O Corpo - objeto de exercício do poder - indissociável do sujeito, toma caráter intersectivo. Sob a ótica foucaultiana: o discurso, os saberes e a disciplina dominam as relações sociais à serventia dos interesses de grupos diversos. Nessas interações de poder surgem os discursos - expressões dos saberes dominantes - que definem os parâmetros sobre os quais nossos corpos serão avaliados. Nossas cicatrizes refletem uma história que só irá revelar-se sob o olhar do Outro. Para aqueles corpos que destoam da norma, inventamos as caixas da loucura, o poder disciplinar possui a tarefa de silenciar, excluir e punir todos os sujeitos sem utilidade produtiva. Historicamente, observamos a normalização do encarceramento das pessoas com deficiência, na tentativa de controlar a imprevisibilidade do comportamento desviante, isolamos o diferente em instituições que ao adotarem o discurso da cura, mascaram seu caráter punitivo e medicalizador. Neste trabalho, nos apropriamos, através da revisão bibliográfica, de uma seleção de textos que abordassem a temática a partir de palavras-chaves, como: “cárcere”, “sistema prisional”, “biopolítica”, “acessibilidade”, “encarceramento”, “capacitismo” “pessoas com deficiência”, “normatividade” e “duplo punitivismo”. Utilizamos como norteadores de exclusão abordagens que envolvessem cenários com especificidades restritas à certos marcadores sociais (raça, gênero, etnias, geolocalização...), perspectivas unidisciplinares e pesquisas qualitativas internacionais. A partir dessa revisão, objetivamos compreender a realidade do duplo punitivismo presente no encarceramento das pessoas com deficiência em território nacional. Nossa legislação mostra-se omissa ao constituir normas genéricas para as instituições prisionais, a população carcerária brasileira é a terceira maior do globo, a punição tornou-se a resolução rápida de problemas estruturais que cercam nosso cotidiano. A superlotação e as falhas no cuidado em saúde dentro do cárcere, são desafios que atingem toda a população, mas principalmente os corpos inutilizados pelo meio. Os espaços prisionais, tornam-se cada vez mais insalubres e consequentemente agravam o adoecimento psíquico, o que resulta no aumento da utilização de psicotrópicos. A medicalização desenfreada substitui a implementação de políticas públicas efetivas, as prisões modernas estão mais próximas dos manicômios, do que dos modelos de ressocialização. Ademais, a ausência de produções bibliográficas acerca da temática, evidencia o desinteresse para com esta parcela dos cidadãos brasileiros, o aprisionamento aparece como um recurso justificável para resolver a “anormalidade”. Evidencia-se então, o compromisso da comunidade acadêmica de tencionar os discursos do encarceramento em massa e compreender a população carcerária em sua complexidade e sua integralidade com o social, nos colocando lado a lado com a realidade intramuros.
O III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde aconteceu nos dias 24 a 26 de setembro de 2025 na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul sendo promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Educação/Faculdade de Educação/Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Programa de Pós-Graduação em Educação/Centro de Educação/Universidade Federal de Santa Maria contando com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superio (CAPES) através do edital de Programa de Apoio a Eventos no País (Edital PAEP nº 22/2024).
No ano de 2018, após ser contemplado pelo edital 35/2017 do Programa de Apoio a Eventos no País (PAEP), aconteceu o I Colóquio Processos de Despatologização na Educação e Saúde de forma presencial ocorrendo transmissão online para demais participantes do Brasil. Com o primeiro Colóquio essa rede aumentou e nos anos seguintes uma série de atividades foram realizadas culminando com a realização, em 2021, do II Colóquio Processos de Despatologização na Educação e Saúde de forma online. Contou com uma rede colaborativa para a realização que inclui o Núcleo de Estudos em Políticas de Inclusão Escolar (NEPIE/UFRGS); a Faculdade de Educação da UFRGS; a Associação Brasileira de Psicologia Escolar do Estado do Rio Grande do Sul; o Conselho Regional de Psicologia do Estado do Rio Grande do Sul; a Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas e a Rede Despatologiza.
Neste III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde nossa rede aumentou, buscando construir laços de internacionalização com outros países como Espanha, Portugal e Uruguai buscando a possibilidade de criação de uma Rede de Pesquisa Internacional.
Foram 66 trabalhando encaminhados sendo 58 aceitos para as Rodas de Conversa. Os trabalhos dizem da multiplicidade dos processos para se pensar na despatologização na educação e na saúde de diversas instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre; Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Universidade Federal de Santa Maria; Universidade Federal do Rio Grande; Centro de Estudo Superior Riograndense; Universidade do Vale do Taquari; Universidade de Santa Cruz do Sul; Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões; Universidade do Extremo Sul Catarinense; Escola Superior de Criciúma; Universidade Estadual do Paraná; Universidade Federal do Paraná; Universidade de São Paulo; Universidade de Brasília; Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
1) Informações Gerais:
O III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde espera receber resumos de trabalhos científicos de diferentes origens: artigos, dissertações, teses, pesquisas, relatos e/ou sistematização de experiências.
