Introdução Na área biológica, Diversidade, Gênero e Sexualidade têm como centro de discussão a reprodução humana. Essa base sobre o sistema reprodutor com suas peculiaridades e determinismos movem a rede discursos que terminam por regular as práticas de ensino. Diversas questões incluídas nos contextos culturais marcam todo o processo tido como natural. No domínio desses discursos é que o binarismo entre os sexos que se mantém (BUTLER, 2003), dessa forma, são sustentadas e reproduzidas a partir das verdades. Dessa forma, entendemos que gênero se torna um importante fator de análise ao deixar evidentes as estratégias de classificação de determinados fenômenos sociais, permeados pelas relações de poder e classificando diferenças (BUTLER, 2000). Nesse aspecto a diferença sexual submete os corpos a diferentes lógicas (FOUCAULT, 2015), conduzindo assim as práticas de ensino. Ademais, a formação tem como objetivo estimular a tomada de decisões, que podem ser de interesse coletivo ou individual, sempre levando em conta o atual contexto, a ética e o respeito (Krasilchik, 2004). A compreensão do corpo estabelecida como verdade absoluta pelo saber biológico, que é entendido com bases em construções concretas materializando pelas verdades reconhecidas (FOUCAULT, 2015). Por sua vez, é imperativo aumentar a produção de trabalhos nessa área, visto que há uma significativa falta de comprometimento institucional e político com a produção coesa de conhecimento científico, como apontado por Maia (2023). Esse esforço é fundamental para promover o surgimento de novos materiais de estudo, beneficiando a aprendizagem de pesquisadores e cidadãos em geral, e contribuindo para a redução do preconceito e o aumento da equidade. Assim, a partir do entendimento sobre a teoria de gênero, seguimos com a investigação sobre como alguns autores discutem tais atravessamentos no ensino de biologia. Como essas questões são abordadas? Qual a importância dada? Objetivo Investigar alguns dos atravessamentos relacionados à diversidade, gênero e sexualidade no contexto do ensino de biologia. Materiais e Métodos O trabalho segue a metodologia de revisão bibliográfica com cunho narrativo. Assim, os critérios de seleção dos materiais bibliográficos incluíram a limitação do período de publicação a partir dos anos 2000, com foco na diversidade, gênero, sexualidade e ensino de biologia como palavras-chave. Além disso, foi considerado o idioma português brasileiro, e as bases de dados utilizadas foram o Google Acadêmico e a Scielo. A escolha dos materiais foi baseada em sua relevância e adequação ao tema proposto. Para tal, foram empregados materiais como computador, livros, bancos de dados de trabalhos acadêmicos, cadernos de anotações e acesso à internet. Resultados e Discussão Colling (2018), contextualiza dizendo que gênero e sexualidade são conceitos que podem ser abordados de forma independente ou em conjunto. No entanto, quando considerados separadamente no contexto discutido, o gênero visa contestar o determinismo biológico implícito no uso da categoria de sexo. Além disso, o gênero é reconhecido como um construto cultural, diferenciando-se da sexualidade, que está ligada à anatomia física, genitália, da pessoa como um dado da natureza biológica. Nesse sentido, é relevante destacar os estudos de Charles Darwin e Jean Baptiste Lamarck, que exploraram questões biológicas e naturais influenciadas pela cultura, assim como a diversidade de gênero e sexualidade. Diante disso, torna-se evidente que, no contexto atual, um ensino deficiente poderia propagar informações incorretas sobre os conteúdos abordados. Além disso, mesmo com documentos que ressaltam a importância do ensino da sexualidade, é lamentável que muitas vezes esses recursos não sejam acessíveis ao público em geral, deixando de fora grupos minoritários e contribuindo para a perpetuação de preconceitos e opressões. A ausência de uma legislação adequada e específica que garanta esse ensino também dificulta o acesso a informações que, muitas vezes, são oferecidas de forma inadequada, como foi discutido anteriormente. Além disso, essa lacuna prejudica tanto os professores de biologia quanto os de outras disciplinas que desejam abordar temas relacionados à orientação, gênero e sexualidade, pois enfrentam constantes ataques por parte da sociedade e até mesmo do corpo escolar (Coelho, 2022). Maia e Ribeiro (2011) afirmam que "cada indivíduo, em sua singularidade e contexto cultural, parte da ideia de que não existe uma verdade absoluta sobre as concepções, práticas e atividades relacionadas à sexualidade". Diante disso, é importante discutir o que os autores destacam que é importante adotar uma visão pluralista sobre a sexualidade como algo positivo, e não sujo ou de repressão. Além disso, eles ressaltam a necessidade de reconhecer os desafios enfrentados, que infelizmente são muitos, e que podemos destacar a resistência ao marxismo, preconceitos e desigualdades, na busca por uma compreensão mais ampla e inclusiva da sexualidade na sociedade (Coelho, 2022). Dessa forma, esses temas são negligenciados, pois são considerados como conteúdos equivocados e não merecedores de serem abordados como assuntos relevantes. Também, o ambiente escolar deve ser imparcial, visto que, no contexto atual, ainda existem instituições de ensino regidas por abordagens conservadoras e ultrapassadas, assim como os que o compõem, livre de julgamentos e desprovido de dogmas, pois é nesse ambiente que os estudantes frequentemente se sentem confortáveis para dialogar e compartilhar suas experiências. Além disso, a escola representa uma instituição de aprendizagem na qual os alunos buscam constantemente as informações necessárias para o seu desenvolvimento. Nesse sentido, é fundamental que a instituição esteja aberta e disponível para fornecer essas informações, bem como para oferecer suporte aos alunos sem inibir suas expressões e necessidades. Nesse sentido, vale salientar que com essas ações o professor de biologia poderá aprimorar as suas aulas e deixará de servir a uma pequena parcela e passa agora a falar com a grande diversidade que é a sala de aula, quebrando assim esse tabu existente (Coelho, 2022). Maia (2023) ressalta em seus estudos a importância de se compreender o ensino de biologia como uma abordagem naturocultural, saindo desse ambiente tradicional que a biologia se encontra, que visa evidenciar a impossibilidade de separar o contexto social do mundo natural. Isso permite que o indivíduo reconheça que não apenas questões hormonais e genéticas influenciam as questões relacionadas ao gênero e à sexualidade, mas também a interação de diversos elementos em níveis local e global na construção dos seres vivos. Essa perspectiva fortalece o processo de ensino-aprendizagem dessas temáticas no contexto da biologia. De acordo com isso, Silva (2023) argumenta que a inclusão dos temas de gênero e sexualidade no currículo, dado que muitos desses currículos estão ultrapassados e outros são excessivamente conservadores e inflexíveis, de biologia não apenas amplia a compreensão além da perspectiva biológica tradicional, mas também promove uma discussão que abrange sua interseccionalidade, sua evolução histórica e influência social. Essa abordagem contribui significativamente para promover o respeito às diversidades, combater a discriminação, os preconceitos e as violências tanto no ambiente escolar quanto na sociedade em geral. Conclusão Percebemos que nos trabalhos apontam uma preocupação e dada a importância ao tema analisado. Dialoga-se sobre como essas questões deveriam ser abordadas e como deveriam seguir nas práticas de ensino. Concluímos que a visão biologizante ainda é predominante, embora seja questionada sua relevância. A biologização dos corpos faz aparecer os sujeitos de gênero (BUTLER, 2005), que serão entendidos sob distintas formas de se trabalhar os mecanismos do ensino em biologia. Assim, conforme Barreto (2023), a