o discurso é o mesmo que autoriza o puxar do gatilho que mata milhares.
A "I Semana Nacional de Filosofia da UEPB" foi realizada nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2018, no Centro de Educação da Universidade Estadual da Paraíba, Campus I, Campina Grande. Ao mesmo tempo, ocorreu o "I Colóquio Nacional Biopolítica e Filosofia", organizado pelo Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq). O evento foi estruturado de acordo com o seguinte tema: "Diálogos contemporâneos: respeito às singularidades e às diferenças". No decorrer dos três dias de atividades, o evento reuniu professores e alunos da Graduação e de diferentes programas de Pós-graduação em Filosofia e áreas afins para a reflexão e o debate sobre problemas fundamentais do mundo contemporâneo, tais como cidadania, direitos humanos, justiça, sujeito, alteridade e educação. Cabe ressaltar, ainda, que o evento contou com quase duzentos participantes, 68 trabalhos apresentados em forma de comunicação oral (Grupos de Trabalho), além de conferências, minicursos, mesas redondas e momento cultural. Agradecemos a todos e todas pela participação.
Comissão Organizadora
Flávio José de Carvalho (UFCG)
Írio Vieira Coutinho Abreu Gomes (UEPB)
José Arlindo de Aguiar Filho (UEPB)
Gilmara Coutinho Pereira (UEPB)
José Nilton Conserva de Arruda (UEPB)
Julio Cesar Kestering (UEPB)
Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB)
Marianne Sousa Barbosa (UFCG)
Otacílio Gomes da Silva Neto (UEPB)
Ramon Bolivar Cavalcanti Germano (UEPB)
Roberto Pereira Veras (IFAC)
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Valmir Pereira (UEPB)
Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq)
E-mail: biosuepb@gmail.com
Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba (DFil/UEPB)
Rua Baraúnas, 351 - Bairro Universitário - Campina Grande-PB, CEP 58429-500
Fone: +55 (83) 3344-5318
Organizador dos Anais do Evento
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Comissão Organizadora do Evento
Alexandre Franco de Sá (Universidade de Coimbra)
Antonio Carlos de Melo Magalhães (UEPB)
Carla Dayanne Montenegro Honorato de Araujo (UFCG)
Flávio José de Carvalho (UFCG)
José Arlindo de Aguiar Filho (UEPB)
Thalles Azevedo de Araujo (UEPB)
Apoio
Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba (DFil/UEPB)
Bios - Núcleo de Estudos em Biopolítica e Filosofia Contemporânea (UEPB/CNPq)
Alunos do Curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba