Introdução: A paralisia cerebral (PC) é descrita, pelo Ministério da Saúde (2014), como desordens permanentes do desenvolvimento motor e postural, atribuídas a um distúrbio não progressivo que pode ocorrer durante o desenvolvimento embrionário ou infantil, que contribui para o comprometimento da funcionalidade do indivíduo. Outros fatores extrínsecos à patologia, podem agravar o déficit no desenvolvimento saudável da criança como renda familiar, baixa escolaridade dos pais, alto estresse familiar, nível social baixo, entre outros (HALPERN, FIGUEIRAS, 2004). Atrasos no desenvolvimento motor e permanência dos reflexos primitivos são fatores sinalizadores para o diagnóstico de PC. A anamnese e o exame físico são essenciais para descartar distúrbios progressivos e tumores no Sistema Nervoso (LEITE, PRADO, 2004). A evolução dessa criança deve ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar e consiste em tratamento medicamentoso, focado no tratamento da espasticidade, comum em 88% dos casos, e anticonvulsivantes; acompanhamento fisioterapêutico com foco em melhoria de tônus, inibição de reflexos anormais, facilitação do movimento com melhora de força, amplitude e alongamentos. Cirurgias ortopédicas também podem ser necessárias em casos de correção de deformidades e estabilização articular. Tudo isso, visando a melhoria do bem-estar e a funcionalidade do paciente (LEITE, PRADO, 2004; TEIVE et al., 1998; DIAMENT, CYPEL, 1996). Objetivo: Apresentar as manifestações do tônus muscular em pacientes com paralisia cerebral, bem como a forma de intervenção fisioterapêutica. Metodologia: O presente estudo trata-se de uma revisão sistemática de literatura, cujas as buscas foram realizadas nas bases de dados: Scielo, Google Acadêmico, e LILACS. Foram encontrados dezenove artigos publicados em português e dentre os achados foram utilizados treze artigos de texto completo, utilizando como principal critério de inclusão artigos cujos temas estivessem de acordo com o objetivo da revisão, enquanto os critérios de exclusão foram: teses, dissertações e artigos que apresentaram conteúdo irrelevantes para com o tema abordado. Foram utilizadas como palavras-chave: Hipotonia, Hipertonia, Fisioterapia, Paralisia Cerebral e Tratamento. Resultados/Discussão: Na paralisia cerebral, são descritas classificações para o comprometimento do tônus muscular, sendo elas: espástica, discinética, atáxica e a forma mista. A forma espástica (70% dos casos), é uma situação ligada a um tipo de lesão nos neurônios da via córtico-espinal que articula os motoneurônios no corno vertebral da medula espinhal. A criança com espasticidade apresenta certas manifestações clínicas, tais como: aumento de tônus, seguido de hiperreflexia e resistência ao movimento passivo, que pode ter variação de acordo com o grau de hipertonia. Essa espasticidade está presente na forma mais grave de PC e pode afetar o corpo da criança por inteiro, porém, sua identificação precoce pode ser dificultada, visto que, geralmente, um certo grau de hipotonia é antecessor ao quadro de espasticidade (FRANCO, 2006). Existe uma certa evidencia tendenciosa de espasticidade flexora nos membros superiores, enquanto nos inferiores prevalece a extensora (MARANHÃO, 2005; FORTI-BELLANI, CASTILLO-WEINERT, 2011). Já o padrão hipotônico, consiste em um tônus muscular baixo, com contração insuficiente de tronco e pescoço, o que impede o posicionamento contra a gravidade, impedindo uma postura adequada. A criança exibe-se excessivamente no plano de apoio, com um certo déficit no alinhamento corporal devido a insuficiência de estabilidade proximal. Comumente, na PC, se apresenta como um estado passageiro, cuja permanência indica um atraso neurológico (FORTI-BELLANI, CASTILLO-WEINERT, 2011). É comumente encontrada em crianças com quadros clínicos de paralisia cerebral discinética e atáxica, sendo estas raras (LEITE, PRADO, 2004). Ainda assim, as duas formas tônicas encontradas na paralisia cerebral (hipertonia e hipotonia) comprometem significativamente a funcionalidade do paciente, fazendo com que as situações ambientais comuns se tornem fatores limitantes, tornando a intervenção fisioterapêutica ainda mais importante no acompanhamento de crianças com este tipo de comprometimento (MANCINI et al., 2004). Segura et al. (2007) relata que o tratamento deve iniciar o mais breve