Na última década, o protagonismo do êxodo venezuelano em direção aos países latino-americanos estabeleceu as migrações internacionais como um tema comum no debate político dos países envolvidos como Colômbia, Peru e Brasil. No âmbito nacional brasileiro, o aumento do número de venezuelanos na cidade de Pacaraima causou preocupações humanitárias e securitárias, motivando a realização de um plano de gestão migratória e interiorização representado pela Operação Acolhida. Ao mesmo tempo, as migrações venezuelanas são parte de um contexto mais amplo de redefinição dos papéis migratórios internacionais, de maior protagonismo dos fluxos de migração Sul-Sul e do desenvolvimento das práticas de externalização das fronteiras, ações extraterritoriais que expandem o efeito das fronteiras dos países recebedores com o objetivo de restringir a entrada de imigrantes indesejáveis. O objetivo da pesquisa é inserir a política doméstica brasileira de controle dos fluxos migratórios venezuelanos dentro do panorama geral das migrações transnacionais, entendendo de que forma as práticas de externalização das fronteiras impactam a gestão migratória nos países do Sul Global e, mais especificamente, na resposta brasileira à imigração venezuelana. Para isso, propõe-se uma revisão da bibliografia sobre o tema juntamente com a identificação do caráter das migrações venezuelanas a partir da utilização de dados do SISMIGRA/OBMIGRA e do Programa de Interiorização do governo brasileiro. Além disso, o trabalho também considera como objeto de pesquisa os aspectos da contribuição organizacional e financeira de organismos internacionais e órgãos militares, presentes na gestão migratória e condução dos imigrantes interiorizados, analisados como elementos nas práticas de externalização.
Comissão Organizadora
Victor Barros
Comissão Científica