perspectiva da investigação fundamentada na busca pela insatisfação, pela dúvida, pela curiosidade e pela vontade de investigar, flutua sobre novas possibilidades. Desse modo, normas consideradas imutáveis podem, portanto, contribuir de maneira positiva para atender às diversas demandas das instituições de ensino relacionadas à promoção da diversidade. Questionar, desconfiar e estranhar movimentam lugares ao novo. Da insatisfação com o que se já se conhece, que surgem os motivos para investigar. Dessa forma, produzir sentidos e novas formas de pensar, significar, analisar, desejar, atribuir, permite-se a criação de novas políticas verdades (CORAZZA, 2002). Agradecimentos Primeiramente, quero agradecer a Deus por todas as bênçãos e recomeços em minha vida, sem Ele nada seria possível. Em segundo, reconheço os meus esforços e dedicação para vencer na vida através dos estudos. Em terceiro quero agradecer a minha mãe, Zesia, que é minha inspiração e amiga para tudo, minha irmã Erica e minha sobrinha ângela por sempre acreditarem em mim. Também quero agradecer a minha orientadora Veruscka por acreditar no meu potencial e por sempre me ajudar. E também quero agradecer a minha família, amigos da universidade e a própria instituição CFP/UFCG. Referências BARRETO, V. P. Saúde do homem na educação: uma temática que precisa ser entendida a partir de uma perspectiva pós-crítica. IX Congresso Nacional de Educação, João Pessoa, Vol. 2, p. 316-334, 2023. Disponível em:
<file:///C:/Users/%C3%89rides/Downloads/TRABALHO_COMPLETO_EV185_MD5_ID12201_TB3720_20112023201203.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2024. BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. O corpo educado: pedagogias da sexualidade, v. 2, 2000. Disponível em: <https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/45109869/Pedagogia_Sexualidade-libre.pdf?1461699354=&response-content-disposition=inline%3B+filename%3DO_CORPO_EDUCADO_PEDAGOGIAS_DA_SEXUALIDAD.pdf&Expires=1712623074&Signature=RsH0gDNA9TaOKYhb8g1xGySVpx2xu7SH~uW707M9OzMuAhK1BSUPv-9n~yEm2EP2iD482OpF0eM-ACCRiksjbQveAE9O~fqMk2qKOfOiKd-s~DTbsxNL-KQBwK1dxQE7W6~fO6WAM3l0VUxc3RWHcfOu9vhPrpGjmq-FFG-ko8ufCK5ih0Rp9vfdaJJRRx9PxxnS1mM9N9crciE1izewQ7DYngN9O2uMu7ERicOBye5bhE14H2C6dfYjTQZ38kAyTPt7MB-oR8cakUJhIuMnrjrm8Ejxcx9--zisTOaSH7WAtIzSP7r5t0xNTHshR3dN3CCgPol36KR1awLXMAWs-w__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA#page=110>. Acesso em: 27 mar. 2024. BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. O corpo educado: pedagogias da sexualidade, v. 2, 2000. Disponível em: <https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/45109869/Pedagogia_Sexualidade-libre.pdf?1461699354=&response-content-disposition=inline%3B+filename%3DO_CORPO_EDUCADO_PEDAGOGIAS_DA_SEXUALIDAD.pdf&Expires=1712623074&Signature=RsH0gDNA9TaOKYhb8g1xGySVpx2xu7SH~uW707M9OzMuAhK1BSUPv-9n~yEm2EP2iD482OpF0eM-ACCRiksjbQveAE9O~fqMk2qKOfOiKd-s~DTbsxNL-KQBwK1dxQE7W6~fO6WAM3l0VUxc3RWHcfOu9vhPrpGjmq-FFG-ko8ufCK5ih0Rp9vfdaJJRRx9PxxnS1mM9N9crciE1izewQ7DYngN9O2uMu7ERicOBye5bhE14H2C6dfYjTQZ38kAyTPt7MB-oR8cakUJhIuMnrjrm8Ejxcx9--zisTOaSH7WAtIzSP7r5t0xNTHshR3dN3CCgPol36KR1awLXMAWs-w__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA#page=110>. Acesso em: 27 mar. 2024. COELHO, Caio César Souza et al. O corpo e a diversidade de gênero no ensino da biologia no contexto da educação pública. 2022. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/1843/52658>. Acesso em: 05 mar. 2024. COLLING, Leandro. Gênero e sexualidade na atualidade. 2018. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/handle/ri/30887>. Acesso em: 27 mar. 2024. CORAZZA, S. M. Labirintos de pesquisa, diante de ferrolhos. In: COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Caminhos investigativos: novos olhares na pesquisa em educação. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=mbbkDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT8&dq=CORAZZA,+S.+M.+Labirintos+de+pesquisa,+diante+de+ferrolhos.+In:+COSTA,+Marisa+Vorraber+(Org.).+Caminhos+investigativos:+novos+olhares+na+pesquisa+em+educa%C3%A7%C3%A3o.+2+ed.+Rio+de+Janeiro:+DP%26A,+2002.&ots=M-pag_zKXK&sig=mq59XL0njlxbq2W3HQtrZQ7bVi0#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 06 abr. 2024. FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: a vontade de saber. – 9ª ed. – Rio de Janeiro/São Paulo, Paz e Terra, 2015. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/crt-2867>. Acesso em: 27 mar. 2024. KRASILCHIK, Myriam. Prática de ensino de biologia. Edusp, 2004. Disponível em:
