Os longas-metragens de super-heróis ganharam impulso a partir de 2008 com a Criação do Universo Cinematográfico Marvel (UCM), que levou para as telas do cinema mundial, os super-heróis mais conhecidos das Revistas em Quadrinhos. Desde então foram produzidos 29 filmes, divididos em quatro fases, em que há continuidade nas histórias dos personagens. É o caso do filme Pantera Negra (2018), que surge com um discurso televisual (imagem, fala e som) que “retrata um mundo dentro da própria África (Wakanda), valorizando elementos culturais do continente” (MEDEIROS, 2018, p. 2).
A obra atravessa a realidade tecendo uma forte crítica à forma como a política bélica internacional está estruturada para atender interesses das potências econômicas que colocam em risco a paz do Planeta. O juízo político emitido pelo filme é direcionado principalmente aos Estados Unidos, que faz uso de seu poder bélico para subjugar outras nações, sob o pretexto de garantia da democracia e liberdade dos povos. Essa perspectiva está materializada na figura do antagonista, Erik Killmonger, interpretado pelo ator Michael B. Jordan, que “vivenciou a experiência de ser um negro diaspórico nos EUA, tendo, dessa forma, uma busca pela sua ancestralidade, enfrentando as situações de pobreza, racismo e violência originadas do processo de escravização” (GOMES; CARVALHO; COSTA, 2019, p. 3), tendo em vista a realidade vivida por milhões de descendentes de africanos e africanas que vivem em Diáspora.
Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo analisar o discurso anti-estadunidense presente na narrativa do filme Pantera Negra. Para tanto, recorremos à Análise Fílmica na perspectiva de Aumont e Marie (2012) e, Vanoye e Goliot-Lété (2012), aos aportes teóricos e metodológicos da Análise de Discurso francesa (ORLANDI, 2010) e utilizamos as contribuições de Medeiros (2018), Gomes, Carvalho e Costa (2019) e Viana (2018) para fundamentar o recorrido histórico da obra. Como resultado, destacamos que o longa-metragem projeta uma mensagem política contundente antirracista, anticolonial e anti-imperialista. E que, mesmo sendo produzido nos Estados Unidos, critica a forma de agir desse país em relação aos demais países, em que expropria riquezas e submete os povos aos seus interesses políticos e econômicos. Do mesmo modo, a obra situa as pessoas negras na relação com seu protagonismo e desperta o desejo de conexão com a ancestralidade africana.
A segunda edição do Seminário do Grupo de Pesquisa em Linguagem, Discurso, Mídia e Educação (II SELIDIME) teve o seguinte tema: "Estudos do Discurso no Brasil: trajetória e perspectivas". A proposta era discutir a trajetória dos estudos do discurso realizados no Brasil nas suas mais diversas abordagens e as perspectivas para sua ampliação e desenvolvimento, mantendo nosso objetivo de promover diálogos entre pesquisadores e pesquisadoras das várias regiões brasileiras interessados/as em investigar o fenômeno da linguagem com foco no discurso, especialmente daqueles que circulam nas áreas da Comunicação Social e da Educação.
Como resultado, obtivemos a submissão de variados trabalhos discutindo temas e objetivos diversos pela perspectiva dos Estudos do Discurso, os quais depois de avaliados, apresentados e discutidos em nosso seminários, têm aqui seus resumos apresentados.
Agradecemos a todos/as e todos que contribuíram para a riqueza e qualidade das discussões geradas a partir das pesquisas apresentadas.
Comissão Organizadora
Grupo de Pesquisa em Linguagem, Discurso, Mídia e Educação - LIDIME
Profa. Dra. Regysane Botelho C Alves (UFMA)
Prof. Dr. Marcos Fábio Belp Matos (UFMA)
Comissão Científica
Profa. Ma. Ana Paula Campos Fernandes (UNIPAC)
Profa. Dra. Luciane Cristina Eneas Lira (IFB)
Profa. Dra. Maria Felícia Romeiro Mota Silva (UFOB)
Profa. Dra. Regysane Botelho C Alves (UFMA)