A patologização das infâncias e a colonialidade escolar

  • Autor
  • Márcia Dal Toé Nazário Bardini
  • Co-autores
  • Janine Moreira
  • Resumo
  • Esse resumo traz um recorte de minha pesquisa de doutorado em educação em andamento, na qual pretendo realizar discussões acerca das falas de profissionais da educação que atendem e encaminham as crianças com diagnósticos ou com suspeitas destes, bem como perceber as impressões que as crianças têm acerca de seus diagnósticos e/ou de seus colegas. Objetivo verificar o olhar dos profissionais da escola e como as crianças se sentem com tais predicados; além de refletir sobre a que/a quem serve a patologização das infâncias. Atualmente, é comum vermos um aumento de diagnósticos infantis desde a mais tenra idade. Há um elevado número de suspeitas diagnósticas para alterações comportamentais ou dificuldades na aprendizagem de crianças que frequentam a educação infantil. É sabido que crianças menores de seis anos já estão sendo medicadas com a intenção de “acalmá-las” quando consideradas agitadas ou malcomportadas. Há uma busca para que crianças pequenas fiquem quietas, e assim, o ensino possa ser ministrado com maior excelência. A partir de estudos sobre a decolonialidade, percebe-se uma relação entre o processo de patologização/medicalização e a colonialidade, pois patologiza-se/medicaliza-se o que está fora da chamada normalidade, a qual está ancorada em teorias advindas do hemisfério norte, portanto, eurocentradas e estadunidenses. São valorizadas concepções e explicações de outras culturas, consideradas melhores, de primeiro mundo, importando-se projetos que não atendem as dificuldades locais. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) é um exemplo nítido da inserção do pensamento exterior, trata-se de um manual criado pela ala médica dos Estados Unidos e difundido como recurso fundamental para diagnosticar adultos e também crianças em vários países e que vem sendo cada vez mais conhecido por profissionais da educação. Tais escritos são elevados como hegemônicos, originados do pensamento colonizador, de saberes elitizados de países considerados mais evoluídos do que o nosso, que é visto como uma nação colonizada, subdesenvolvida e sem poder intelectual para tomadas de decisão. O que é escondido nas entranhas do cotidiano é que a colonialidade vem auxiliando a estruturação da patologização das infâncias. Pouco se percebe ou se fala, contudo, é preciso destramar os nós que se amontoam como resposta a tais padrões considerados como anormais e desviantes. É preciso valorizar as infâncias como uma fase da vida, não como um processo que coloca as crianças em padrões esperados nas sociedades liberais. Faz-se necessário questionar a que interesses responde a patologização das infâncias. Questões relevantes à anormalidade vem há muito tempo perpassando os corredores escolares, definindo, de certa forma, quem tem o direito ao aprender. Há uma mercantilização dos espaços, dos saberes e uma soberania implícita de quem terá direito assegurado. Existe uma “tribuna imaginária” na qual é decidido quem poderá estar em tais espaços e quais serão bons cidadãos.  O diagnóstico infantil escancara uma incompetência futura: Como tais pessoas com esses “laudos” poderão trabalhar? Como prestarão seus serviços à sociedade? São os princípios neoliberais velados direcionando o futuro dessas crianças desde o tempo presente.

  • Palavras-chave
  • infâncias; patologização; colonialidade.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Processos de Despatologização na Educação
Voltar

O III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde aconteceu nos dias 24 a 26 de setembro de 2025 na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul sendo promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Educação/Faculdade de Educação/Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Programa de Pós-Graduação em Educação/Centro de Educação/Universidade Federal de Santa Maria contando com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superio (CAPES) através do edital  de Programa de Apoio a Eventos no País (Edital PAEP nº 22/2024).

No ano de 2018, após ser contemplado pelo edital 35/2017 do Programa de Apoio a Eventos no País (PAEP), aconteceu o I Colóquio Processos de Despatologização na Educação e Saúde de forma presencial ocorrendo transmissão online para demais participantes do Brasil. Com o primeiro Colóquio essa rede aumentou e nos anos seguintes uma série de atividades foram realizadas culminando com a realização, em 2021, do II Colóquio Processos de Despatologização na Educação e Saúde de forma online. Contou com uma rede colaborativa para a realização que inclui o Núcleo de Estudos em Políticas de Inclusão Escolar (NEPIE/UFRGS); a Faculdade de Educação da UFRGS; a Associação Brasileira de Psicologia Escolar do Estado do Rio Grande do Sul; o Conselho Regional de Psicologia do Estado do Rio Grande do Sul; a Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas e a Rede Despatologiza.

Neste III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde nossa rede aumentou, buscando construir laços de internacionalização com outros países como Espanha, Portugal e Uruguai buscando a possibilidade de criação de uma Rede de Pesquisa Internacional.

Foram 66 trabalhando encaminhados sendo 58 aceitos para as Rodas de Conversa. Os trabalhos dizem da multiplicidade dos processos para se pensar na despatologização na educação e na saúde de diversas instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre; Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Universidade Federal de Santa Maria; Universidade Federal do Rio Grande; Centro de Estudo Superior Riograndense; Universidade do Vale do Taquari; Universidade de Santa Cruz do Sul; Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões; Universidade do Extremo Sul Catarinense; Escola Superior de Criciúma; Universidade Estadual do Paraná; Universidade Federal do Paraná; Universidade de São Paulo; Universidade de Brasília; Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 

1) Informações Gerais:

O III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde espera receber resumos de trabalhos científicos de diferentes origens: artigos, dissertações, teses, pesquisas, relatos e/ou sistematização de experiências.