<https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=W4b0wYFt3fIC&oi=fnd&pg=PA11&dq=KRASILCHIK,+Myriam.+Pr%C3%A1tica+de+ensino+de+biologia.+Edusp,+2004&ots=8GWC7Ucodm&sig=kYGRW7tF7e7ZYKXHR7L7gIWUn1k#v=onepage&q=KRASILCHIK%2C%20Myriam.%20Pr%C3%A1tica%20de%20ensino%20de%20biologia.%20Edusp%2C%202004&f=false>. Acesso em: 12 mar. 2024. MAIA, A. C. B; RIBEIRO, P. R. M. Educação sexual: princípios para ação. In: Doxa, Araraquara, v. 15, n. 1, p. 75-84, 2011. Disponível em:
<https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/37798854/Texto_Educacao_Sexual_Principios_para_Acao-libre.pdf?1433204306=&response-content-disposition=inline%3B+filename%3DEducacao_Sexual_principios_para_acao.pdf&Expires=1711727185&Signature=ESpw-j3PFkWLbDdpOTPSYex1OazMo8YCgqsdXCRBtlaezZl6LTDFSOkvjM1Q7jH~vr9b2IId3vJtyjlSR0Pp3B8ZU0H0-FN1lGFBFTKA32Xsyix8Q-u4lYRVQkzCOR~6QKoFtCXfyVPHH6VkWSyLVl78qoPsInOQQMl8LbxOZkUkakmPJbdyEp6kceI2iLKASHcb3WAu4nGnGJ58sHONpmdEcPQKyQh2-FcofCkyopYd5pOLVvTsmJeE0~qCwAfrBlgqycMRpTwD8rAzbjdFhg2974aAh8f95vNRwYb8ktEVZ2SFB-k6jU9MGtCsdLguTai0hklJk9cxVqQ7z8eu6A__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA>. Acesso em: 02 mar. 2024. MAIA, Marcos Felipe Gonçalves. A produção de conhecimento em gênero e sexualidade no ensino de Biologia no Brasil: uma revisão sistemática,(1996-2022). 2023. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11612/5584>. Acesso em: 27 mar. 2024. SILVA, Vitor Bernardes. Ensino de biologia, gênero e sexualidade: um olhar em trabalhos publicados nos anais do VIII ENEBIO, VIII EREBIO e II SCEB (2021). 2023. Disponível em: <https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/37043/1/EnsinodeBiologiaG%c3%aanero.pdf>. Acesso em: 06 abr. 2024.
O Congresso Nacional de Ciência e Tecnologia em uma Perspectiva Interdisciplinar buscou reunir discentes, docentes, pesquisadores e profissionais nas mais diversas áreas do conhecimento e que tem interesses em comum no debate e interações a respeito da Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente nos contextos da Educação 5.0. Além disso, por ser um evento de caráter multidisciplinar, permitiu a divulgação de estudos e experiências concluídas ou em andamento relacionadas a referida temática, fomentando a pesquisa científica na região e promovendo oportunidades de disseminação da informação e atualizações na área. Os anais reunem vinte trabalhos publicados no formato de resumos expandidos e foram analisados criteriosamente pela comissão científica em pares, de modo a garantir a excelência científica.
Comissão Organizadora
Everton Vieira da Silva - Presidente
Edilson Leite da Silva
Diego Marceli Rocha
Jefferson Antônio Marques
Délio Jackson Dantas Duarte
Albaneide Fernandes Wanderley
Comissão Científica
Albaneide Fernandes Wanderley
André Pereira da Costa
Caio Fabio Teixeira Correia
Darlei Gutierrez Dantas Bernardo Oliveira
Diego Marceli Rocha
Edilson Leite da Silva
Eudes Leite de Lima
Everton Vieira da Silva
Ezequiel Fragoso Vieira Leitão
Fernando Antônio Portela da Cunha
Francisco José de Andrade
Gustavo de Alencar Figueiredo
Hugo da Silva Florentino
Jefferson Antônio Marques
Letícia Carvalho Benitez
Marcos Antônio G. Pequeno
Maria do Socorro Pereira
Sílvio Felipe Barbosa de Lima
Udson Santos
Veralucia Santos Barbosa
Unidade Acadêmica de Ciências Exatas e da Natureza - UACEN
Centro de Formação de Professores - CFP
83 3532-2090
E-mail: uacen.eventos@gmail.com/uacen.cfp@gmail.com