O dispositivo de medicalização na escola: nas tramas da produção infantil contemporânea.

  • Autor
  • Roberta M. Brodt
  • Co-autores
  • José Geraldo Soares Damico
  • Resumo
  • Essa dissertação de mestrado teve por objetivo compreender de que modo o processo de medicalização da infância vem operando sobre os sujeitos escolares do ciclo de alfabetização das escolas municipais de Rio Grande em 2013, a partir da produção e disseminação de saberes sobre as crianças e da utilização de intervenções específicas sobre as suas formas de ser e de se comportar; muitas delas presentes até hoje, onde o aumento significativo do número de diagnósticos nos últimos anos  demonstra um agravamento de tais medidas. Tomo como materiais de análise 193 fichas de encaminhamentos aos setores médico e psi da rede municipal, produzidas entre maio e julho de 2013 e opto pelo estudo no ciclo de alfabetização, em virtude de compreender - pela minha experiência na escola - que seja o período escolar onde há o maior número de processos de medicalização. Assumi como referencial a perspectiva teórica pós-estruturalista de inspiração foucaultiana, que não pretende a descoberta da verdade ou do sentido último, tal qual a racionalidade iluminista; mas se compreende externa a essa racionalidade. Com a analítica desenvolvida percebi o funcionamento do Dispositivo de Medicalização da Infância na escola, intimamente relacionado com uma rede discursiva que envolve todo um aparato de saberes da ciência, que são acionados a partir do diagnóstico do comportamento desviante - seja em relação ao corpo, às atitudes ou à aprerndizagem - que vai nomeando as anormalidades e produzindo uma série de estratégias de atendimento e tratamento, que posicionam as crianças como alunos/as de inclusão que, ao contrário de uma intervenção pedagógica singular na escola, conduzem ao encaminhamento dos estudantes para os setores médicos e psicológicos, para intervenções medicamentosas ou para o deslocamento da intervenção para algum serviço de apoio educacional. Os resultados dessa dissertação serviram como aporte para o desenvolvimento de programas de formação docente na rede municipal de Rio Grande e para o desenvolvimento de um fluxo de atendimentos que incluía a intervenção pedagógica na escola como medida primeira. Passados quase dez anos da defesa dessa dissertação, percebo um agravamento da patologização através da ampliação e precocização de diagnósticos. Se, por um lado, a escola aciona o funcionamento do Dispositivo de Medicalização, não raro aparece, também, como um espaço "sinalizador" do agravamento do número de diagnósticos tão difundidos pelas pedagogias culturais que afetam o dia a dia das famílias. Parafraseando Galeano (1982), "muita sorte têm as crianças que conseguem ser crianças". 

  • Palavras-chave
  • infâncias; medicalização; estratégias de intervenção; anormalidade.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Processos de Despatologização na Educação
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O III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde aconteceu nos dias 24 a 26 de setembro de 2025 na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul sendo promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Educação/Faculdade de Educação/Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Programa de Pós-Graduação em Educação/Centro de Educação/Universidade Federal de Santa Maria contando com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superio (CAPES) através do edital  de Programa de Apoio a Eventos no País (Edital PAEP nº 22/2024).

No ano de 2018, após ser contemplado pelo edital 35/2017 do Programa de Apoio a Eventos no País (PAEP), aconteceu o I Colóquio Processos de Despatologização na Educação e Saúde de forma presencial ocorrendo transmissão online para demais participantes do Brasil. Com o primeiro Colóquio essa rede aumentou e nos anos seguintes uma série de atividades foram realizadas culminando com a realização, em 2021, do II Colóquio Processos de Despatologização na Educação e Saúde de forma online. Contou com uma rede colaborativa para a realização que inclui o Núcleo de Estudos em Políticas de Inclusão Escolar (NEPIE/UFRGS); a Faculdade de Educação da UFRGS; a Associação Brasileira de Psicologia Escolar do Estado do Rio Grande do Sul; o Conselho Regional de Psicologia do Estado do Rio Grande do Sul; a Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas e a Rede Despatologiza.

Neste III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde nossa rede aumentou, buscando construir laços de internacionalização com outros países como Espanha, Portugal e Uruguai buscando a possibilidade de criação de uma Rede de Pesquisa Internacional.

Foram 66 trabalhando encaminhados sendo 58 aceitos para as Rodas de Conversa. Os trabalhos dizem da multiplicidade dos processos para se pensar na despatologização na educação e na saúde de diversas instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre; Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Universidade Federal de Santa Maria; Universidade Federal do Rio Grande; Centro de Estudo Superior Riograndense; Universidade do Vale do Taquari; Universidade de Santa Cruz do Sul; Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões; Universidade do Extremo Sul Catarinense; Escola Superior de Criciúma; Universidade Estadual do Paraná; Universidade Federal do Paraná; Universidade de São Paulo; Universidade de Brasília; Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 

1) Informações Gerais:

O III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde espera receber resumos de trabalhos científicos de diferentes origens: artigos, dissertações, teses, pesquisas, relatos e/ou sistematização de experiências.

