Este artigo busca apresentar instrumentos teóricos que forneçam embasamentos para discutir as possibilidades dos usos éticos e políticos dos arquivos. Desta forma, apresentaremos a noção de “dever de memória” com intuito de trazer para a arquivologia e para a ciência da informação um conceito desenvolvido no âmbito da historiografia e filosofia francesa após 1990. Este conceito pode ser amplamente aplicado, por exemplo, para apontar o arquivo como um dos instrumentos para a construção de memórias de grupos minoritários. Em um primeiro momento, apresentaremos perspectiva de Paul Ricoeur sobre a os usos e abusos de uma memória exercitada. Em seguida, abordaremos sua visão de “dever de memória”, direito e justiça, dentro da esfera do uso ético e político da memória, tendo como perspectiva a análise histórica sobre a noção de “dever de memória” realizada por Luciana Heymann.
1º ENCONTRO DIVERSIDADE EM ARQUIVOS - ARQUIVOS E PODER, ARQUIVOLOGIA E POTÊNCIAS
VIII CONGRESSO NACIONAL DE ARQUIVOLOGIA - 8 a 11 de outubro de 2018
EVENTO PARALELO 9 - DIA 10/10 - 8 ÀS 12h00 - SALA 4
A Comissão Organizadora do 1º Encontro Diversidade em Arquivos, composta pelas professoras Fernanda da Costa Monteiro Araújo (UNIRIO) e Jacqueline Ribeiro Cabral (UFF), teve imensa satisfação em receber os trabalhos enviados para o nosso evento paralelo integrado ao VIII Congresso Nacional de Arquivologia no Centro de Convenções de Cabo Branco, na cidade de João Pessoa-PB, entre os dias 8 e 11 de outubro de 2018. Nem todas as participantes - só tivemos a participação de autoras nesta edição! - puderam estar presentes no Congresso, mas a interação com o público foi bastante profícua e estimulante.
Nosso objetivo foi discutir a importância das diversidades étnicas, regionais, culturais, religiosas, de gêneros e sexualidades, dentre outras, nos arquivos. Através do debate entre investigações científicas, experiências e iniciativas em torno da temática proposta, buscamos disseminar e incentivar questionamentos acerca das histórias, lutas e vivências dos mais variados grupos e sujeitos que fazem parte da sociedade brasileira.
A importância dos arquivos para a legitimação das pautas e reinvindicações desses atores, bem como as reflexões acerca dos usos dos documentos arquivísticos no processo de construção de suas memórias e identidades são preocupações centrais nas pesquisas que desenvolvemos e que também tivemos a oportunidade de conhecer por meio desse momento de diálogos e trocas.
A Arquivologia ainda se apresenta como um campo de estudo demasiadamente técnico, tímido em relação às diversidades e muitos outros aspectos direta ou indiretamente atravessados por diferentes abordagens em torno dos arquivos e seus documentos. Ainda precisamos expandir muito os debates sobre essa e outras temáticas a fim de aproximar a disciplina das experiências e trajetórias sociais. Com a publicação desses anais, esperamos oferecer um pouco da nossa contribuição para questionar a posição de poder ocupada pelos arquivos, posição esta que influencia de diversas formas a construção e elaboração de modelos e ideias sobre determinados grupos e/ou sujeitos.
Observações:
Jacqueline Ribeiro Cabral (UFF)
Fernanda da Costa Monteiro Araújo (UNIRIO)