O campo da Saúde Mental referencia uma lógica complexa e multifacetada, entrelaçada a várias áreas de conhecimento. Dentro deste, é possível entender o cuidado como sinônimo de acolhimento, diálogo, produção de novas subjetividades, bem como incentivo do pensamento crítico. Também, a fins teórico-metodológicos, esta prática social pode ser classificada da seguinte forma: a) cuidado formal, que diz respeito àquele realizado por um profissional equipado por saberes teórico-técnicos específicos; b) informal, no qual o cuidado costuma ser designado a família ou a comunidade, que presta algum tipo de assistência a pessoas que deste necessitam e; c) misto, que concerne à combinação dos dois tipos de cuidado anteriores. Posto isso, realizou-se uma revisão bibliográfica com o objetivo de investigar como se dá o cuidado em saúde mental infantojuvenil no contexto brasileiro a partir da produção científica, além de analisar os diferentes atores sociais que desempenham esse papel. Para esse fim, utilizaram-se os descritores ‘saúde mental infantil’ e ‘saúde mental infantojuvenil’ nas bases de dados SCIELO, PEPSIC e BVS-PSI, em português, com o recorte de 2010 a 2020. Foram selecionados artigos que contemplassem os critérios de inclusão: 1) produções nacionais com foco em práticas e estratégias de cuidado em saúde mental infantojuvenil, que poderiam ser formal, informal ou misto; e 2) sem restrição de metodologia, desde que abordasse a temática, poderia ser quantitativa, qualitativa ou mista. Como critérios de exclusão, não foram selecionados: 1) artigos que não tivessem como foco a dimensão da prática, mas sim aspectos associados tais como percepções, opiniões e crenças sobre saúde mental; 2) produções não nacionais. Ao total, foram catalogadas 178 produções e, após análise, 27 artigos foram selecionados e classificados de acordo com a forma de cuidado que abordavam. Assim, 23 (vinte e três) artigos aproximam-se da concepção de cuidado formal, 2 (duas) publicações se voltavam para o cuidado informal em saúde mental, ao passo que 2 (dois) artigos abordam ambas as formas de cuidado, sendo alocados em uma categoria denominada mista. De modo geral, um dos resultados da pesquisa apontou para a hegemonia dos cuidados formais desenvolvidos pelo sistema de saúde como objeto de estudo, principalmente, realizados no contexto do Centro de Atenção Psicossocial para Infância e Adolescência (CAPS IA). Ademais, é marcada a tendência na produção científica dos últimos anos em priorizar a perspectiva de valorização do cuidado em rede, integral e interdisciplinar em detrimento do viés individualista e medicalizador. Porém, apesar de existirem diretrizes e orientações acerca do cuidado infantojuvenil, a sua prática ainda carece de fluidez e praticidade, evidenciando uma possível fragilidade nas Redes de Atenção Psicossocial (RAPS). Também são notórios relatos da importância da participação da família no cuidado em saúde mental, enfatizando a criação de estratégias capazes de envolver o núcleo familiar em todo o processo de cuidado. Vale ressaltar que, dentre os artigos selecionados, apenas 2 (dois) foram produzidos no território baiano, evidenciando uma possível lacuna de produção no campo. Enfatiza-se, portanto, a importância do fomento a produções regionais que evidenciem as diferenças socioculturais subjacentes ao cuidado em saúde mental.
Ao longo dos anos os campos de práticas em Psicologia vêm se ampliando e alcançando os mais variados âmbitos, principalmente se considerarmos os avanços das políticas sociais, bem como o atual quadro de retrocessos enfrentados na presente conjuntura de crise social e política que, por sua vez, influencia direta ou indiretamente nos espaços em que a psicologia ocupa.
Atualmente, as políticas públicas se configuram como o espaço de grande inserção desses profissionais, como discutido por Mandelbaum (2012) que vê o campo social como “território fértil”, um verdadeiro laboratório para a produção em Ciências Humanas, uma vez que cada vez mais o social e o psicológico são concebidos de modo indissociável.
Com o objetivo de visibilizar práticas ligadas à psicologia e políticas públicas, bem como de interiorizar e desse modo divulgar o que tem sido proposto e desenvolvido no estado baiano, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), órgão operacional do Conselho Regional de Psicologia 3ª região (CRP-03), tem procurado construir espaços coletivos de discussão, convocando a categoria e os estudantes de Psicologia a repensarem seus papéis nas políticas públicas e assim potencializar os espaços de atuação em todas as suas instâncias.
A Mostra de Práticas em Psicologia e Políticas Públicas concretiza esse papel. Desde sua primeira edição, em 2016, agrega trabalhos de todo o estado da Bahia, evidenciando a pluralidade do fazer psi nesse território.
Em sua terceira edição, a Mostra celebrou os 15 anos do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) na Bahia e pautou os seguintes eixos temáticos nos trabalhos submetidos e nos debates da programação em geral: a) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQI+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO; b) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS; c) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO; d) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE; e) PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; f) PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA; g) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TR NSITO; h) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES; i) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19.
ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Gabriela Evangelista Pereira
COMISSÃO ORGANIZADORA
Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
AVALIADORAS/ES
Ailena Júlie Silva Conceição
Alana Oliveira Cintra Pedreira
Ana Caroline Moura Cabral
Candice Santana Souza de Oliveira
Carmem Virgínia Moraes da Silva
Cintia Palma Bahia
Claudson Cerqueira Santana
Denise Viana Silva
Gabriela Evangelista Pereira
Giuliano Almeida Gallindo
Glória Maria Machado Pimentel
Iara Maria Alves da Cruz Martins
Jaqueline de Lima Braz Santos
Lara Araújo Roseira Cannone
Lívia Guimarães Farias
Luana Souza Barros Palmeira
Mailson Santos Pereira
Monaliza Cirino de Oliveira
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Renan Vieira de Santana Rocha
Rodrigo Márcio Santana
Ruthe Castro de Aquino Pinheiro
Silier Andrade Cardoso Borges
Thais Santos Ouais
Thaís Teixeira Cardoso
Tiago Ferreira da Silva
Valdineia Aragao dos Santos
Vanina Miranda da Cruz
Washington Luan Gonçalves de Oliveira
Equipe CREPOP:
crepop03@crp03.org.br