Experimentações da Psicologia Escolar em tempo de pandemia: relato das práticas de estágio em escolas públicas municipais no interior da Bahia.
RESUMO
Palavras Chave: psicologia escolar e educacional, pandemia, estágio
A escola é um local privilegiado para a materialização da educação em nossa sociedade, sendo assim assume um papel fundamental para a organização comunitária. Nesse sentido, a suspensão das atividades escolares presenciais em todo país - advindas das medidas de prevenção e combate ao contágio por Covid-19 - afetou não apenas o processo ensino aprendizagem, mas toda uma cadeia de relações afetivas, sociais e materiais vinculadas ao âmbito das políticas educacionais. Tais desafios não podem ser desconsiderados na formação de profissionais de psicologia escolar e educacional que necessitam refletir, analisar e propor estratégias que contribuam para o enfrentamento de adversidades produzidas neste contexto. Deste modo, propõe-se apresentar um relato das experiências construídas por estagiárias de psicologia em escolas públicas localizadas em uma cidade do Sul da Bahia considerando-se que todas as atividades foram desenvolvidas na modalidade de ensino remota. O Estágio Básico em Espaços Coletivos e Grupais do curso de Psicologia da Universidade Federal do Sul da Bahia foi realizado no período de Junho a Agosto de 2021 sob orientação docente. Participaram das atividades oito estudantes do curso distribuídas em duplas em quatro escolas públicas municipais de ensino fundamental. Diante da impossibilidade de contato presencial com os atores escolares foram agendadas reuniões com as gestoras escolares via plataforma do Google Meet com o propósito de estabelecer vínculos e iniciar uma aproximação com a realidade escolar. Também foi criado um questionário online para ser replicado via Whatsapp a toda comunidade escolar na intenção de conhecer a percepção dos diferentes atores sobre o papel da psicologia neste contexto, bem como sugestões de contribuições para o campo educacional. A partir destes dispositivos foi possível pactuar a indicação de supervisoras locais que fizeram a intermediação semanal das estagiárias com as necessidades da escola. A princípio esse contato resumia-se a demandas de atendimentos individuais de cunho psicoterapêutico. Contudo, foram construídas pelas estagiárias - após discussões teóricas nas orientações acadêmicas - estratégias que contribuíram para o rompimento de uma visão estereotipada da psicologia no campo escolar. Foram produzidos vídeos e cards explicativos sobre o papel da psicologia e divulgados nas redes sociais dos diferentes atores escolares. Foi também solicitado que cada estagiária pudesse estar inserida nos grupos de Whatsapp de familiares e estudantes para aumentar o envolvimento com o cotidiano vivenciado na modalidade remota. A partir da realidade de cada estabelecimento de ensino foram sendo construídas rodas de conversa virtuais com docentes, discentes ou familiares. De modo geral, as docentes destacaram os desafios do trabalho remoto, o comprometimento da aprendizagem e o receio do retorno presencial. As discentes destacaram a importância da escola como espaço de socialização e avaliaram positivamente ações que valorizem sua participação. As atividades propostas para as famílias tiveram pouca adesão, o que necessitará ser melhor analisado e revisto. Conclui-se que, mesmo diante tantas barreiras, as atividades construídas dentro de uma perspectiva crítica em Psicologia Escolar e Educacional mostraram-se potentes ferramentas para ampliar os espaços de trocas e interação no contexto escolar em tempo de isolamento e distanciamento social.
Ao longo dos anos os campos de práticas em Psicologia vêm se ampliando e alcançando os mais variados âmbitos, principalmente se considerarmos os avanços das políticas sociais, bem como o atual quadro de retrocessos enfrentados na presente conjuntura de crise social e política que, por sua vez, influencia direta ou indiretamente nos espaços em que a psicologia ocupa.
Atualmente, as políticas públicas se configuram como o espaço de grande inserção desses profissionais, como discutido por Mandelbaum (2012) que vê o campo social como “território fértil”, um verdadeiro laboratório para a produção em Ciências Humanas, uma vez que cada vez mais o social e o psicológico são concebidos de modo indissociável.
Com o objetivo de visibilizar práticas ligadas à psicologia e políticas públicas, bem como de interiorizar e desse modo divulgar o que tem sido proposto e desenvolvido no estado baiano, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), órgão operacional do Conselho Regional de Psicologia 3ª região (CRP-03), tem procurado construir espaços coletivos de discussão, convocando a categoria e os estudantes de Psicologia a repensarem seus papéis nas políticas públicas e assim potencializar os espaços de atuação em todas as suas instâncias.
A Mostra de Práticas em Psicologia e Políticas Públicas concretiza esse papel. Desde sua primeira edição, em 2016, agrega trabalhos de todo o estado da Bahia, evidenciando a pluralidade do fazer psi nesse território.
Em sua terceira edição, a Mostra celebrou os 15 anos do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) na Bahia e pautou os seguintes eixos temáticos nos trabalhos submetidos e nos debates da programação em geral: a) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQI+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO; b) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS; c) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO; d) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE; e) PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; f) PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA; g) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TR NSITO; h) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES; i) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19.
ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Gabriela Evangelista Pereira
COMISSÃO ORGANIZADORA
Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
AVALIADORAS/ES
Ailena Júlie Silva Conceição
Alana Oliveira Cintra Pedreira
Ana Caroline Moura Cabral
Candice Santana Souza de Oliveira
Carmem Virgínia Moraes da Silva
Cintia Palma Bahia
Claudson Cerqueira Santana
Denise Viana Silva
Gabriela Evangelista Pereira
Giuliano Almeida Gallindo
Glória Maria Machado Pimentel
Iara Maria Alves da Cruz Martins
Jaqueline de Lima Braz Santos
Lara Araújo Roseira Cannone
Lívia Guimarães Farias
Luana Souza Barros Palmeira
Mailson Santos Pereira
Monaliza Cirino de Oliveira
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Renan Vieira de Santana Rocha
Rodrigo Márcio Santana
Ruthe Castro de Aquino Pinheiro
Silier Andrade Cardoso Borges
Thais Santos Ouais
Thaís Teixeira Cardoso
Tiago Ferreira da Silva
Valdineia Aragao dos Santos
Vanina Miranda da Cruz
Washington Luan Gonçalves de Oliveira
Equipe CREPOP:
crepop03@crp03.org.br