A complexidade dos movimentos migratórios transnacionais no século XXI demanda um olhar para transformações econômicas, tecnológicas e nas relações de trabalho (Castells, 2010), assim como, para as distintas temporalidades, espacialidades e composição populacional dos fluxos populacionais, permeados por modalidades migratórias que se sobrepõem (Wenden, 2001). Dicotomias como espaços de origem e de destino dão lugar ao trânsito e a uma maior rotatividade da população no espaço (Baeninger, 2012), ao mesmo tempo em que, avanços no campo tecnológico, informacional e nos meios de transporte permeiam a mobilidade internacional do capital e do trabalho em um contexto de reestruturação produtiva e organizacional (Harvey, 1992). Diante disso, este trabalho tem por objetivo analisar as migrações Norte-Sul a partir dos fluxos migratórios recentes de portugueses para o Brasil e de sua presença no mercado de trabalho formal nacional. Apreende-se, com isso, distintas seletividades migratórias, a heterogeneidade dos fluxos e dos processos em curso, conexões entre dinâmicas locais e globais, bem como, elementos que caracterizam a relação entre a migração, as transformações mundo do trabalho e o lugar de Portugal e do Brasil nas cadeias globais de produção (Castles, Wise, 2008). O estudo se desenvolve a partir de uma análise descritiva de registros administrativos da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho brasileiro (RAIS/MTE), de modo a apreender o cenário de mudanças na composição, temporalidade e espacialidade das migrações Norte-Sul tendo como exemplo o caso dos fluxos de Portugal para o Brasil e a inserção na estrutura socio-ocupacional desses imigrantes no país, permeada por mudanças que reflexem a recomposição sociodemográfica, a flexibilização dos vínculos de trabalho e os diferenciais regionais desse fluxo no período de 2002 a 2022.
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Victor Barros
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