Os trabalhos inscritos serão analisados pela Comissão Científica e poderão ser selecionados para rodas de conversa que irão acontecer no dia 25 de setembro, na parte da tarde. 

  • Os trabalhos poderão ser inscritos por professoras e professores da educação básica, alunas e alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadoras e pesquisadores das temáticas. 

  • A inscrição dos trabalhos será feita, exclusivamente, pelo sistema de submissões da Plataforma Doity. Não serão aceitas propostas enviadas por e-mail, correio convencional ou diretamente à Comissão Científica.

  • Serão aceitos no máximo 02 (dois) trabalhos por autor principal e não há limites para trabalhos em coautoria. Trabalhos que apresentem orientador(a) deverão incluí-lo(a) como coautor(a).

  • Todos os trabalhos aprovados serão apresentados na modalidade oral, em formato de roda de conversa. Não serão utilizados gráficos, tabelas, banner ou outros recursos visuais para a apresentação, este formato permitirá maior interação e participação dos(as) autores(as) e coautores(as) dos trabalhos nas rodas de conversa e maior compartilhamento entre os participantes. A dinâmica de manter apenas apresentações orais é uma iniciativa que valoriza a sustentabilidade, reduzindo a impressão de material gráfico e uso de tecnologias.

  • Somente estarão disponíveis para apresentação os trabalhos que, conforme regra da submissão, pelo menos um(a) dos(as) autores(as) estejam inscritos(as) no Colóquio. Qualquer um(a) dos(as) autores(as) e coautores(as) poderá representar o trabalho na atividade. 

  • Será emitido 01 (um) certificado por trabalho apresentado, onde constarão os nomes de todos(as) os(as) autores(as) e coautores(as).

  • Os(As) autores(as) e coautores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a Comissão Científica do III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde a publicar ou divulgar o resumo com a finalidade da socialização da produção científica apresentada no evento, em âmbito nacional, internacional e em todos os meios de comunicação, não cabendo qualquer pagamento por direito autoral. 

  • Os Resumos do III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde serão publicados posteriormente em livro a ser organizado pela Comissão Organizador.

2) Prazo para Submissões:

Os participantes interessados em submeter trabalhos devem preencher o formulário de submissão até as 23 horas e 59 minutos (horário de Brasília) do dia 21/07/2025. 

3) Normas para apresentação de resumos:

  • Os resumos devem ser submetidos no formulário eletrônico, que deve ser preenchido em todos os seus campos e não devem ser inseridos gráficos, tabelas ou outros recursos visuais, apenas redigir o texto. 

  • Os resumos poderão ser apresentados na forma de resumo simples ou resumo expandido.

4) Das modalidades e formatação:

Os trabalhos poderão ser enviados em forma de:

  • Resumo Simples: contendo no mínimo de 250 e o máximo de 500 palavras.

  • Citações e referências não devem ser inseridas nos resumos simples ou expandidos, considerando que o número de palavras é limitado.

  • O texto deve ser escrito em língua portuguesa, espanhola, francesa, inglesa ou italiana.

5) Os resumos deverão conter os seguintes elementos estruturais:

  • Tema - título;

  • Apresentação: do que trata o trabalho e o objetivo;

  • Desenvolvimento do trabalho: descrição da experiência ou método do estudo;

  • Resultados: os efeitos percebidos decorrentes da experiência, ou resultados esperados ou encontrados na pesquisa;

  • Considerações finais;

6) Dos critérios para aprovação:

  • O resumo deve respeitar as normas de submissão; 

  • O tema deve ser relevante para a temática do III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde;

  • O texto deve ser compreensível aos leitores, coerente e com encadeamento lógico entre os elementos estruturais; 

  • Os resumos devem ser originais e os(as) autores(as) e coautores(as) assumem a responsabilidade de que o trabalho não foi publicado anteriormente. A originalidade, na compreensão que orienta esse processo, diz respeito à um texto autoral (sem plágio e sem uso de recursos de inteligência artificial) e sem restrições de publicação por decorrência de publicação prévia.

  • Todos trabalhos recebidos serão submetidos a um sistema de verificação de similaridades, sendo a ocorrência de plágios um dos critérios para reprovação. Exceções se aplicam a produções que são frutos de trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses dos próprios autores.

  • Processos de Despatologização na Educação
  • Processos de Despatologização na Saúde

Comissão Organizadora:

Claudia Rodrigues de Freitas (UFRGS)
Elisandro Rodrigues (UFRGS/GHC)
Fabiane Romano de Souza Bridi (UFSM)
Leandra Bôer Possa (UFSM)
 

Comitê Científico:

Amanda Diehl (UFSM)
Anna Letícia Ventre (UFRGS)
Bianca Isabel Pederiva (UFRGS)
Carla Maciel da Silva (UFRGS)
Denise Ferreira da Rosa (UFSM)
Elisangela Reinheimer de Bittencourt (UFRGS)
Karen Moretti da Rosa (UFSM)
Karine Ribas Pereira (UFRGS)