Os apátridas haitianos na República Dominicana representam uma comunidade marginalizada e vulnerável, cuja situação é resultado de complexos fatores históricos, políticos e sociais. A apatridia, ou a condição de não ter nacionalidade legalmente reconhecida por nenhum país, tem sido um problema persistente para muitos haitianos que migraram para a República Dominicana em busca de melhores condições de vida. A presença significativa de haitianos na República Dominicana remonta a décadas, impulsionada por fatores como pobreza extrema, desastres naturais e instabilidade política em seu país de origem. Muitos haitianos encontraram trabalho em setores como agricultura, construção civil e serviços domésticos na República Dominicana, contribuindo para a economia do país. No entanto, a questão da nacionalidade e cidadania para os haitianos na República Dominicana tornou-se cada vez mais problemática, especialmente após uma decisão controversa do Tribunal Constitucional Dominicano em 2013, que retroativamente privou milhares de descendentes de haitianos nascidos na República Dominicana do direito à cidadania dominicana. Isso resultou em uma crise humanitária, onde muitos haitianos e seus descendentes se viram sem nenhum reconhecimento legal de sua nacionalidade, tornando-os efetivamente apátridas. Os desdobramentos dessa apatridia são vastos e preocupantes. Os apátridas enfrentam discriminação generalizada, dificuldades de acesso a serviços básicos como saúde e educação, exploração laboral e a ameaça constante de detenção e deportação. Muitos vivem em condições de extrema pobreza e vulnerabilidade, sem proteção legal ou apoio do Estado. Organizações internacionais de direitos humanos têm denunciado repetidamente a situação dos apátridas haitianos na República Dominicana, pedindo ao governo dominicano que respeite os direitos humanos dessas pessoas e tome medidas para resolver sua condição de apatridia. No entanto, apesar da pressão internacional, a situação continua sem solução, deixando muitos haitianos e seus descendentes presos em um limbo legal e enfrentando graves violações de direitos humanos.
Comissão Organizadora
Victor Barros
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