A palavra xenofobia é originária da união das raízes do grego xenos (estrangeiro) e phóbos (medo), e definida como aversão ou rejeição a pessoas ou coisas que não são de um local específico. No contexto acadêmico e social, pode se manifestar como repulsa ou agressividade física e emocional contra quem é considerado não-originário de um determinado território e/ou nacionalidade, culminando em práticas discriminatórias e violentas. Em alguns países, como o Brasil, a xenofobia é crime previsto em lei; em outros, como Portugal, não há uma legislação específica contra essa prática.
Appadurai (2009), Eco (2020), Sayad (1998) e Hall (2005) revelam a relação intrínseca entre xenofobia e identidades culturais, laborais, nacionais, religiosas, entre outras. Para esses autores, aspectos relacionados a gênero, raça, etnia, colonialismo, capitalismo e neoliberalismo influenciam diretamente a propagação desse fenômeno que, em última instância, corrobora com questões mais amplas de violência e exclusão e injustiça sociais.
Nesse contexto, o presente trabalho tem foco na migração conhecida como migração estudantil (ou, em alguns casos, diáspora acadêmica). Busca-se explorar como ações de características xenófobas surgem e são reveladas a partir das interações entre estudantes brasileiros e portugueses em situação de pertencimento e compartilhamento de vivências e experiências proporcionadas pelo ambiente acadêmico comum.
De abordagem qualitativa, parte-se de análise, de caráter exploratório, de 14 entrevistas semiestruturadas realizadas em 2023 com estudantes brasileiros migrantes, matriculados em nove universidades portuguesas, no nível da graduação e pós-graduação. Além disso, foi feito uma contextualização da situação, a partir de breve análise de reportagens publicadas em portais noticiosos, entre dezembro e janeiro de 2024.
Entre os principais resultados, destaca-se que a xenofobia contra brasileiros é uma realidade nas universidades portuguesas pesquisadas, com impactos significativos na experiência migratória, ainda que esta tenha sido planejada, desejada e se dê em condições seguras, ordenadas e regulares. No caso dos estudantes, mesmo que haja uma situação, teoricamente, de “igualdade” entre brasileiros e portugueses – se relacionada ao nível de formação / educação –, as identidades nacionais envolvidas e o passado colonialista comum entre os dois países são fatores decisivos de influência nesses tipos de ação.
Comissão Organizadora
Victor Barros
Comissão Científica
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