QUANDO O PROFESSOR NÃO ACOLHE: ATITUDES NEGATIVAS DURANTE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM/ALFABETIZAÇÃO

  • Autor
  • Mariana Rodrigues Brandão
  • Co-autores
  • Iris Vitória da Silva Santos , Edlene Cavalcanti Santos
  • Resumo
  • Palavras-chave
  • Estágio, Afetividade, Alfabetização, Humanização.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT 2 – Infâncias, Juventudes e Processos Educativos
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Entre vozes, lutas e esperanças: pesquisas que reinventam a educação no XI Epeal

 

Cleriston Izidro dos Anjos

 

Os Anais do XI Encontro de Pesquisa em Educação em Alagoas apresentam a tessitura das reflexões, debates e alianças que se constituíram ao longo do evento, realizado em um cenário nacional marcado por ataques à democracia, cortes de direitos, desmonte de políticas públicas e precarização do trabalho docente. Em meio a tentativas de silenciar vozes, apagar memórias e deslegitimar saberes produzidos por grupos historicamente marginalizados, estes registros afirmam que a pesquisa em educação segue viva, crítica e comprometida com a transformação social.

Organizado em torno do tema “Educação, Pesquisa e Compromisso Social”, o EPEAL reafirma que investigar não é exercício neutro, nem mera exigência acadêmica. É ato político, situado em instituições de Educação Infantil, escolas de Ensino Fundamental e Médio, universidades, movimentos sociais, coletivos de bairro, quilombos, aldeias, terreiros e tantos outros territórios de saber e vida. As produções aqui reunidas interrogam o lugar da pesquisa na luta por justiça social e nos convidam a enfrentar, com coragem, as marcas do colonialismo, do adultocentrismo, do racismo, do patriarcado, da lógica meritocrática e do projeto neoliberal que incidem sobre a educação brasileira.

Os textos acolhidos neste volume visibilizam a pluralidade de sujeitos, contextos e perspectivas que compõem o campo educacional em Alagoas e no Brasil. Circulam por estas páginas estudos sobre infâncias e juventudes, experiências de pessoas jovens, adultas e idosas, formação docente, políticas públicas e gestão, currículos, educação especial e inclusão, educação popular, linguagens, ciências, matemática, artes, tecnologias digitais, direitos humanos, decolonialidade e democracia. São trabalhos que entrelaçam escola e comunidade, teoria e prática, pesquisa e militância, convocando a repensar o que se ensina, como se ensina, com quem se aprende e para que projetos de sociedade se educa.

Os Anais expressam também uma aposta radical na diversidade epistemológica. Dialogam saberes acadêmicos, populares, escolares, territoriais, indígenas, quilombolas e ancestrais, compondo uma constelação de vozes que desloca a ideia de que apenas certos conhecimentos contam como ciência. Ao reunir contribuições da Pedagogia, Filosofia, Ciências Sociais, História, Psicologia, Letras, Artes, Comunicação, Matemática, Ciências Naturais e de outros campos, o Epeal reforça que nenhuma área, isoladamente, dá conta dos desafios que atravessam a educação pública hoje.

A realização de parte do encontro no Campus A. C. Simões da Universidade Federal de Alagoas e outra parte na Bienal Internacional do Livro de Alagoas, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió, é também um gesto político e pedagógico. Ao ocupar a universidade e, ao mesmo tempo, integrar-se a um grande evento cultural do estado, o Epeal amplia o diálogo entre produção acadêmica, redes de ensino, movimentos sociais, coletivos culturais e o público mais amplo. Os trabalhos aqui publicados são fruto dessas aproximações, das conversas nos corredores, nas salas, nas mesas-redondas, nas apresentações culturais e nos encontros que o evento possibilitou.

Ao organizar a produção em diferentes Grupos de Trabalho, o Epeal não fragmenta a educação, mas cria espaços de escuta e aprofundamento temático que se complementam. Cada Grupo de Trabalho (GT), à sua maneira, problematiza relações entre educação e direitos humanos, sujeitos e diversidades, políticas e gestão, fundamentos e práticas, linguagens e multimodalidades, tecnologias digitais, ciências e matemática, inclusão de pessoas com deficiência, experiências de jovens, adultos e idosos. A leitura dos textos permite perceber tanto as especificidades de cada campo quanto as muitas encruzilhadas em que eles se tocam.

Em tempos de avanço de discursos autoritários, de negacionismo científico e de tentativas de deslegitimar a escola pública, este conjunto de produções opera como uma trincheira de memória, criação e reexistência. São pesquisas que não se limitam a descrever problemas, mas inventam caminhos, revisitam práticas, interrogam políticas, desconstroem naturalizações, propõem outras formas de viver a educação. Ao contar essas histórias e analisar essas experiências, os trabalhos reafirmam a escola e a universidade como espaços de defesa da vida, dos direitos e da dignidade de crianças, jovens, adultos e idosos.

Inspirados em Ailton Krenak, podemos dizer que estes Anais participam de um esforço coletivo de “adiar o fim do mundo”, cultivando brechas de esperança em meio às crises. Em diálogo com Paulo Freire, lembram que a educação, quando praticada como ato de liberdade, é força que recusa a adaptação passiva e alimenta o desejo de transformar o mundo. Que a circulação destes textos em escolas, universidades, movimentos e grupos de pesquisa ajude a fortalecer essa ética do cuidado, da igualdade e da justiça.

Que a leitura destas páginas provoque novas perguntas, gere outras pesquisas, alimente lutas locais e articule redes. Que cada trabalho aqui registrado encontre ressonância em práticas educativas, ações coletivas e políticas comprometidas com uma educação pública, gratuita, laica, inclusiva, antirracista, democrática e socialmente referenciada, que combata todo e qualquer tipo de preconceito e discriminação. É com essa aposta que apresentamos os Anais do XI Encontro de Pesquisa em Educação em Alagoas.


Boa leitura!
 

  • GT 1 – Educação, Direitos Humanos, Currículos, Sujeitos e Diversidades
  • GT 2 – Infâncias, Juventudes e Processos Educativos
  • GT 3 – Políticas Públicas e Gestão da Educação
  • GT 4 – Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas
  • GT 5 – Pedagogia, Educação e seus Fundamentos (Filosóficos, Sociológicos, Antropológicos e Psicológicos)
  • GT 6 – Leitura, Escrita, Análise Linguística e Multimodalidade
  • GT 7 – Educação e Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC)
  • GT 8 – Educação em Ciências e Matemática
  • GT 9 – Educação Especial e Inclusão de Pessoas com Deficiência

Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/Ufal):

Prof. Dr. Cleriston Izidro dos Anjos

Prof. Dr. Walter Matias Lima

 

Coordenação Geral do Epeal:

Prof. Dr. Cleriston Izidro dos Anjos

 

Comissão Organizadora:

 

 

Comissão Científica: