OS FLAGELADOS APAGADOS PELA SECA E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS: UMA ANÁLISE DA NECROPOLÍTICA NA HISTÓRIA DOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO CEARENSES DE 1932
Contextualização
O ano de 1932 reconhecido por ser um dos mais desesperadores em relação às grandes secas nordestinas, anunciava um ano em que os registros de migração são inexatos até os dias atuais, tamanha foi a fome e miséria que assolava a caatinga cearense. A capital, onde se encontrava a elite e por certo, também, os movimentos que tinham por motivação realizar uma “limpeza” social, se tornou insustentável para a distribuição dos migrantes que chegavam, não havendo meios ou atribuições para aqueles que mais sofriam no momento. A decisão política, pelas influências sociais, foi a construção dos campos de concentração, que simultaneamente começaram a suspender passagens que levassem o povo do interior até a capital, por uma decisão do governo cearense. Sem aparo qualquer, restavam aos famintos perseguir a conhecida “geografia da migração”, trechos erguidos, no século passado, com estações que os levavam até Fortaleza e que, o estado passava a construir, dessa vez, campos para os manter isolados do desenvolvimento, caracterizando uma política de exclusão daqueles considerados indesejados de acordo com a elite e população dominante.
Problema de pesquisa
Qual a relação da necropolítica na institucionalização dos campos de concentração cearenses em 1932, com a forma de política atual?
Fundamentação teórica
Consiste diante do apagamento de corpos realizado pela necropolítica, como também o debate crítico acerca de como se comporta de forma a influenciar sobre a coletividade da população, e como pode delimitar os representantes e representados a agir diante do contexto social, político e econômico modernos. A relevância da temática está sobretudo em como influencia no crescimento da “gestão dos indesejados”, os rejeitados e excluídos, sob um pretexto útil de seus corpos dóceis (FOUCAULT,1999). Diante disso, estabelecendo como objetivo de estudo se as políticas adotadas ainda são consideradas atuais pela forma de governança brasileira, como reflexão do biopoder, política do esquecimento, o poder de controlar corpos, a própria memória coletiva (LE GOFF, 1924), dizer a utilidade e valor do corpo.
Resultados esperados
A hipótese para esse problema concentra-se na existência do apagamento de corpos humanos que são considerados inúteis ao serem analisados em um contexto de necropolítica no cenário capitalista, em que as relações de poder perpetuam até os dias atuais com uma atuação de estado de exceção, com consequências vitais das violações de direitos humanos e o ataque direto à condição básica de sobrevivência.
REFERÊNCIAS
FOUCAULT, Michel. Em Defesa da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Disponível em: em_defesa_da_sociedade_300811.pdf (uel.br).Acesso em: 24 de out. de 2022.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da UNICAMP. 1990. Disponível em: https://www.ufrb.edu.br/ppgcom/images/Hist%C3%B3ria-eMem%C3%B3ria.pdf. Acesso em: 05 de nov. de 2022.
RIOS, Kênia Sousa. Isolamento e poder: Fortaleza e os campos de concentração na seca de 1932. Fortaleza: Imprensa Universitária UFC, 2014. Disponível em: Isolamento e poder.indd (ufc.br).Acesso em: 15 de out. de 2022.
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