possível, ser constante e por tempo indefinido. A observação do trofismo junto ao tônus muscular é importante para mensurar o grau de incapacidade do paciente; assim como dar atenção a sensibilidade, que caso esteja alterada estímulos de textura, temperatura e dor, sobre a pele, podem ser trabalhados. Em casos de espasticidade, a fisioterapia irá trabalhar com objetivos de facilitar o controle do tônus e inibir os reflexos patológicos, facilitando o movimento e combatendo padrões e posturas relacionadas a patologia. Além disso, alongamentos nos grupos musculares atingidos através da facilitação neuromuscular proprioceptiva são bastante válidos. Exercícios de grandes resistências em músculos antagonistas debilitados devem ser evitados em lesões centrais, como na PC, pois favoreceriam ainda mais a espasticidade. Como um auxiliador ao tratamento de espasticidade, a Toxina Botulínica do tipo A (TBA) é comumente usada. Essa neurotoxina, aplicada por injeção intramuscular, impede a liberação de acetilcolina e reduz o tônus da musculatura atingida, facilitando o tratamento (FRANCO, 2006). Já em casos de hipotonia, devem ser incluídos no protocolo de tratamento programas de trabalho ativo contra a ação da gravidade, em alguns casos, a criança manter-se em pé já é um grande avanço. Executá-los em superfícies instáveis, de modo controlado e orientado pelo fisioterapeuta, podem tornar o protocolo mais eficiente, o que abre espaço para outras estratégias de tratamento como a hidroterapia e a equoterapia, áreas com comprovações eficazes no controle da hipotonia em pacientes com PC (LIPORONI, OLIVEIRA, 2010; DE LIMA, MIYAGAWA, 2007; TOBLE et al., 2017). Conclusão: A Paralisia Cerebral ocorre através de um distúrbio que acontece durante o desenvolvimento do cérebro, e sua classificação se dá de acordo com a área afetada e suas características clínicas, podendo ser observada também pelo seu tônus muscular. O paciente com Paralisia Cerebral se apresenta espástico, ou seja, hipertônico, e em alguns casos pode ter seu diagnóstico precoce dificultado por apresentar um quadro hipotônico, antecedendo a espasticidade. A fisioterapia é o diferencial no tratamento de crianças com PC, diminuindo os comprometimentos causados pelas mudanças patológicas de tônus muscular, aumentando seu bem-estar e qualidade de vida, tornando-o funcional para suas atividades.
Seja bem-vind@ à leitura dos Anais da CONEXÃO Fametro 2018!
Temos o prazer de disponibilizar à comunidade acadêmica os Anais do VI Encontro de Iniciação à Pesquisa, VI Encontro de Monitoria e Iniciação Científica e VIII Encontro de Pós-graduação. Aqui estão os trabalhos que foram apresentados durante o evento, que agora são compartilhados em forma de artigos digitais. O tema da CONEXÃO Fametro 2018 foi “Inovação e Criatividade”.
Com este tema, procuramos fomentar discussões e pesquisas que abordassem as mais diversas áreas do conhecimento, demonstrando o potencial transdisciplinar e inovador dos pesquisadores, tendo a dimensão artística como principal norteador.
Tratam-se de trabalhos interessantes que podem auxiliar em estudos e pesquisas, estimular outros alunos e professores à produção científica e dar subsídios a novas práticas em campos de atuação diversos das áreas da saúde, humanas e exatas.
Esperamos que esta publicação ajude como mais uma opção de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento científico, uma vez que concentra artigos resultantes de investigações comprometidas com a publicização do conhecimento de qualidade, a responsabilidade social e mudanças nos contextos de atuação.
Boa leitura!
Solange Sousa Pinheiro
PRESIDENTE DA COMISSÃO CIENTÍFICA
As normas de submissão de trabalhos científicos estão disponíveis nos editais no link: https://www.doity.com.br/conexao-fametro-2018/artigos
Comissão Organizadora
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Caroliny Uchoa Sales
Daniel Carlos Lopes Vasconcelos
Fernanda Rocha Dantas
Juliana Pereira Pessoa
Marina Barbosa Gouveia
Pedro Lucas Bezerra Porto
Yohrranna Kelly Almeida de Araujo
Comissão Científica
Andréa Bessa Teixeira
Anne Caroline Moraes de Assis
Isabelle Lucena Lavor
Solange Sousa Pinheiro
Para dúvidas e sugestões, envie ao e-mail conexaofametro@fametro.com.br.
Os anais da Conexão Fametro 2017 estão disponíveis no link: https://www.doity.com.br/anais/conexaofametro2017