A ética nas relações entre docentes e discentes no ambiente universitário é um tema de crescente complexidade e relevância contemporânea. Frequentemente mencionada sem critérios claros, a ética se torna crucial frente às ameaças globais representadas pelos estilos de vida atuais. Assim, sua discussão transcende os muros acadêmicos, abrangendo as interações humanas cotidianas. Este estudo visa explorar a construção de uma ética relacional na universidade, onde a interação entre docentes e discentes desempenha um papel fundamental. A ética, entendida aqui como uma busca pelo sentido da vida, se desenvolve nas interações e práticas universitárias. Utilizando a Teoria do Construcionismo Social como base teórica, argumenta-se que a realidade e os significados são produtos sociais, moldados pelas interações diárias, o que implica na rejeição de conceitos universais. Originada nos anos 1980, essa teoria enfatiza a construção social da realidade, onde a linguagem desempenha um papel central na atribuição de significados. Ao adotar uma perspectiva antiesencialista e antirrealista, destaca-se a interdependência entre sujeito e objeto, demandando uma abordagem que considere as práticas sociais e contextuais para a compreensão dos fenômenos sociais. Assim, este estudo propõe reflexões orientadas para uma ação ética nas relações entre docentes e discentes: primeiro, a relação educativa deve fundamentar-se na experiência humana e na co-construção de significados, não limitando-se ao discurso acadêmico. Segundo, é crucial que essa relação seja autêntica, reconhecendo os conflitos como elementos naturais das interações humanas, ao invés de idealizá-las como livres de problemas. Terceiro, a ambivalência emocional deve ser compreendida como uma característica intrínseca à natureza humana, e não como algo a ser eliminado. Quarto, o significado da educação e das relações educativas é construído na prática, e não predeterminado. Por fim, interpretar um problema não equivale a entendê-lo; a verdadeira compreensão requer uma ação ética contextualizada e engajada. Em conclusão, este estudo convida à reflexão sobre a ética nas relações educacionais, defendendo que a educação, como uma experiência humana, deve centrar-se na construção coletiva e dinâmica de significados. Essa construção é sustentada pelo diálogo contínuo e pela interação, reconhecendo a importância dos conflitos e das ambivalências que são inerentes às relações humanas.
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Victor Barros
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