Este trabalho se apoia em estudos que integram as relações de gênero aos estudos migratórios, visando entender experiências específicas da mulher migrante no mercado de trabalho, considerando discriminações interseccionadas ao longo do processo migratório. O objetivo geral é identificar a natureza das dificuldades e reconhecer, sob uma lente interseccional, em que medida o cruzamento dos eixos discriminatórios de sexo, origem racial e étnica, classe social e condição de imigrante intensificam as barreiras à inserção no mercado de trabalho alemão para as mulheres brasileiras qualificadas. Para este fim, a investigação concentra-se no caso de mulheres credenciadas com títulos de educação superior, em idade ativa, que possuem experiência profissional prévia ao processo migratório, identificando dificuldades que se traduzem em frustações e desistências, aceitação forçada de empregos abaixo da qualificação ou opção coagida pelo empreendedorismo. O desenvolvimento da pesquisa foi realizado a partir de revisão de literatura bibliográfica, levantamento de dados estatísticos, aplicação de 74 questionários online e a realização de 11 entrevistas estruturadas. A partir deste estudo, infere-se que a migração acarretou às mulheres analisadas a perda da autonomia, a mobilidade de classe descendente e interseccionalidades na inserção ao mercado trabalho local. Confirmam-se a invalidação de qualificações e experiências laborais prévias à migração, a existência de outros obstáculos de caráter discriminatório e a sobrequali?cação na distribuição ocupacional deste grupo de imigrantes.
Comissão Organizadora
Victor Barros
Comissão Científica
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