O Brasil tem se constituído como uma das principais rotas dos fluxos migratórios internacionais em que movimentos sociais, organizações não-governamentais e pesquisadores de universidades demandam uma ação do Estado e a responsabilidade do poder público para o atendimento das populações de diferentes procedências. Nesse contexto, a sobrevivência de migrantes e refugiados no país ainda é marcada por políticas segregacionistas, discriminatórias e desalinhadas dos princípios e das bases dos Direitos Humanos. As barreiras linguísticas e socioculturais presentes em diferentes espaços, incluindo os serviços públicos, representam um desafio constante na sociedade brasileira. Esta pesquisa tem como objetivo principal mapear as vivências de migrantes e refugiados na experimentação das cidades, nos equipamentos públicos e nos serviços de resposta às crises humanitárias implementados no Brasil. Baseia-se este estudo em entrevistas semi-estruturadas com migrantes, refugiados e profissionais da saúde e da educação, sobretudo da cidade de São Paulo. O material empírico emergiu de cartografia, observação participante e diário de bordo do professor-pesquisador com as ações interculturais entre criança-criança, adulto-criança e adulto-adulto. É preciso intensificar a construção de políticas de acolhimento nos diversos setores da sociedade brasileira, de maneira que pessoas migrantes e refugiadas consigam participar da elaboração coletiva de ações, horizontalizando, por exemplo, o alcance das políticas educacionais. Há de se dizer que a participação desta população envolve trocas recíprocas, permeadas por ações interculturais voltadas a responder a crises humanitárias.
Comissão Organizadora
Victor Barros
Comissão Científica