Os trabalhos inscritos serão analisados pela Comissão Científica e poderão ser selecionados para rodas de conversa que irão acontecer no dia 25 de setembro, na parte da tarde.
Os trabalhos poderão ser inscritos por professoras e professores da educação básica, alunas e alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadoras e pesquisadores das temáticas.
A inscrição dos trabalhos será feita, exclusivamente, pelo sistema de submissões da Plataforma Doity. Não serão aceitas propostas enviadas por e-mail, correio convencional ou diretamente à Comissão Científica.
Serão aceitos no máximo 02 (dois) trabalhos por autor principal e não há limites para trabalhos em coautoria. Trabalhos que apresentem orientador(a) deverão incluí-lo(a) como coautor(a).
Todos os trabalhos aprovados serão apresentados na modalidade oral, em formato de roda de conversa. Não serão utilizados gráficos, tabelas, banner ou outros recursos visuais para a apresentação, este formato permitirá maior interação e participação dos(as) autores(as) e coautores(as) dos trabalhos nas rodas de conversa e maior compartilhamento entre os participantes. A dinâmica de manter apenas apresentações orais é uma iniciativa que valoriza a sustentabilidade, reduzindo a impressão de material gráfico e uso de tecnologias.
Somente estarão disponíveis para apresentação os trabalhos que, conforme regra da submissão, pelo menos um(a) dos(as) autores(as) estejam inscritos(as) no Colóquio. Qualquer um(a) dos(as) autores(as) e coautores(as) poderá representar o trabalho na atividade.
Será emitido 01 (um) certificado por trabalho apresentado, onde constarão os nomes de todos(as) os(as) autores(as) e coautores(as).
Os(As) autores(as) e coautores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a Comissão Científica do III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde a publicar ou divulgar o resumo com a finalidade da socialização da produção científica apresentada no evento, em âmbito nacional, internacional e em todos os meios de comunicação, não cabendo qualquer pagamento por direito autoral.
Os Resumos do III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde serão publicados posteriormente em livro a ser organizado pela Comissão Organizador.
2) Prazo para Submissões:
Os participantes interessados em submeter trabalhos devem preencher o formulário de submissão até as 23 horas e 59 minutos (horário de Brasília) do dia 21/07/2025.
3) Normas para apresentação de resumos:
Os resumos devem ser submetidos no formulário eletrônico, que deve ser preenchido em todos os seus campos e não devem ser inseridos gráficos, tabelas ou outros recursos visuais, apenas redigir o texto.
Os resumos poderão ser apresentados na forma de resumo simples ou resumo expandido.
4) Das modalidades e formatação:
Os trabalhos poderão ser enviados em forma de:
Resumo Simples: contendo no mínimo de 250 e o máximo de 500 palavras.
Citações e referências não devem ser inseridas nos resumos simples ou expandidos, considerando que o número de palavras é limitado.
O texto deve ser escrito em língua portuguesa, espanhola, francesa, inglesa ou italiana.
5) Os resumos deverão conter os seguintes elementos estruturais:
Tema - título;
Apresentação: do que trata o trabalho e o objetivo;
Desenvolvimento do trabalho: descrição da experiência ou método do estudo;
Resultados: os efeitos percebidos decorrentes da experiência, ou resultados esperados ou encontrados na pesquisa;
Considerações finais;
6) Dos critérios para aprovação:
O resumo deve respeitar as normas de submissão;
O tema deve ser relevante para a temática do III Colóquio Processos de Despatologização na Educação e na Saúde;
O texto deve ser compreensível aos leitores, coerente e com encadeamento lógico entre os elementos estruturais;
Os resumos devem ser originais e os(as) autores(as) e coautores(as) assumem a responsabilidade de que o trabalho não foi publicado anteriormente. A originalidade, na compreensão que orienta esse processo, diz respeito à um texto autoral (sem plágio e sem uso de recursos de inteligência artificial) e sem restrições de publicação por decorrência de publicação prévia.
Todos trabalhos recebidos serão submetidos a um sistema de verificação de similaridades, sendo a ocorrência de plágios um dos critérios para reprovação. Exceções se aplicam a produções que são frutos de trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses dos próprios autores.
Comissão Organizadora:
Claudia Rodrigues de Freitas (UFRGS)
Elisandro Rodrigues (UFRGS/GHC)
Fabiane Romano de Souza Bridi (UFSM)
Leandra Bôer Possa (UFSM)
Comitê Científico:
Amanda Diehl (UFSM)
Anna Letícia Ventre (UFRGS)
Bianca Isabel Pederiva (UFRGS)
Carla Maciel da Silva (UFRGS)
Denise Ferreira da Rosa (UFSM)
Elisangela Reinheimer de Bittencourt (UFRGS)
Karen Moretti da Rosa (UFSM)
Karine Ribas Pereira (UFRGS)