Os trabalhos inscritos serão analisados pela Comissão Científica e poderão ser selecionados para rodas de conversa que irão acontecer no dia 25 de setembro, na parte da tarde. 

  • Os trabalhos poderão ser inscritos por professoras e professores da educação básica, alunas e alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadoras e pesquisadores das temáticas. 

  • A inscrição dos trabalhos será feita, exclusivamente, pelo sistema de submissões da Plataforma Doity. Não serão aceitas propostas enviadas por e-mail, correio convencional ou diretamente à Comissão Científica.

  • Serão aceitos no máximo 02 (dois) trabalhos por autor principal e não há limites para trabalhos em coautoria. Trabalhos que apresentem orientador(a) deverão incluí-lo(a) como coautor(a).

  • Todos os trabalhos aprovados serão apresentados na modalidade oral, em formato de roda de conversa. Não serão utilizados gráficos, tabelas, banner ou outros recursos visuais para a apresentação, este formato permitirá maior interação e participação dos(as) autores(as) e coautores(as) dos trabalhos nas rodas de conversa e maior compartilhamento entre os participantes. A dinâmica de manter apenas apresentações orais é uma iniciativa que valoriza a sustentabilidade, reduzindo a impressão de material gráfico e uso de tecnologias.

  • Somente estarão disponíveis para apresentação os trabalhos que, conforme regra da submissão, pelo menos um(a) dos(as) autores(as) estejam inscritos(as) no Colóquio. Qualquer um(a) dos(as) autores(as) e coautores(as) poderá representar o trabalho na atividade. 

  • Será emitido 01 (um) certificado por trabalho apresentado, onde constarão os nomes de todos(as) os(as) autores(as) e coautores(as).

  • Os(As) autores(as) e coautores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a Comissão Científica do III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde a publicar ou divulgar o resumo com a finalidade da socialização da produção científica apresentada no evento, em âmbito nacional, internacional e em todos os meios de comunicação, não cabendo qualquer pagamento por direito autoral. 

  • Os Resumos do III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde serão publicados posteriormente em livro a ser organizado pela Comissão Organizador.

2) Prazo para Submissões:

Os participantes interessados em submeter trabalhos devem preencher o formulário de submissão até as 23 horas e 59 minutos (horário de Brasília) do dia 21/07/2025. 

3) Normas para apresentação de resumos:

  • Os resumos devem ser submetidos no formulário eletrônico, que deve ser preenchido em todos os seus campos e não devem ser inseridos gráficos, tabelas ou outros recursos visuais, apenas redigir o texto. 

  • Os resumos poderão ser apresentados na forma de resumo simples ou resumo expandido.

4) Das modalidades e formatação:

Os trabalhos poderão ser enviados em forma de:

  • Resumo Simples: contendo no mínimo de 250 e o máximo de 500 palavras.

  • Citações e referências não devem ser inseridas nos resumos simples ou expandidos, considerando que o número de palavras é limitado.

  • O texto deve ser escrito em língua portuguesa, espanhola, francesa, inglesa ou italiana.

5) Os resumos deverão conter os seguintes elementos estruturais:

  • Tema - título;

  • Apresentação: do que trata o trabalho e o objetivo;

  • Desenvolvimento do trabalho: descrição da experiência ou método do estudo;

  • Resultados: os efeitos percebidos decorrentes da experiência, ou resultados esperados ou encontrados na pesquisa;

  • Considerações finais;

6) Dos critérios para aprovação:

  • O resumo deve respeitar as normas de submissão; 

  • O tema deve ser relevante para a temática do III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde;

  • O texto deve ser compreensível aos leitores, coerente e com encadeamento lógico entre os elementos estruturais; 

  • Os resumos devem ser originais e os(as) autores(as) e coautores(as) assumem a responsabilidade de que o trabalho não foi publicado anteriormente. A originalidade, na compreensão que orienta esse processo, diz respeito à um texto autoral (sem plágio e sem uso de recursos de inteligência artificial) e sem restrições de publicação por decorrência de publicação prévia.

  • Todos trabalhos recebidos serão submetidos a um sistema de verificação de similaridades, sendo a ocorrência de plágios um dos critérios para reprovação. Exceções se aplicam a produções que são frutos de trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses dos próprios autores.

  • Processos de Despatologização na Educação
  • Processos de Despatologização na Saúde

Comissão Organizadora:

Claudia Rodrigues de Freitas (UFRGS)
Elisandro Rodrigues (UFRGS/GHC)
Fabiane Romano de Souza Bridi (UFSM)
Leandra Bôer Possa (UFSM)
 

Comitê Científico:

Amanda Diehl (UFSM)
Anna Letícia Ventre (UFRGS)
Bianca Isabel Pederiva (UFRGS)
Carla Maciel da Silva (UFRGS)
Denise Ferreira da Rosa (UFSM)
Elisangela Reinheimer de Bittencourt (UFRGS)
Karen Moretti da Rosa (UFSM)
Karine Ribas Pereira (UFRGS)